Apesar da derrota para o Vasco no primeiro jogo da decisão do Campeonato Carioca, o cenário no Botafogo não é de total terra arrasada, já que a equipe treinada por Alberto Valentim teve alguns pontos positivos durante a partida no Estádio Nilton Santos. Dentre eles, a pressão alta, que conseguiu incomodar os defensores do cruzmaltino durante tanto tempo e acabou resultando na jogada do primeiro gol.

Nesse contexto, um jogador foi importante para conseguir garantir esse panorama de incômodo para o Vasco: Renatinho. O autor do gol que abriu o placar na tarde no Rio de Janeiro foi peça-chave para a construção da pressão e de traçar possíveis passes dos jogadores vascaínos, que, ao se sentirem sem espaço, se livraram da bola com um chutão para frente ou colocando-a para a lateral do campo.

Reprodução/LineUpBuilder

Botafogo do primeiro tempo: Renatinho formando trinca de volantes e atacando espaço vazio para, a partir da sua condução de bola, criar jogadas.

O Botafogo jogou majoritariamente em um 4-1-2-3, que variava para 4-1-4-1 na fase defensiva, e Renatinho era o atleta da segunda linha do meio-campo pelo lado esquerdo, ao lado de Marcelo e a frente de Rodrigo Lindoso, que funcionou como o centro de sustentação entre ataque e defesa – apesar dos outros atletas ficarem trocando de posição durante boa parte do tempo.

Era uma função diferente da que Renatinho costumava exercer no Paraná, já que por lá o mesmo era escalado como meia-armador, na posição do “camisa 10”. Apesar de não ser uma grande mudança, a presença do atleta de 26 anos no setor apenas acentua que Alberto Valentim crê que ele possa exercer uma das funções de João Paulo, a de ajudar na criação de jogadas e na cobertura de espaços na fase defensiva – fato que o atleta atualmente lesionado fazia com maestria.

Por que essa função favoreceu Renatinho?

Três fatores podem explicar porque a escolha de Renatinho como um membro da trinca no meio-campo é interessante: mobilidade, habilidade com a bola no pé e potência de chute a média distância. Para exercer uma pressão, é necessário possuir jogadores capazes de se mexerem e ocuparem os espaços vazios na defesa adversário – fato que Renatinho conseguiu exercer com muita facilidade, principalmente no primeiro tempo.

Com sua característica de armador adquirida durante sua carreira, era quase que natural que Renatinho avançasse na fase ofensiva da equipe, se juntando aos três jogadores de ataque, mas sempre com a percepção de retornar para cobrir os espaços no campo defensivo, assim como João Paulo fazia. Além do fator tático, outra coisa determinante para o sucesso de Renatinho no esquema é a sua habilidade com a bola no pé. Domínios de letra, passes de calcanhar, ditar o ritmo do jogo a partir de seus pés: Renatinho se tornou um verdadeiro articulador.

Foto: Reprodução/Footstats

Mapa de calor de Renatinho: concentrado pelo lado esquerdo

Apesar de não ter tido a oportunidade para isso, Renatinho ficou marcado no Paraná por conta de sua fase artilheira, que foi sustentada principalmente pela qualidade das finalizações de média distância, seja com bola rolando ou por meio de cobranças de faltas. Saindo do meio para frente, pode ser possível, se contar com o apoio dos jogadores de lado, criar situações propícias para esse tipo de chute, o que resulta em mais um ponto positivo para o desenvolvimento do jogador com a camisa alvinegra.

Contra o Vasco, essa sabedoria tática ficou evidente, já que Renatinho saiu de campo com dois desarmes – e nenhuma tentativa mal sucedida nesse quesito – e 24 passes certos, com três errados. Além do gol, o atleta teve grande importância na construção daquilo que Alberto Valentim buscou como ideal para o cenário apresentado pelo Vasco: um jogador que conseguisse incomodar, mas que, ao mesmo tempo, não se desgastasse sem necessidade. Com a inteligência e habilidade do ex-atleta do Paraná, poderá ser possível ver esse cenário em muitos outros jogos. 

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