GRUPO A

ITÁLIA

A Itália dominou a cena dos anos 90, conquistando o tricampeonato mundial, a Copa do Mundo, a Copa dos Campeões e oito vezes a Liga. E mais: mudou a cara desse esporte na Europa, antes dominado pelas seleções do Leste. Para a hegemonia ter sido completa, faltou ocupar o degrau mais alto do pódio olímpico. Na última década, os títulos rarearam - já são 13 anos sem êxito em competição de renome -, mas o respeito pela Azurra permanece inalterado. É a força de uma camisa que joga por si só.

Perspectivas. Sede também em 1978 e 2010, a Itália tem mais uma chance de conquistar o Mundial diante dos tifosi. Atmosfera e tabela são propícias para o tetra. Cabeça de chave do Grupo A, terá pela frente adversários de segundo escalão. Avançar em primeiro e de forma invicta dará tranquilidade na etapa seguinte. Mas todo cuidado é pouco, já dizia o velho ditado. Eslovênia e Bélgica assinaram a eliminação azul nos dois últimos Europeus. E, na Liga das Nações 2018, deu vitória de Japão e Argentina

Como se classificou. Anfitrião, disputará seu 17º campeonato.

Últimas temporadas. Depois do frustrante 13º lugar no Mundial-2014, a Itália voltou a frequentar pódios. O grande momento foi o vice nas Olimpíadas do Rio, em que bateu a Rússia no tie-break na semifinal e perdeu para o Brasil em sets diretos na decisão. Também saiu com a prata na Copa do Mundo-2015 - com apenas um revés, para os Estados Unidos - e na Copa dos Campeões-2017. Na Europa, foi bronze em 2015 e quinta em 2017, ocasiões em que foi eliminada por duas surpresas, Eslovênia e Bélgica, respectivamente. Na Liga, o melhor desempenho foi o quarto lugar em 2016. Em 2017, quando não contou com suas estrelas, fez campanha vexatória, terminando em último entre 12 equipes e sendo rebaixada para a segunda divisão – o que não se concretizou porque a FIVB deu início à Liga das Nações. Nesta, em 2018, fechou a primeira fase em oitavo e não avançou para as finais.

O comandante. Gianlorenzo Blengini, 46 anos, assumiu a Itália em 2015 após a dispensa de Mauro Berruto, de quem era assistente. A princípio, ele seria interino. Mas as boas performances no Europeu e na Copa do Mundo daquele ano o levaram à promoção. E, em seu primeiro desafio, no Rio, não decepcionou. Também é treinador do Lube, pelo qual foi campeão italiano em 2017.

O time. Quando a Itália está em quadra, os olhos do público se voltam, de imediato, para Ivan Zaytsev, 29, e Osman Juantorena, 33. O primeiro, um exímio sacador, é filho de Vyacheslav, campeão olímpico pela União Soviética, e tem no currículo o prêmio de melhor jogador do campeonato italiano. Por anos, foi a estrela solitária do time; agora, com a aposentadoria de Birarelli, é o capitão. O segundo é cubano de nascimento e já foi duas vezes o MVP da Champions League. Sua entrada na Azurra, em 2015, teve impacto imediato, dando novo ânimo a um time que vinha capengando nas grandes competições. Na função de levantador está Giannelli, 21, titular desde os 18 e MVP da liga local em 2015. A principal ausência é Vettori, que vive um momento de baixa na carreira.

Tri mundial. Em 1978, em sua terra, rompendo com passado de simples figurante, a Itália conquistou a prata, após derrota para a URSS, e se tornou a primeira seleção do ocidente europeu a conquistar uma medalha em Mundiais. Tempos depois, a Azurra estabeleceu uma hegemonia no torneio, sagrando-se tricampeã. Em 1990, no Rio de Janeiro, eliminou o Brasil na semifinal e passou por Cuba na decisão. Em 1994, na Grécia, venceu a Holanda por 3 a 1 para ficar com o ouro. Foi o argentino Julio Velasco, mais tarde eleito o treinador do século XX, o responsável por lapidar talentos como Zorzi, Cantagalli, Lucchetta, Tofoli, Gravina, Giani, Papi, Gardini e outros. Na campanha do tri, em 1998, as estrelas eram quase as mesmas, mas o treinador não: Velasco dera lugar ao brasileiro Bebeto de Freitas. O ouro veio em duelo contra a Iugoslávia. Dos últimos quatro Mundiais, os italianos saíram de mãos vazias. Em 2014, terminaram em 13º, com três vitórias em nove jogos.

