Desde a conquista do bicampeonato da Libertadores, 22 anos se passaram. Vivo na memória dos gremistas, porém, estão as conquistas de dois anos vitoriosos na história do clube: 1995 e 1996. Mas em meio a tantos triunfos, um dos mais amargos e surpreendentes embates passou-se em Cali, na Colômbia.

Na época, o time que havia vencido a competição no ano anterior, batendo o Atlético Nacional na grande final por 2 a 0, também fazia boa campanha no Campeonato Brasileiro, que viria a conquistar mais tarde no ano.

Mas as atenções estavam viradas para a Libertadores, onde o Grêmio tentaria conquistar o bicampeonato, e já estava muito bem encaminhado. Por ser o atual campeão, o time começou diretamente nas oitavas de final, e teve certa facilidade ao passar do Botafogo e do Corinthians.

No caminho do time de Luiz Felipe Scolari, então, restava o América de Cali. Seria o último adversário antes de uma final para tentar reter o título, contra River Plate ou contra o Universidad de Chile.

Goiano de falta e vantagem mínima

Com público de 37.500 em pleno 5 de junho de 1996 no Estádio Olímpico, a partida de ida seria de um América totalmente recuado e buscando o contra-ataque, deixando toda a responsabilidade para o Tricolor. Jogo típico de Copa Libertadores.

Cruzando diversas bolas para a área, os laterais Arce Roger eram os mais participativos no jogo, embora os levantamentos mais consagrassem a zaga colombiana do que o centroavante Jardel.

Ainda no primeiro tempo, o time de Felipão foi capaz de furar a barreira: aos 31', Luis Carlos Goiano cobrou falta no meio do gol. Mesmo bem colocado, o goleiro Óscar Córdoba não conseguiu enxergar e acabou aceitando o gol da vantagem gaúcha.

Antes mesmo do apito do juiz, a única boa chance do Tricolor até o final da partida seria mesmo na primeira etapa. Aílton cobrou falta na cabeça de Jardel, que testou no travessão. No rebote da jogada, Paulo Nunes bateu rasteiro e o arqueiro pegou. Uma atuação tranquila dos colombianos na segunda etapa garantiu que o placar terminasse apenas 1 a 0 para o Grêmio.

De virada, vem a queda inesperada

Sete dias após o jogo de ida, era a vez do Estádio Pascual Guerrero receber 40.000 pessoas na semifinal da Libertadores. Com ruas de fogo e muita festa da torcida, os jogadores do América de Cali eram recebidos como heróis, e sentiram o clima ao entrar em campo.

Mesmo assim, quem saiu na frente foi o Grêmio. Em uma linda jogada ensaiada de falta, Paulo Nunes apareceu saindo de trás da barreira para receber e cruzar rasteiro. Jardel estava lá para conferir e aumentar a vantagem do Tricolor no agregado.

Alguns minutos depois, porém, a zaga do time gaúcho teve uma grande desatenção na saída de bola, e os donos da casa recuperaram. Haviam três jogadores sozinhos na área de Danrlei, que não pôde evitar o gol de Bermúdez.

No começo da segunda etapa, aproveitando-se de contra-ataques nas subidas do time da casa, Paulo Nunes quase fez o segundo, quando recebeu lançamento de Roger e dominou girando, batendo alto para defesa de Óscar Córdoba.

Depois do lance, veio o apagão: poucos minutos depois, o time de Cali contra-atacou e chegou ao gol da virada com Escobar, que aproveitou uma falha inacreditável de Goiano Rivarola. Um chutou em cima do outro e a bola sobrou para o atacante colombiano, que não perdoou.

Nos minutos seguintes, um bombardeio para cima de Danrlei, que seguia a salvar o Grêmio. Mesmo com grande atuação do arqueiro tricolor, o gol da desclassificação veio aos 36', quando o escanteio foi cobrado no primeiro poste e Bermúdez marcou o segundo dele na partida, eliminando o tricolor.