Alexandre Kalil é uma figura controversa do futebol brasileiro, capaz de despertar amor e ódio no torcedor. Sua relação com o Atlético-MG, clube que presidiu de 2008 a 2014, é alimenta ainda mais esses sentimentos distintos. Quando concede entrevista, quase sempre dá declarações polêmicas, que se permeiam em bate-papos dos torcedores. Na noite dessa quarta-feira (3) não foi diferente.

Ao programa “Bola da Vez”, da ESPN Brasil, o atual prefeito de Belo Horizonte relembrou o ‘time cascudo’ do Atlético que venceu a Copa Libertadores de 2013 e destacou a presença de atletas experientes. Para ilustrar sua análise, o ex-cartola afirmou que equipes que contêm “jogadores bonzinhos” não conseguem conquistar títulos.

Naquele time dos sonhos do Atlético não tinha menino, não; só tinha casca-grossa e cara velho”, bradou Kalil. “Tinha o Bernard... Minha zaga era Leonardo Silva e Réver, [tinha] Richarlyson, Donizete, Ronaldinho, Tardelli, Josué... Era time cascudo, mais velho. Time de anjinho, de cara bonzinho, disciplinado e novinho não ganha nada. Mas eu tive que aprender”.

Um jogador “cascudo” citado por Kalil ganhou mais enfoque: Ronaldinho Gaúcho. O agora ex-atleta, que ajudou o Galo a conquistar a Libertadores de 2013 e a Copa do Brasil de 2014, recebeu inúmeros elogios do prefeito da capital mineira. Mas a trajetória de R10 pelo time alvinegro poderia ter sido interrompida precocemente.

Ronaldinho em ação pelo Atlético-MG (Foto: Chris Brunskill Ltd/Getty Images)
Ronaldinho em ação pelo Atlético-MG no Mundial de Clubes de 2013 (Foto: Chris Brunskill Ltd/Getty Images)

Ele nunca me desafiou. Ele chegou atrasado e eu tinha combinado com ele que não tinha comigo. Aconteceu pela primeira vez e eu o mandei embora. Aí, os jogadores se reuniram, pediram para ele ficar, uma história chata, longa, que envolve muita gente atleticana até hoje. Os jogadores me chamaram, junto com ele, e pediram para eu dar uma chance a ele, e eu dei. Eu lembro que isso foi num sábado, antes do jogo contra o Vasco. Ele só faltou chover [naquela partida], acabou com o jogo”, contou Kalil.

“Eu não gosto de Seleção Brasileira, não assisto jogo de Seleção Brasileira, não me interessa” - Alexandre Kalil

Ele é um cara bacana, que deu muitas alegrias para nós. É diferente do que todo mundo pensa. Ele tem seus problemas, seus defeitos... Mas o que eu vi o Ronaldinho fazer no Atlético, ninguém mais fez”, acrescentou.

Sem papas na língua, Kalil admitiu que nunca gostou de acompanhar e assistir jogos da Seleção Brasileira. Porém, quando há jogadores do Atlético em campo pela Canarinho, ele deixa o rancor de lado e liga a TV para prestigiar.

Ao comentar sobre a goleada de 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil, no Mineirão, na semifinal da Copa do Mundo de 2014, Kalil defendeu a ideia de que a presença de Ronaldinho no gramado – R10 não foi convocado para disputar o Mundial – evitaria o massacre. “Com ele em campo, não tinha alemão com coragem para meter sete no Brasil, não”, destacou.

Cruzeiro x time do capeta

Em agosto, o meia-atacante Luan, do Atlético-MG, polemizou ao dizer que o maior rival do Atlético-MG não é o Cruzeiro, mas o Flamengo. O assunto rendeu em Minas Gerais, e, quando Raposa e Urubu se classificaram à final da Copa do Brasil, torcedores cruzeirenses começaram a relembrar a declaração do jogador. Kalil discorda de Luan. Ele foi taxativo: torcedor atleticano não torce para o time celeste, e vice-versa.

Não põe a rivalidade com o Cruzeiro no patamar do Flamengo. Não tem nem cabimento. No dia que um cruzeirense dizer que ‘ah, eu torci pelo Atlético porque ele jogou contra o...’ é mentira. Se jogar contra o capeta, nós vamos torcer para o capeta. Então, não minta para mim ao dizer que ninguém torce para o Atlético nem para o Cruzeiro jogando contra o capeta, o time do inferno”, sublinhou.