Octa da Liga. Entre 1990 e 2000, a Itália venceu oito das 11 edições realizadas da Liga Mundial – três delas em casa – e só não subiu ao pódio uma solitária vez. Desde então, os mal acostumados torcedores azurri precisaram se contentar com, no máximo, duas pratas. Amargaram ainda oito edições consecutivas sem medalha. E ainda viram o Brasil alcançar o eneacampeonato em 2010, batendo seu recorde de conquistas, algo impensável na década anterior.

Sede de ouro olímpico. Em Olimpíadas, o inédito ouro segue uma obsessão para os italianos. Passaram em branco mesmo no período em que dominavam o esporte. Somam três pratas e três bronzes. A grande chance se deu em 1996, quando perderam a final para a Holanda. Em 2004 e 2016, voltaram à decisão, esbarrando no Brasil. Em 1994, 2000 e 2012, fecharam em terceiro.  Na Copa do Mundo e na Copa dos Campeões, a Itália tem um troféu em cada. O último título relevante foi o Europeu-2005, o sexto de sua história – é a segunda maior vencedora do torneio, atrás da URSS/Rússia, que têm 13.

ARGENTINA

A Argentina, brilhante no futebol e no basquete, sonha também com o dia em que poderá rivalizar com o Brasil no vôlei. Nos anos 80, enquanto aqui se aplaudia a Geração de Prata, lá se festejava a de Bronze. Quase três décadas depois, com direito à hegemonia verde e amarela neste intervalo, ainda não conseguiu dar um passo adiante.

Perspectivas. Alcançar a segunda fase do Mundial é o máximo que a Argentina pode sonhar. Para tanto, no Grupo A, fará jogos cruciais contra Eslovênia, vice-campeã europeia em 2015, Bélgica e Japão. Todo descuido custará caro. A Itália é favorita ao primeiro lugar da chave. No fim das contas, um lugar no top 12, como nas edições anteriores, terá status de “missão cumprida”.

Como se classificou. Através do Sul-Americano 2017, em que foi bronze, avançou para o qualificatório – um triangular com Venezuela e Chile, realizado em seu território. Com duas vitórias, se garantiu pela 12ª vez no certame.

Últimas temporadas.  Depois do 11º lugar no Mundial 2014, a Argentina aproveitou certames de nível doméstico para findar o jejum de títulos – o triunfo anterior acontecera no Pan-Americano de Mar del Plata, em 1995. Foram três troféus e uma boa campanha olímpica. Em 2015, veio o ouro Pan de Toronto, com vitória no quinto set sobre o Brasil, em cuja equipe figuravam futuros campeões olímpicos. Na Rio-2016, o time de Velasco fechou em primeiro no Grupo A, à frente de Rússia e Polônia, mas teve a infelicidade de cruzar com o anfitrião Brasil nas quartas, perdendo por 3 a 1. Na Copa Pan-Americana 2017, que não teve presença brasileira, os argentinos, usando parte de seu elenco titular contra times secundários, sagraram-se campeões em cima de Porto Rico. Na edição de 2018, veio o bicampeonato, mas quem esteve em quadra foi o time B. Já em Sul-Americanos, segue a hegemonia canarinha – a única conquista albiceleste se deu em 1964, torneio que o Brasil não disputou. Na Liga Mundial ou das Nações, as campanhas recentes não empolgaram o torcedor – na deste ano, foram 11 derrotas em 15 jogos.

Argentina e Brasil na Liga 2016 (Reprodução do site da FIVB)
Argentina na Liga 2016 (Reprodução do site da FIVB)

O comandante. A Argentina tem em seu banco um dos mais prestigiados treinadores da história do vôlei: o platense Julio Velasco, que, à frente da Itália, nos anos 1990, foi bicampeão mundial, vice olímpico, tri europeu e penta da Liga. Também treinou outras seleções, como Espanha, República Checa, Irã e a feminina italiana. Está no cargo desde março de 2014, mas suas horas estão chegando ao fim. Ele anunciou sua saída após o Mundial, dando vez a Marcelo Méndez, multicampeão pelo Cruzeiro.

