Os confrontos (ida e volta) entre São Paulo e 4 de Julho, do Piauí, pela terceira fase da Copa do Brasil, foram recheados de polêmicas, grandes histórias e, sobretudo, gols. Apesar da classificação do Tricolor Paulista, os jogadores do modesto "Gavião Piauiense", clube da quarta divisão nacional, fizeram história na cidade de Teresina e ganharam admiração e respeito de torcedores.

Após a histórica vitória do 4 de Julho no jogo de ida pelo placar de 3 a 2, jogando em casa, torcedores fizeram uma carreata na cidade. A expectativa para o jogo de volta foi ainda mais movimentada pela "contratação" de Cartolouco, ex-apresentador da Rede Globo, que gravou os bastidores da partida para seu canal no Youtube, o que irritou alguns torcedores são-paulinos. 

Em meio às polêmicas, o 4 de Julho foi derrotado pelo placar de 9 a 1 no Morumbi. Em entrevista exclusiva à VAVEL Brasil, o atacante Italo Pica-Pau, camisa 7 da equipe piauiense, falou sobre a vitória no jogo de ida, o sonho de jogar no Morumbi e a polêmica com os torcedores do Tricolor Paulista.

VAVEL (Gabriel): Sem dúvidas vocês marcaram o nome na história com a vitória no jogo de ida. O que você acha que faltou para repetir o feito no jogo de volta? Gostaria que contasse um pouco sobre o sentimento de sair de campo tendo derrotado o São Paulo em Teresina.

Italo: Derrotar o São Paulo no jogo de ida, lá no Albertão, foi um momento único em nossas vidas. Não só na minha, mas na de todos meus companheiros, porque o São Paulo é um dos maiores times do Brasil e do Mundo, e você ter a oportunidade de estar dentro de campo e conseguir sair vitorioso, sobre um grande time que é o São Paulo... isso vai ficar marcado para sempre em nossas vidas. Difícil até de explicar, que a gente sabe que a gente trabalha, a gente rala pra conseguir nossos objetivos, né? Mas a gente sabe que a (nossa) realidade é outra, e a gente conseguiu (vencer o São Paulo). Com muita vontade, com força, determinação, a gente fez história!

VAVEL (Gabriel): Qual foi a sensação de jogar em um estádio tão histórico como o Morumbi e o que passou na cabeça ao subir para o gramado prestes a começar uma partida tão importante e decisiva para o 4 de Julho?

Italo: Cara, para mim foi uma sensação inexplicável. Foi a realização de um sonho de criança. Só de estar pisando em um dos maiores palcos do futebol mundial, pela grandeza do São Paulo, eu já me senti realizado. Sobre a questão do jogo tão importante e decisivo, eu apenas botei na minha cabeça que eu queria me divertir, mas com responsabilidade. Porque não é todo dia que a gente tem a oportunidade de jogar contra um time tão grande, tão histórico como o São Paulo, em um palco tão lindo que é o Morumbi, e eu queria me divertir com responsabilidade, mas sabendo que estava realizando um sonho meu de criança. Fiquei muito feliz. 

VAVEL (Gabriel): Você provavelmente acompanhou as reações dos torcedores do São Paulo após a classificação, como as brincadeiras e ataques nas redes sociais de seus companheiros de equipe. Você sentiu que em algum momento o 4 de Julho desrespeitou o São Paulo antes do jogo de volta? Como se sente em relação a isso?

Italo: Acompanhei pouco, mas eu acompanhei sim. Eles (torcedores do São Paulo) estão em todo direito deles, ganharam o jogo, tá certo, tem que brincar, tem que comemorar mesmo, isso é o bom do futebol. Sobre nós, eu acho que não teve desrespeito não porque, cara, olha a grandeza do São Paulo... a gente ganhou um jogo desses, tão importante, vai ficar na história. Nunca ninguém vai apagar essa vitória, por mais que a gente tenha perdido o jogo de volta, nunca ninguém vai apagar essa vitória nossa contra o São Paulo, vai ficar na história. Quem que não quer comemorar? Tá certo que alguns passaram do ponto, podem ter desrespeitado, mas eu entendo também o lado do torcedor, de ter comemorado bastante. A gente não ganhou de qualquer time, a gente ganhou do São Paulo.

VAVEL (Gabriel): Esta foi sua melhor experiência no meio do futebol? 

Italo: Sem sombra de dúvidas, para mim foi a melhor experiência que já tive no futebol. Só de estar vendo de perto grandes ídolos do futebol brasileiro, do futebol mundial, como o Miranda, que é um grande ídolo nosso, da nação brasileira... ver o Crespo pessoalmente, cara, que só via ele pelo videogame, joguei muito videogame com o Crespo, é uma coisa inexplicável. Minha vontade também era de chegar lá e ver o Daniel Alves, conhecer ele de perto como conheci os outros. É um grande ídolo meu também, sou fã demais daquele cara, um cara sem explicação, campeão de tudo. Pra mim foi uma sensação inexplicável, isso é uma coisa que não vou esquecer nunca na minha vida, vai ficar marcado para sempre. Independente de resultado ou qualquer coisa, eu vivi o momento.