De ego cheio depois da importante vitória no Estádio da Luz para o Campeonato, o Porto viajou até à Alemanha com a ambição de fazer frente ao difícil Borussia Dortmund. O problema central de Peseiro parecia estar resolvido com a convocatória de Marcano, contudo o técnico conseguiu surpreender no 11 inicial - optou por jogar apenas com um central de raiz, Martins Indi, a fazer par com Layún, recuando Herrera e fazendo alinhar Sérgio Oliveira e Marega. Um movimento arriscado que poderia ter compensado, mas tal não se verificou - o sempre seguro Dortmund acabou mesmo por vencer por 2-0, num resultado que se revelou justo.

1ª Parte: Porto apagado não soube estar à altura

O jogo começou mal para o Porto desde o apito inicial. O Dortmund, que não hesitou em mostrar a sua veia ofensiva desde cedo, viu logo ao minuto 1 Mikhtarian a fazer um cruzamento perigoso, ainda que sem resultados práticos. O Porto tentou responder no minuto seguinte com um canto de Layún, mas na altura de concretizar Sérgio Oliveira não ofereceu perigo. Como que de súbito inspirado, o Dortmund não deixou a tentativa passar em branco e ripostou com Aubameyang, que só foi parado por Indi. Perante este panorama, não foi com surpresa que o Dortmund se conseguiu pôr em vantagem desde cedo - Mikhtaryan voltou a estar em destaque ao passar de forma eficiente para Piszczek, que tentou uma vez e foi impedido por Casillas, voltando a tentar e desta vez a ser bem sucedido. Criava-se desde cedo um problema para o Porto que, aos 6 minutos, já se via em desvantagem e com problemas sérios na defesa frágil que apresentava.

Se os adeptos do dragão esperavam um Porto que se assumisse mais em jogo depois do golo, este não surgiu. De facto o Porto parecia mais apagado a cada minuto, com dificuldades no ataque perante um Borussia dominante e bem composto. As tentativas ténues dos dragões demonstravam a sua desconcentração, especialmente ao minuto 14 quando Brahimi e Aboubakar pareciam perto de uma potencial jogada perigosa, mas o entendimento entre os dois foi só um sonho. No entanto, e à medida que avançavam na partida, os azuis e brancos pareciam procurar mais jogar de igual para igual, mas sem sombra de dúvidas longe da pressão que o Dortmund continuava a exercer e sem conseguir trespassar a eficaz defesa adversária. Apesar da melhoria, as carências do sistema tático que Peseiro procurava imprimir eram evidentes, e se o Borussia não voltou a marcar foi por mero acaso. Realce para o minuto 27 quando, em contra-ataque, os alemães, através de Aubameyang, se destacaram no ataque. Quem ficou a brilhar foi, mais uma vez, Martins Indi, que soube fazer o corte necessário e desviar o perigo.

Foto: Facebook do FC Porto
Foto: Facebook do FC Porto

Perante este cenário a meia hora passou e o mesmo Borussia continuava no domínio da partida. Para o Borussia faltava um 2º golo que permitisse ir para o descanso com mais segurança, mas uma falta de pontaria e atenção da defesa portista valeram para manter o marcador intacto. Já um Porto mais desafiante apresentava-se como um adversário mais interessante, mas ainda assim permaneciam dificuldades em criar perigo e conseguir jogar de igual para igual. O primeiro remate dos dragões à baliza adversária chegou somente ao minuto 33, mas Sérgio Oliveira voltou a não saber aproveitar - o lance começou em Varela que deixou para Brahimi, com o argelino a passar para o colega de equipa Sérgio Oliveira que rematou à figura do guarda-redes. Já ao minuto 44 foi Marega que poderia ter marcado, não fosse o passe de Herrera ser forte de mais.

Com a chegada do descanso ficava registo de um Porto dominado mas a procurar inverter o cenário, ainda que com algumas dificuldades. O Borussia poderia mesmo ter marcado em algumas outras ocasiões, contudo a defesa do Porto soube impedir o aumento da vantagem, que parecia mesmo o resultado mais provável no global dos 45 minutos iniciais.

2ª parte: O pior acabou mesmo por acontecer

O 2º bloco de jogo foi jogado noutro tom desde cedo. Apesar de o Dortmund continuar em destaque o Porto estava com mais energia e a equipa de recurso parecia mais coesa, conseguindo mesmo baixar o ritmo de jogo. Ainda assim o ataque dos alemães era uma realidade e aos 51’ a equipa da casa ficou a pedir penálti, mas o árbitro nada assinalou. Aos 53’ voltaram a avisar, com o suspeito Mikhtaryn a aparecer outra vez, mas a cabecear para as mãos de Casillas. Assim se manteve o jogo, com iniciativas sobretudo do Dortmund, mas com um Porto mais forte defensivamente e a saber responder melhor a estes ímpetos ofensivos.

Foto: Facebook do Borussia Dortmund
Foto: Facebook do Borussia Dortmund

Com este cenário não foi com surpresa, mais uma vez, que o Dortmund voltou a mexer no marcador, desta feita por Reus. O alemão aproveitou um erro de Angel e rematou sem piedade, deixando Casillas sem reação e conquistando uma vantagem importante para a sua equipa. O golo pareceu acordar finalmente os azuis e brancos que começaram a subir no terreno, sobretudo com a entrada de Evandro que permitiu a Herrera subir em campo. Destaque para Marega, ao minuto 80, que esteve insistente na procura do golo. No entanto, se o Porto atacava o Borussia atacava a seguir, e era difícil perceber quem queria mais marcar: se o Porto o primeiro, levando a pequena vantagem de um golo fora, ou se o Borussia o terceiro, para tornar a tarefa mais difícil para o Porto no jogo da 2ª mão. Nestes duelos, destaque para Casillas que defendeu um remate de Kagawa ao minuto 81 e um cabeceamento de Mikhtaryan aos 85’, com o guardião espanhol a ter um enorme impacto a impedir o 3º dos alemães.

Perto dos minutos finais, destaque para um Porto que parecia querer o golo a todo o custo. Aos 89’ Evandro esteve pertíssimo do golo, e assim procurou continuar nos 5 minutos de compensação, nomeadamente por Suk que, aos 92’, cruzou para defesa de Burki. A sorte não esteve do lado dos dragões e o apito final acabou mesmo por ditar a derrota do Porto por 2-0, deixando o cenário para a 2ª volta mais desfavorável para os portugueses.

Em suma, um Porto desconcentrado e fraco a construir oportunidades de golo acabou mesmo por perder na Alemanha, tendo obrigatoriamente de ganhar por 3-0 no Dragão para passar à próxima fase. Esta vitória mostrou-se justa, dado que os alemães estiveram sempre no domínio da partida, num resultado que não se pode dizer inesperado. Peseiro não deveria ter arriscado tanto na equipa, e é mesmo incompreensível a troca direta entre Aboubakar e Suk, quando o técnico deveria ter apostado em dois pontas-de-lança para tentar ganhar a todo o custo. Ainda assim, o Porto tem reais hipóteses de passar à próxima fase, caso consiga fazer um brilharete no dragão com o apoio dos seus incansáveis adeptos.