O time. Velasco preservou as bases do elenco que fez boa campanha no Rio, em 2016. Continuam De Cecco, Solé, Crer, Conte, Poglajen e Bruno, por exemplo. Na Copa do Mundo-2015, Solé foi eleito o melhor central, enquanto De Cecco, atuando pelo Perugia, saiu da Champions League-2017 como melhor levantador. Facundo Conte é filho de Hugo, um dos expoentes da geração que foi bronze em Seul-1988. Do time campeão mundial sub-23 em 2017, foram convocados Matías Sánchez, Danani e Loser. Outrora peças fundamentais, Rodrigo Quiroga, Nicolás Uriarte, ex-Cruzeiro, e Iván Castellani deixaram o radar de Velasco.

Bronze no Mundial. A melhor exibição argentina num Mundial, em suas 11 participações, aconteceu em casa, em 1982, quando conquistou o bronze sobre o Japão, ficando atrás da União Soviética e do Brasil. Públicos de até 18 mil torcedores deram aos ginásios uma atmosfera de estádio de futebol e empurraram os surpreendentes e desconhecidos anfitriões para o pódio. Na semifinal, o talento de Conte, Castellani, Quiroga e Uriarte não foi suficiente para neutralizar os soviéticos. Antes de 1982, a Argentina disputara, sem despertar interesse, os Mundiais de 60 e 78. Depois, voltaria a desempenhar bons papéis em 1990, no Brasil, e em 2002, novamente em seus domínios, ocasiões em que caiu nas quartas de final. Em 2014, foi eliminada ainda na segunda fase, mas obteve triunfos importantes sobre EUA e Itália.

Bronze olímpico. A Geração de 82, agora incrementada por Weber e Kantor, alcançaria seu apogeu com o bronze nas Olimpíadas de Seul, em 1988. Na campanha, aquele time enfrentou as duas superpotências do vôlei na época, perdendo ambos duelos: na fase de grupos, para os EUA, e na semifinal, para a URSS. Na decisão do bronze, um triunfo sobre o Brasil por 3 a 2 deu sabor especial àquela medalha. Nas Olimpíadas de 2000, em Sidney, em que Milinkovic foi eleito o MVP do torneio, a Argentina fez mais uma campanha de destaque, alcançando o quarto lugar.

Tempos de crise. Na década passada, enquanto via o Brasil assumir o protagonismo no cenário internacional, a Argentina buscava se reerguer. A realização do Mundial-2002 deveria ter impulsionado o esporte no país, aproveitando a ótima campanha em Sidney-2000, mas as expectativas foram frustradas por um conflito entre Mário Goijman, presidente da FAV (Federação Argentina de Vôlei), e Rubem Acosta, comandante da FIVB. Esta acusou a filiada de negociar contratos de patrocínio sem seu consentimento. Já a entidade argentina se revoltou depois de não receber sua cota nos lucros em direitos televisivos, denunciando, na sequência, inúmeros casos de corrupção e desvios de verba de Acosta. Resultado: pelos atos de desobediência, a FAV foi desligada e a seleção, excluída de duas Ligas. Desde 2004, quem administra o esporte no país é a FEVA (Federação de Vôlei Argentino). Depois do rebu federativo, o vôlei argentino entrou em processo de renovação, saindo da sombra da Venezuela na América do Sul, para quem perdeu a vaga nas Olímpiadas de 2008.

JAPÃO

 Talvez o público mais jovem do vôlei olhe com indiferença para o Japão. Decerto, há décadas, os resultados têm sido medíocres em nível internacional. Mas basta uma viagem ao passado, por volta dos anos 60, 70, para se notar a importância do país no desenvolvimento tático e na globalização do esporte

Perspectivas. Ausente em 2014, o Japão retorna ao Mundial, mas com a cabeça no Torneio Olímpico de 2020, que acontecerá em Tóquio. É hora, portanto, de testar sua capacidade e dar rodagem a um elenco pouco experiente. O sorteio das chaves lhe permite sonhar com vaga na segunda fase, apesar das campanhas pífias nos últimos anos. Exceto a Itália, a quem venceu por 3 a 2 em junho, pela Liga das Nações, algo difícil de se repetir, não há barbada no Grupo A. Assim, a briga é contra Argentina; mas Bélgica e Eslovênia também estão no radar.  

