O Campeonato Carioca está quase no fim e nada mais emocionante que os quatro grandes se enfrentando por uma vaga nas finais. Botafogo e Flamengo estarão novamente em lados opostos brigando por um lugar na finalíssima. No turno passado, os clubes também se encontraram nas semis e o rubro-negro levou a melhor, mas agora o clube da Estrela Solitária volta com um sentimento de persistência, que faz lembrar o Campeonato Carioca de 1989, quando o alvinegro  encarou cada jogo com vontade e levantou o caneco.

No dia 21, encerrou-se o jejum dos 21. Parece coisa predestinada, mas é a história do Botafogo nesse Campeonato Carioca. A equipe comandada por Valdir Espinosa e liderado por Gottardo, Paulinho Criciúma e Maurício entrava em campo com sangue nos olhos em todos os jogos e depositavam sua força e vontade no gramado para resgatar a essência do clube, a autoestima da torcida e colocar a faixa no peito novamente. Esta vontade foi crucial para fazer a equipe chegar à final invicta e derrotar o time do Flamengo, recheado de estrelas como Zico, Bebeto, Zinho, Jorginho.

Relembre a campanha

O Botafogo começou o Campeonato Carioca de 1989 com desconfianças e sem estar entre os favoritos pelo título. Tinha pela frente o Flamengo comandado por craques e a “SeleVasco”, que viria a ser campeã brasileira em dezembro. No lado alvinegro, seus nomes mais conhecidos eram Josimar, lateral direito da seleção na Copa de 86, e o zagueiro Mauro Galvão. Mesmo assim, o clube de General Severiano superou as expectativas e fez uma campanha para ninguém colocar defeito: venceu 15 partidas e empatou nove.

No primeiro turno do estadual, o Botafogo quase chegou como campeão – se assim o fizesse, teria levantado o caneco direto. Os alvinegros ficaram apenas um ponto atrás do Flamengo e por conta de um lance que rendeu muita polêmica na época: na última jogada do duelo entre os rivais na terceira rodada, que resultou em um empate por 1 a 1, o juiz do confronto apitou o fim da partida no momento em que Paulinho Criciúma se preparava para tocar a bola para o gol vazio e garantir a vitória do Botafogo.

Na Taça Rio, lá estavam os dois clubes se enfrentando novamente. Dessa vez, o clube da Gávea que quase pôs seu nome na taça. Na disputa pelo segundo turno, o Flamengo chegou a abrir uma vantagem de 3 a 1 sobre o Botafogo, mas, aos 36 minutos do segundo tempo, o zagueiro Gonçalves, que atuava pelo Fla, fez um gol contra e reanimou os jogadores alvinegros. Mesmo parecendo difícil um empate ou a virada, Vítor, do Botafogo, tratou de fazer mais um aos 42 e o jogo terminou em 3 a 3. O clube de General Severiano acabou sendo campeão da Taça Guanabara.

Como naquela época, a final do Carioca era composta pelos campeões do primeiro e segundo turno, Botafogo e Flamengo se enfrentaram novamente em busca da taça. A equipe alvinegra sonhava com aquele momento e precisava para fazer a estrela brilhar novamente e assim foi feito. O primeiro jogo, em 18 de junho, terminou em 0 a 0. Naquela época, para ser campeão era preciso fazer 4 pontos e a vitória valia apenas dois. Ou seja, caso empatassem o jogo de volta ou o Flamengo vencesse, seria preciso uma terceira partida. Mas, Mauricio, que vestia a camisa 7 eternizada por Garrincha, tratou de resolver a história.

No intervalo do jogo, o técnico Espinosa colocou Mazolinha para reforçar o setor ofensivo do time e o jogador foi um dos responsáveis pelo momento histórico. Aos 12 minutos do segundo tempo, ele arrancou pela esquerda e cruzou para Maurício. O atacante deslocou o lateral-esquerdo Leonardo e, de primeira, empurrou a bola para o fundo das redes. Explosão na torcida alvinegra, era o fim da fase ruim e, como diz o canto eternizado pela torcida nas arquibancadas: o começo de uma era.