Sempre é bom relembrar a trajetória de um ídolo. Gols marcantes, passagens de sucesso ou de fracasso, fase áurea, lesões, retorno, fim da carreira e o pós-carreira, todas esses períodos, passados com sucesso, constroem uma figura idolatrada em algumas torcidas. Por isso, a VAVEL Brasil traz de volta alguns grandes jogadores que pisaram os gramados do país do futebol. Agora, vamos com o baixinho gênio da grande área.

Romário de Souza Faria nasceu em 29 de janeiro de 1966, na cidade do Rio de Janeiro, e é figura certa nas lembranças de Seleção Brasileira e futebol carioca. Atualmente ele é senador pelo estado do Rio de Janeiro, pelo partido político Podemos. Ele, além de ex-jogador e político, também é graduado em Educação Física na Universidade Castelo Branco. Mas antes de tudo isso, algumas pedras estiveram nos sapatos do "Baixinho", que teve uma infância com muitas dificuldades, sobretudo, financeiras, tanto é que morava na favela do Jacarezinho. No entanto, seus pais lhe incentivaram muito a seguir seu maior sonho: ser jogador de futebol.

O início

Romário iniciou sua história no planeta bola em 1975, jogando no time amador chamado Estrelinha, montado pelo Seu Edevair (o próprio pai). Com 13 anos, em 1979, foi para o time infantil do Olaria. Logo de cara, em seu primeiro ano, foi o artilheiro da equipe.

No ano de 1981, quando fez 15 anos, entrou no Club de Regatas Vasco da Gama, onde começou de fato a sua carreira. Passou pelo infantil, juvenil, juniores e chegou ao profissional. Sua estreia como profissional foi no dia 6 de fevereiro de 1985, na vitória cruzmaltina sobre o Coritiba por 3 a 0. Já o seu primeiro gol, ou melhor, os primeiros gols, só aconteceu no dia 18 de agosto do mesmo ano, contra o Venécia, num triunfo por 6 a 0 em partida amistosa. Ele marcou dois gols na ocasião.

Sequência

PSV Eindhoven

Logo após se destacar com a camisa cruzmaltina e na seleção olímpica, Romário foi vendido ao PSV (Holanda) em 1988, numa transação que foi a mais cara da época: 6 milhões de dólares. Ficou por quase cinco anos e foi campeão holandês por três vezes e artilheiro da liga nacional em três temporadas (1988-89, 1989-90 e 1990-91) além de ser por duas vezes, o melhor goleador da UEFA Champions League (198990 e 199293). Assim, deixou sua marca na história do clube dos Países Baixos.



Barcelona

Após esta primeira e marcante experiência no velho continente, o Barcelona ficou encantado pelo talento de Romário e resolveu levá-lo para terras espanholas, pagando 4,5 milhões de dólares. Em 1993, começou a escrever seu capítulo no clube catalão na estreia com vitória por 3 a 0 sobre a Real Sociedad. E advinha que fez os gols? Ele mesmo: Romário!

Por lá, o Baixinho teve uma passagem bem mais curta do que no PSV, mas deixou sua marca na equipe culé com um título da La Liga na temporada 1993-94 e ainda de quebra, acumulou mais dois prêmios individuais: melhor jogador da temporada e mais uma vez, artilheiro do torneio nacional com 30 gols anotados. Também acumulou um título da Super Copa da Espanha e do Troféu Teresa Herrera.

Na época da Copa do Mundo vencida pelo Brasil, era jogador do Barcelona, e encantou até o rigoroso treinador da equipe catalã e maior jogador da história da Holanda, Johan Cruijff, dono de um dos famosos apelidos ao atacante baixinho: "gênio da grande área". Cruyff também se incluiu no grupo daqueles muitos que creditam a vitória do Brasil em 1994 grandemente ao desempenho do atacante:

"Para mim, os anos 90 teve um só rei, Romário foi o maior jogador de futebol dessa década. Na verdade, eu estou convencido de que o Brasil não ganharia o Mundial dos Estados Unidos se ele não tivesse jogado. Isso já é muito", opinou Cruyff.



Flamengo

Em 1995, retornou ao Brasil e foi prestar os seus serviços à nação rubro-negra. No clube carioca, ele formou o chamado “ataque dos sonhos” juntamente com Edmundo e Sávio. Foi a maior contratação de um clube do país naquela época. Porém, o mesmo não funcionou da maneira como todos esperavam. Isso não quer dizer que não tenha brilhado.



No Flamengo, Romário jogou 240 vezes e foi artilheiro quatro vezes do Campeonato Carioca (1996,1997,1998 e 1999). Máximo goleador nas seguintes competições: Copa do Brasil (1998), Copa Mercosul (1999) e Torneio Rio-São Paulo (1997). Marcou 204 gols com o uniforme rubro-negro. Além de ter sido campeão estadual duas vezes (1996 e 1999), ele ainda faturou uma Copa Mercosul (1999), uma Copa Ouro Sul-Americana (1996) e uma Copa dos Campeões Mundiais (1997). Neste tempo, ele foi para o Valencia em 1996, mas retornou ao Fla no ano seguinte, em 1997.