Como se classificou. Para chegar ao 15º Mundial, liderou o Grupo B das eliminatórias asiáticos, em que a Austrália era o grande adversário.

Últimas temporadas. O vôlei japonês vive tempos de reconstrução, depois das ausências no Mundial-2014 e nos dois últimos Jogos Olímpicos. Até recebeu um dos grupos das eliminatórias para a Rio-2016, mas ficou atrás de Irã, Austrália e China. Em 2015, pela 11ª vez consecutiva, sediou a Copa do Mundo e foi sexto, campanha em que o ponto alto foi a derrota no quinto set para a Rússia. Na Copa dos Campeões-2017, também em casa, perdeu todos os cinco jogos e segurou a lanterna. Na Liga, foi 14º no ano passado e 12º neste. Em contraponto aos infortúnios nas grandes competições, o Japão tem dominado o Campeonato Asiático: venceu os eventos de 2015 e 2017, com vitórias sobre iranianos e cazaques, respectivamente.

O comandante. Desde outubro de 2016, Yuichi Nakagaichi, 50 anos, está na preparação do time para os Jogos de Tóquio em 2020. Semanas depois da escolha, protagonizou um acidente de carro, ferindo um homem, quase perdeu o emprego, mas reconheceu o erro e, para zerar o caso, pagou uma multa. Como jogador, defendeu o Japão nas Olimpíadas de 1992 e em outros certames dos anos 1990. Por trás de Nakagaichi, na função de auxiliar, está o experiente francês Philippe Blain, que tem bom histórico em Mundiais: como jogador, foi MVP em 1986; como treinador, foi bronze com a França em 2002; como assistente de Antiga, foi ouro em 2014 com a Polônia.

Nakagaichi em ação na Liga 2017 (Reprodução do site da FIVB)

O time. MVP do último Campeonato Asiático, o ponta Ishikawa, 22, que defendeu o italiano Latina na temporada passada, desponta como protagonista. Ele dividirá a responsabilidade com Yanagida, 26, também ponta e atualmente na liga germânica, e Otake, 22, oposto, um dos mais altos do elenco, com 2,01 m. Além deste, somente outros três japoneses ultrapassam a barreira dos dois metros.

Peitando os europeus. Hoje coadjuvante, o Japão foi uma das potências do vôlei nas décadas de 1960 e 1970, graças, sobretudo, a um novo jeito de jogar, baseado no sistema 5x1, com um sem-fim de combinações ofensivas, que privilegiavam ataques mais velozes, bem sincronizados, treinados exaustivamente, e que realçavam a figura do levantador. O time nipônico começou a incomodar as forças da época já no Mundial de 1962, o segundo em que participava. Terminou em quinto, perdendo para a União Soviética e vencendo a Romênia em jogos de cinco sets. Em 1966, repetiu a posição, mas triunfou diante de soviéticos e checos, os únicos campeões do mundo até aquele momento.

Bronze Mundial. Em 1970, alcançou a medalha de bronze, se classificando atrás de Alemanha Oriental, a quem venceu por 3 a 2, e da Bulgária. Foi o primeiro país fora do Leste Europeu a conquistar um pódio no certame. Em 1974, voltou ao terceiro lugar, seguindo Polônia e URSS. Findada essa boa sequência, os japoneses teriam como melhor resultado o quarto lugar de 1982, em que perdeu para o Brasil na semifinal. O esporte passou por novas evoluções, nas quais a estatura era elemento-chave. Carente de jogadores altos, o Japão acabou escanteado. Em 2014, depois de 14 participações seguidas, ficou fora do Mundial, deixando a vaga escapar para a Coreia do Sul.

Ouro olímpico. Antes de brilhar no Mundial, o Japão fez seu nome nas Olimpíadas de Tóquio, em 1964, a primeira com a presença do vôlei: conquistou o bronze, com sete vitórias em nove jogos, uma delas sobre a União Soviética, que ficaria com o título. Poderia ter ido mais alto, não fossem as derrotas para Hungria e Checoslováquia. Na edição seguinte, em 1968, subiu um degrau e levou a prata, atrás apenas dos soviéticos. E, em 1972, o vôlei japonês atingiu o ápice de sua história, sagrando-se campeão olímpico em cima da Alemanha Oriental (3 a 1). Dois integrantes daquele time, Morita e Oko, hoje figuram no Hall da Fama.

