Foram 30 000 espectadores que tiveram o privilégio de assistir a um jogo bombástico com 5 golos em 90 minutos incríveis. O Moreirense chegou a ter uma vantagem de 0-2 mas o Porto teve alma para disfarçar as debilidades virando o resultado para 3-2. Para os cónegos, Iuri Medeiros (7 golos na Liga) e Fábio Espinho marcaram mas Layún, Suk e Evandro estragaram a festa dos forasteiros. O Porto volta a colocar-se no caminho do título, ficando à espera do que o Sporting fará no fecho da jornada 23 da Liga NOS.

Primeira Parte: Moreirense de garra abanou o dragão

O recinto do Dragão vestiu-se a rigor para o Porto x Moreirense da jornada 23 da Liga NOS. Para a formação de José Peseiro, ganhar era imprescindível, e o estratega lançou para as 4 linhas Marcano, Chidozie e a grande surpresa Suk, que deixou Aboubakar a aquecer o banco de suplentes. O juíz da partida, Luís Ferreira, deu o apito inicial às 18h15 e foi o Porto a dar o pontapé de saída no duelo. Os azuis e brancos iniciaram a partida com dinamismo e com posse de bola segura e rápida. O Moreirense entrou com uma postura cautelosa e com o bloco baixo, sem expor o seu último reduto. Os cónegos deram o primeiro aviso a Casillas, com Boateng a conduzir um contra-ataque venenoso que culminou com um tiro que falhou o alvo por escassos centímetros. Este lance foi fruto de uma perda de bola de Herrera, que permitiu ao seu oponente lançar a contra ofensiva.

Os dragões dominaram por completo na posse de bola, mas o Moreirense estudou muito bem as debilidades dos azuis e brancos. Depois da ameaça, Boateng contra atacou novamente e rematou para defesa de Casillas. Na recarga, a estrelinha Iuri Medeiros balançou a rede à passagem do minuto 10. O luso leva já 7 tentos na Liga e aproveitou muito bem mais um disparate defensivo dos invictos. Na resposta, Suk cabeceou com perigo e obrigou o guardião forasteiro a aplicar-se para evitar a igualdade. O futebol portista não fluiu nos últimos 30 metros e faltava claramente maior clarividência no passe para os avançados.

André André e Brahimi foram as desilusões, e quem agradeceu foi o Moreirense, que montou uma barreira coesa a defender e sempre pronto a sair para o ataque. No desporto rei só cai nos mesmos erros quem quer, e o Porto assim quis: contra-ataque veloz dos cónegos e Fábio Espinho encarou Casillas, ampliando para 0-2 e deixando a defesa azul e branca muito mal na fotografia aos 28 minutos. Os pupilos de Peseiro não criaram qualquer perigo na primeira meia hora e ficou a questão: André André e Herrera onde está o equilíbrio no miolo?

Foto: Facebook do FC Porto
André André esteve muito apagado // Foto: Facebook do FC Porto

Os minutos passavam e o melhor que o Porto fez foi um remate intenso de Maxi, defendido para canto. Na conversão, os dragões levaram o esférico a embater na barra depois de uma cabeçada de Suk. Os laterais Layún e Maxi foram as unidades em maior foco, mas os extremos Brahimi e Corona não ofereceram a profundidade habitual para criar desequilíbrios na defesa dos cónegos. O uruguaio Maxi Pereira foi, sem dúvida, o mais inconformado, e num lance rápido sofreu grande penalidade ao minuto 41 (lance polémico porque fica a sensação de não existir contacto sobre Maxi). Para bater, o outro lateral, Layún, partiu para a bola e furou a rede para o 1-2. Os defesas portistas foram as figuras dos invictos e desenharam o lance que culminou no golo e relançou o jogo para a segunda parte. Antes do intervalo, André André resolveu entrar em campo e, num tiro potente, obrigou Stefanovic a uma parada de outro mundo. No contra-ataque, Boateng ficou perto de ganhar posição para fazer o gosto ao pé.