Segunda passagem pelo Vasco

De volta ao Vasco em 2000, mais experiente, Romário deixou mais gols e protagonizou um capítulo para ele o para o clube: "A Virada do Século"! Foi na épica virada de 4 a 3 sobre a Sociedade Esportiva Palmeiras, no antigo Palestra Itália (atual Allianz Parque), onde a equipe da Colina estava perdendo por 3 a 0 no primeiro tempo. O Baixinho deixou sua marca na grande final da Copa Mercosul e ainda se consolidou como artilheiro da competição com 19 gols. Ele conquistou também o Campeonato Brasileiro (Copa João Havelange) de 2000 e marcou 21 gols no torneio. Foi artilheiro também na edição seguinte com 21 gols. Faturou também a Taça Guanabara de 2001 e Taça Rio de 2001.

Fluminense

No ano de 2002, Romário vestiu a camisa tricolor e no clube das Laranjeiras, também deixou sua marca em duas passagens (2002-2003 e 2003-2004) acumulando 70 jogos e 51 gols anotados. Neste meio tempo, ele foi para o Al-Saad (Catar) mas só ficou seis meses e retornou ao Flu. Quando voltou, ajudou o clube a se livrar do rebaixamento no Brasileirão 2004 e ainda marcou seu único gol de bicicleta.

Novamente o Vasco, com ida rápida aos EUA e à Austrália

Com 68 jogos nestas duas últimas aparições, o Baixinho neste retorno final ao Vasco, fez o seu 1.000º gol no dia 20 de maio de 2007, contra o Sport Club do Recife por 3 a 1 pelo Brasileirão, que lhe rendeu uma estátua em São Januário para homenagear o atleta. Neste meio tempo, o atacante saiu do clube em 2006 e jogou no Miami FC (EUA) e no futebol australiano no Adelaide FC.

O sonho do pai de jogar no América-RJ

Já com a carreira encerrada em 2009, Romário realizou o sonho de seu pai: jogar no América, onde só fez apenas um único jogo. Ele era gerente de futebol do clube e resolveu atender a vontade do progenitor que havia falecido em 2008. Naquela oportunidade, ajudou o “Mecão” a vencer a Série B do Carioca.

Um expoente da Seleção Brasileira

Por falar na “Amarelinha”, o Baixinho também deixou sua marca com a conquista da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Ele também foi o melhor da Copa e eleito o melhor jogador do mundo naquela ocasião. Também conquistou o Sul-Americano de 1985 e foi para as Olimpíadas de Seul, na Coreia do Sul, em 1988, quando conquistou a medalha de prata e a artilharia do torneio de futebol com sete gols.

"As pessoas ficam me perguntando o que eu senti naquela hora do Baggio olhando para mim antes da final. Senti p... nenhuma! Eu ligava para o Baggio? Sabia que era um jogador importante da Itália e tal, mas meus conhecimentos sobre futebol são nulos! (...) Não sei escalação de nenhum time, não vejo futebol (...) Não assisto TV. Odeio novela, jornal, programa esportivo...", disse Romário sobre episódio do olhar de Baggio antes de bater o pênalti na final da Copa de 1994.

Romário não conseguiu ir às duas Copas seguintes por conta de polêmicas com Jorge Mário Lobo Zagallo, que não o levou para França em 1998 e com Luís Felipe Scolari em 2002, na Coreia do Sul/Japão. O seu último jogo com a amarelinha foi em 27 de abril de 2005, diante da Guatemala em um amistoso.

Mas é de ressaltar que Romário jogou três Copas do Mundo (1990, 1994 e 1998) e esteve presente na Copa América (1989), onde contribuiu para o título do torneio continental que o Brasil não vencia há 40 anos. Ele jogou também a edição de 1997 e das Copa das Confederações do mesmo ano, faturando os dois troféus.

Gol 1.000

Falando em gol 1000, não é qualquer jogador de futebol que chega a uma marca tão importante e Romário foi mais um que alcançou o número de mil tentos em sua carreira. 

Segundo as contas do craque, foram 1.002 gols feitos. Mas, há controvérsias. Ele coloca nesta lista, jogos de categoria de base e amistosos. Se formos comparar com outros jogadores, só é usado os números oficiais e nisso, os gols caem para 745, segundo o portal de estatísticas "O Gol". 

De qualquer maneira, foi mais um momento simbólico da carreira vitoriosa de Romário e que ninguém se esquecerá, mesmo que a frieza dos números nos apresente outra coisa.

Ausência de Champions League e Libertadores

Embora tenha vencido grandes competições, o Baixinho não conseguiu levantar as duas principais competições continentais: a UEFA Champions League e a Libertadores.

Romário teve uma oportunidade na temporada 1993/1994 com a camisa do Barcelona. Mas na ocasião, o clube catalão foi goleado na decisão para o Milan-ITA  por 4 x 0. 

Romário participou apenas da edição de 2001 da Libertadores com o Vasco. Mas o time cruzmaltino foi eliminado de forma impiedosa para o Boca Juniors-ARG nas quartas-de-final, encerrando o seu sonho de conquistar um título continental por algum clube.

Encerramento da carreira

Como dissemos anteriormente, Romário encerrou a carreira no dia 14 de março de 2008, sendo a sua última equipe, o Vasco. Mas, um ano depois, ele interrompe a aposentadoria para realizar o sonho do pai que era o Baixinho vestir as cores do América-RJ.  

Legado da carreira futebolística de Romário

Romário será sempre lembrado não somente pelo fato de ser um dos maiores e notáveis artilheiros, mas pela inteligência e sua forma de posicionar dentro da área. Não era à toa que é considerado por muitos, o “gênio da grande área”. Enfim, o Baixinho estará eternamente na galeria dos grandes deuses futebolísticos, como um grandioso goleador e polêmico nas entrevistas. Uma fera indomada.