Restou o Asiático. Outros resultados de ponta foram os dois vices da Copa do Mundo, em 1969 e 1977. Depois, só se viu a bandeira do país no pódio de um torneio da FIVB na Copa dos Campeões-2009. Mais um retrato dos tempos de baixa é a parca presença em Jogos Olímpicos: nos últimos cinco, só disputou 2008. Ao menos, no Campeonato Asiático, apesar do crescimento do Irã, o Japão segue como potência e goza do status de maior vencedor, com nove troféus, quatro deles de 2005 em diante.

BÉLGICA

A Bélgica foi um dos primeiros países a investir no vôlei e é uma das fundadoras da Federação Internacional, mas acabou sufocada pelas seleções do Leste. Depois de 1978, desapareceu do cenário, inclusive europeu, ressurgindo apenas nos últimos anos. Neste intervalo, viu a vizinha, e sempre rival em qualquer esporte, Holanda despontar como potência e voltar ao ostracismo. A situação anda mais vermelha que laranja nos dias atuais.

Perspectivas. No grupo encabeçado pela Itália, uma das anfitriãs, a Bélgica é forte candidata à vaga – são quatro. Ainda está fresca na memória do torcedor de ambas seleções a vitória vermelha sobre a Azurra por 3 a 0 nas quartas de final do último Europeu. Mas o clima de “tudo ou nada” deverá ser visto nos jogos parelhos contra Argentina, Eslovênia e Japão, sem favoritismo anunciado para qualquer lado. Diante da República Dominicana, deverá sobressair com facilidade. O número de triunfos nesta fase determinará as pretensões belgas na etapa posterior. O caminho para ser surpresa está aberto.

Como se classificou. Foi segunda, atrás da Eslovênia, no Grupo C das eliminatórias europeias, indo para a repescagem. Nesta, como anfitrião, venceu Alemanha, bronze em 2014, e Estônia, entre outras, carimbando passaporte para seu nono Mundial.

Últimas temporadas. As exibições recentes da Bélgica confirmam seu crescimento. Em 2017, pela primeira vez, se classificou entre as quatro melhores seleções da Europa. Na fase de grupos, bateu a França. Nas quartas, foi a algoz da Itália. Na semifinal e no jogo do bronze, perdeu para Rússia (3 a 0) e para a Sérvia (3 a 2), respectivamente. Na edição anterior, em 2015, tinha terminado em décimo. Na Liga Mundial-2017, esteve próxima de uma vaga na fase final, mas, em desvantagem no set average, viu os Estados Unidos seguirem, terminando em sétimo. Essa performance, porém, não foi levada em conta pela FIVB na hora em que escolheu os 16 times da Liga das Nações-2018. Os belgas tiveram de jogar a Liga de Ouro da Europa, que classificaria campeão e vice para a Challenge Cup, uma espécie de divisão de acesso. Caíram logo nos grupos.

Bélgica no Europeu 2017 (Reprodução do site da CEV)

O comandante. Quando se credenciou para o Mundial, a Bélgica era treinada por Vital Heynen, que, no fim do ano passado, partiu para voos maiores, aceitando o convite da Polônia. Em março, o experiente italiano Andrea Anastasi, 57, foi anunciado. É a quarta seleção que ele dirige. Pela Azurra, venceu duas Ligas e dois Europeus entre 1999 e 2003; levou a Espanha ao inédito título do continente em 2007; e deu à Polônia seu primeiro ouro na Liga em 2012. Desde 2014, comanda o polonês Trefl Gdańsk. Como atleta, atuava na função de ponteiro-passador e foi um dos campeões mundiais pela Itália em 1990.

O time. Além de capitão, Sam Deroo, 26, é a estrela dos Dragões. O ponta tem carreira consolidada na Polônia, onde já venceu a liga duas vezes pelo ZAKSA. Três membros do time medalha de bronze no Europeu-Sub 18 em 2007, a primeira do país em qualquer campeonato de vôlei, seja adulto ou não, seguem importantes: o oposto Van Den Dries, 29, os centrais Van De Voorde, 28, e Verhees, 28. Da nova geração, destaque para Steuer, 22, melhor líbero do Europeu-2017.