Ao intervalo, vantagem justa do Moreirense, que foi a equipa mais inteligente no xadrez de jogo dos treinadores. Iuri Medeiros e Boateng foram os quebra cabeças para a defesa do Porto, e nos dragões Maxi e Layún remaram contra a maré numa primeira parte fraca dos pupilos de Peseiro.

Segunda Parte: reviravolta à Porto

Para o segundo tempo, os dragões entraram em grande estilo e Layún subiu que nem uma flecha pelo flanco, cruzando para a cabeça de Suk que falhou por pouco. O meio campo azul e branco apresentou-se muito mais dinâmico, beneficiando da entrada de Evandro ao intervalo. O sufoco portista acentuou-se, mas os cónegos criaram perigo usando a fórmula contra-ataque e Fábio Espinho ficou pertíssimo de trocar as voltas a Chidozie. Pouco depois, foi Nildo a testar Casillas, aproveitando a passividade da estática defesa dos dragões. O desempenho do miolo melhorou mas continuaram a subsistir os espaços no último reduto azul. O transfigurado Brahimi falhou um golo cantado ainda no primeiro quarto de hora surgindo solto na cara do guarda-redes falhando escandalosamente.

Suk foi um dos autores dos golos // Foto: FC Porto
Suk foi um dos autores dos golos // Foto: FC Porto

A meia hora do fim, Peseiro retirou Chidozie e apostou em Marega arriscando tudo para chegar no mínimo à igualdade. No ataque louco às redes de Stefanovic, os dragões trocaram o esférico com rapidez mas faltavam rasgos de criatividade dos extremos para demolir o muro do adversário que estava cada vez mais coeso. O técnico dos cónegos aplicou uma estratégia ainda mais defensiva e era no mínimo estranho ver Aboubakar no banco… Sem criar perigo na área, o Porto apostou na meia distância com Herrera a atirar ao lado. No pressing ofensivo portista, os dragões chegaram ao empate na sequência de um canto com o rei Layún a assistir o ex-Setúbal Suk, que rematou para o fundo das redes ao minuto 72. O japonês galvanizou-se e ficou perto de dar a volta ao marcador no minuto a seguir ao empate.

A emoção no Estádio do Dragão não ficou por ali e, num lance de insistência, Evandro fez o gosto ao pé depois de uma recuperação de bola de Herrera, jogava-se o minuto 76. Embalados pela reviravolta, os azuis e brancos não pararam e Brahimi, na transformação de um livre, falhou o alvo por pouco. O Moreirense ficou atordoado e sem reação para voltar a discutir o score. Os 30 000 mil espectadores presentes no Dragão respiraram de alívio e, numa contra-ofensiva, Varela serviu Marega que chegou tarde ao cruzamento. Nos minutos finais, o Porto limitou-se a gerir o esférico sem sofrer qualquer incómodo do desanimado Moreirense.

Em tempo de compensação, os cónegos beneficiaram de um livre e foi com muito coração que tentaram colocar na área, mas os invictos aliviaram o esférico, soando pouco depois o apito final do árbitro do duelo. O apito final provocou uma explosão de alegria no recinto de jogo, numa noite em que o Porto registou uma reviravolta de 0-2 para 3-2 deixando os azuis novamente na pista do título. A primeira parte foi uma nulidade para os pupilos de Peseiro e o Moreirense mereceu por completo descer para as cabines em vantagem. Na segunda parte, o Porto acelerou e foi já sem grande rigor tático que teve alma para dar a volta ao marcador de forma emotiva, o que relança animicamente um dragão frágil a defender e instável na construção de jogo a meio-campo.

A vitória acaba por se aceitar mas a postura dos cónegos merecia talvez a igualdade. No Porto, Layún, Maxi e Suk estiveram acima da média e para os forasteiros Iuri Medeiros e Fábio Espinho foram os destaques. Os dragões mantêm o 3º lugar com 52 pontos, a 3 dos líderes Sporting (menos um jogo) e Benfica. O Moreirense está na 14ª posição com 23 pontos e deixou uma imagem incrível neste grande jogo da Liga NOS.