"Eu vejo o passado repetir o futuro". Assim, Cazuza marcou época com a canção "O tempo não para", em 1988. 30 anos depois, é o Flamengo quem vive essa realidade, bem distante do campo da música, mas sim no Campeonato Brasileiro. Desta vez, o clube da Gávea tem situação parecida com a de dez anos atrás, quando viu sua campanha no Brasileirão de 2008 ir por água abaixo, após liderar parte da competição e perder o fôlego no decorrer da mesma.

A derrota diante do Internacional, nesta quarta-feira (5), fez com que o Rubro-Negro caísse para a 4ª colocação da Série A de 2018, competição em que a equipe carioca vem de incrível queda de rendimento após parada para a Copa do Mundo. Há sete rodadas, num período aproximado de um mês e meio, o Flamengo era o líder do Brasileirão, porém, hoje a situação é bem diferente e preocupa os torcedores em cada canto do Brasil, temendo que o pesadelo se repita.

2008: liderança, empolgação, saídas e queda

Comandado por Joel Santana, o Flamengo deslumbrou seus torcedores, iniciando o Campeonato Brasileiro de 2008 a todo vapor, comandando a tabela logo na 5ª rodada. O Rubro-Negro se destacou por boas atuações e chegou a bater recordes no torneio, sendo figurado por jogadores que levariam o título no ano seguinte. Embalado pelo bicampeonato carioca, o time engrenou uma sequência de nove rodadas na liderança do Brasileirão, porém, perdeu o fôlego após a saída de Joel, lesão de jogadores e negociação de atletas na janela de inverno, como MarcinhoSouza e Renato Augusto.

Ao fim do campeonato, o Flamengo sequer chegou entre os quatro principais times, ficando de fora da zona que dava acesso à Libertadores, o G-4, naquela época. Durante a queda, a instituição passou por cenário de pressão, ficando marcado por um forte protesto feito pelas torcidas organizadas, na Gávea, que contou com bombas e atletas atingidos por estilhaços. O episódio apenas piorou o momento no clube, afastando possíveis reforços que chegariam para repor as peças que saíram e desmotivando os atletas que estavam integrados ao elenco na época.

Dez anos depois, o cenário é parecido, mas com mudança nos fatores

Diferente de 2008, o Flamengo teve seu início de ano conturbado, com jogadores e diretoria cobrados pela falta de títulos de expressão. Logo no começo, a eliminação no Campeonato Carioca, para o Botafogo - adversário na final do torneio há dez anos -, marcou um racha nos bastidores, que contou com a demissão do treinador, Carpegiani, e do diretor de futebol, Rodrigo Caetano. Com isso, a pressão aumentou em relação aos torneios restantes para disputa: Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores.

No torneio nacional, o Flamengo novamente teve início avassalador e obteve a liderança logo na 3ª rodada. Nos torneios restantes, a situação também andou, afastando todo tipo de crise dentro do elenco. Porém, um fator foi predominante para a alegria não durar muito: a Copa do Mundo. Após a passagem do Mundial, o Rubro-Negro teve seu bom momento interrompido, também pela nova composição do time sem Vinicius Jr., que migrou para o Real Madrid. Logo no primeiro jogo após a volta, o clube carioca foi derrotado pelo principal concorrente ao título brasileiro naquele momento, o São Paulo, em casa, dando origem à queda do clube na temporada.

Cerca de um mês e meio após a partida, o Flamengo não somente perdeu a liderança, como se encontra na 4ª colocação do Brasileirão, atrás de Internacional, São Paulo e Palmeiras, sendo observado de perto pelo Grêmio, em 5°. Restando, aproximadamente, três meses para o fim da temporada, o pressionado Flamengo pode apostar suas fichas para melhorar o cenário também na Copa do Brasil, onde se encontra na semifinal, já que saiu da Libertadores da América. No Campeonato Brasileiro, nada está perdido, vide a indefinição no topo da tabela, agora comandado pelo Inter, porém, a cobrança é grande para um título de expressão e que não se repita o filme de dez anos atrás.

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Matheus Henrique
Flamengo | Campeonato Italiano