No meio dos Golias em Mundiais. Dos nove primeiros Mundiais realizados, a Bélgica esteve em seis. Embora sem êxito, foi uma das poucas seleções da Europa Ocidental que tentaram se colocar entre as potências do Leste. A melhor campanha é o oitavo lugar de 1970. Nessa edição, competiram 24 times, e os belgas conseguiram se classificar para o octogonal decisivo, disputado no sistema de pontos corridos. Eles estavam cercados por seis países da Cortina de Ferro, mais o Japão. A diferença técnica era exorbitante, e o saldo derradeiro não poderia ser outro: sete derrotas e dois sets vencidos. Os Dragões Vermelhos não foram vistos nos Mundiais por 36 anos O retorno se deu em 2014, quando tiveram o azar de cair numa chave dificílima, com Itália, Irã, França e Estados Unidos. Contra estes dois últimos, perderam apenas no tie-break. Vitória mesmo só diante de Porto Rico. No fim, um 17º lugar e muita expectativa pelos anos vindouros.

A ressurreição dos Dragões. A Bélgica figurou apenas uma vez em Olimpíadas, em 1968, terminando em oitavo entre dez participantes, com duas vitórias, uma delas sobre o Brasil. Depois do Mundial-1978, somente se falou de vôlei belga no fim do século XX, quando o maior clube do país, o Noliko Maaseik, foi duas vezes vice da Champions League, em 1998 e 2000. A seleção só emergiria do ostracismo em 2007 ao se classificar para o Europeu, findando ausência de 20 anos. E não pararia de evoluir. Em 2013, os belgas comemoraram seu primeiro título, o da Liga Europa, torneio que reúne times de nível intermediário. Já na Liga Mundial, fizeram sua première em 2014, pela segunda divisão. Chegariam à elite em 2017.

ESLOVÊNIA

A Eslovênia é uma das gratas revelações do vôlei neste século. Há três anos, surgiu como zebra na Europa, flertou com a glória e festejou a prata. Decerto, futuros jogadores de vôlei despertaram naquele outono. Agora, mais calejada e igualmente despretensiosa, faz inédita incursão num torneio da FIVB.

Perspectivas. A Eslovênia não somente debutará em Mundiais, como também fará sua primeira aparição num torneio de elite da FIVB. Empolgada com o vice europeu em 2015, a meta é avançar de fase. Para tanto, jogará suas fichas nos duelos contra Argentina e Japão, adversários que enfrentou raras vezes em sua história. Bélgica e Itália, outros rivais de grupo, são velhos conhecidos. Venceu os belgas nas eliminatórias e perdeu para eles no Europeu passado, ocasião em que eliminou os italianos.

Como se classificou. Venceu o Grupo C das eliminatórias europeias, do qual foi sede, enfrentando, como principais oponentes, Bélgica e Portugal.

Últimas temporadas. Sob o comando de Andrea Giani, a Eslovênia tornou-se conhecida no universo do vôlei em 2015, quando se sagrou vice-campeã europeia, em decisão contra a França, após eliminar a Polônia nas quartas por 3 a 2 e a Itália na semifinal por 3 a 1. Antes desta incrível jornada, o país ocupava o 39º lugar no ranking da FIVB e tinha como marca relevante o título de um torneio disputado por forças secundárias, a Liga Europa, também em 2015. Em 2017, voltou a ser algoz dos poloneses nos playoffs, mas foi batida com rapidez pela Rússia nas quartas, terminando em oitavo. Apareceu pela primeira vez na Liga em 2016, levando a terceira divisão. No ano seguinte, conquistou a segunda e o direito de estar na elite em 2018, mas a FIVB resetou tudo, iniciando a Liga das Nações, e a deixou de fora.

Eslovênia no Europeu 2015 (Reprodução do site da CEV)

O comandante. Em janeiro de 2017, Giani aceitou o convite para treinar a Alemanha. Coube então ao sérvio Slobodan Kovac, 50, o desafio de conduzir os eslovenos ao seu primeiro Mundial. Antes, ele treinara o Irã nas grandes campanhas de 2014: quarto na Liga e sexto na Polônia. Quando jogador, era ponta e fez parte da Iugoslávia campeã olímpica em 2000 e vice mundial em 1998. Também dirige o Ankara, da Turquia.

O time. O sexteto titular deve ser o mesmo que disputou a final contra a França no Europeu-2015. Naquela ocasião, o ponto Tino Urnaut, 29, ex-Modena (ITA), foi eleito para a seleção do campeonato. Ao seu lado, seguem os centrais Kozamernik, 22, e Pajenk, 32, o ponta Čebulj, 26, o oposto Gasparini, 34, e o levantador Vinčič, 31.

REPÚBLICA DOMINICANA

Falar em vôlei na República Dominicana traz logo à memória o time feminino, que tem crescido bastante nos últimos anos, saindo da sombra de Cuba. Mas chegou a hora dos homens mostrarem seu valor. A classificação para o Mundial é o maior momento da história da seleção masculina. O passo seguinte é o mais difícil: continuar evoluindo.

Perspectivas. Estar na Itália, no grupo da anfitriã, já é motivo para os dominicanos festejarem. No entanto, para a imprensa, jogadores e comissão técnica mostram confiança numa ida à segunda fase e até antecipam a estratégia: vencer Bélgica e Japão. Na prática, as chances de isso acontecer são poucas. Pesa contra a inexperiência em torneios de nível mundial. A República Dominicana se aproveitou bem do excesso de vagas que a FIVB destina à NORCECA em seus eventos – são cinco. Agora, é trabalhar para não fazer feio.

Como se classificou. Foi vice-campeã do Campeonato da NORCECA, em que estavam em jogo três vagas. Fará sua segunda participação no Mundial.

Dominicanos no campeonato continental em 2017 (Reprodução do site da NORCECA)

Últimas temporadas. Longe dos torneios da FIVB desde 1974, a República Dominicana se concentra nas competições continentais. E foi a boa performance numa delas, a prata no Campeonato da NORCECA, que veio o passaporte para o Mundial-2018. Num cotejo esvaziado pela ausência de Cuba e Porto Rico, que abdicaram da disputa em virtude dos furacões Irma e Maria, o mérito dominicano foi vencer o México na semifinal por 3 a 0. Mais calejados, com participações na Polônia-2014, na Rio-2016 e em Ligas, os mexicanos eram favoritíssimos. Deu zebra, porém. Na decisão, uma esperada derrota para os Estados Unidos. Na Copa Pan-Americana, foi eliminada nas quartas em 2015, 2016 e 2017 e foi a décima em 2018.

O comandante. O venezuelano José Gutiérrez Sánchez foi contratado com urgência no início do ano. Em seu primeiro desafio no cargo, levou a República Dominicana ao sexto lugar dos Jogos Centro-Americanos e do Caribe, um resultado pífio. Seu antecessor, e responsável pela classificação ao Mundial, o cubano Orlando Samuels recebeu bolada num olho em treinamento e precisou fazer cirurgia.

O time. A República Dominicana não desfrutará de força máxima no Mundial. No início de setembro, Wilfrido Hernández e Pedro García, dois atletas importantes, foram cortados por indisciplina. Assim, as esperanças do treinador recaem sobre os opostos Tapia Santana, 26, e Cáceres Gómez, 37, e o ponta Contreras de los Santos, 39. Gómez tem passagem pelas ligas espanhola e italiana. Já Contreras, além destas, também se aventurou na Rússia, na Polônia e nos brasileiros Betim e Taubaté.

Um solitário Mundial. Em sua primeira participação no Mundial do México, em 1974, a República Dominicana entrou como convidada, fez três jogos, perdeu todos e terminou em 22º. Mas não passou vergonha: tirou um set da Holanda e levou o duelo contra a Tunísia para o tie-break. Com o tempo, Cuba e Estados Unidos se consolidaram como potências no continente e pouco sobrou para os demais países. Vaga em Olimpíadas nunca esteve no radar. Tampouco, se aventurou alguma vez na Liga. Em Jogos Pan-Americanos, o quarto lugar de 1955 e 1959 é o melhor resultado. A última participação foi em 2003, quando era anfitriã. Na Copa Pan-Americana, que substituiu a Copa América, os dominicanos somam uma prata, em 2006, e três bronzes (2008, 2009 e 2012), mas são feitos relativos, pois as grandes seleções costumam usar elencos reservas.

 

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