Elevar o nome de uma equipe ao topo do cenário do futebol nacional é, certamente, a meta de qualquer cartola. Se acontecer em dois anos consecutivos, melhor ainda. Para Gilvan de Pinho Tavares, presidente do Cruzeiro, isso foi uma realidade há três anos. No entanto, desde a glória celeste em 2013/14, nada mais tinha alcançado a Raposa até a Copa do Brasil de 2017, vencida pelo time mineiro nessa quarta (27).

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O ainda presidente da Raposa afirmou que deixa o cargo aliviado. "Eu já tinha a consciência tranquila que estava fazendo um bom trabalho. Mas, as conquistas trazem a certeza. Estou saindo com a consciência aliviada, de ter dado essa conquista à torcida do Cruzeiro", pontuou.

Gilvan, que encerra seu segundo mandato à frente do clube mineiro neste ano, via no torneio mata-mata a oportunidade de 'salvar' seu segundo triênio. A eleição para o novo presidente do Cruzeiro acontece no dia 2 de outubro, e, com isso, o novo mandatário da Raposa assume em 1º de janeiro de 2018. 

"Meu candidato [Wagner Pires de Sá] está disputando a presidência, que o Wagner, e tem muita chance de vencer. Se ele vencer, eu estarei com ele, e o Bruno [Vicintin] também. Nós vamos tentar melhorar esse time, para trazer a Libertadores", comentou. Wagner é o candidato da posição, ao passo que Sérgio Santos Rodrigues é o da oposição.

Gilvan assumiu a presidência do Cruzeiro em 2012, ano seguinte ao que quase registrou a primeira queda do time para a série B do Campeonato Brasileiro. Ele afirmou que queria deixar a 'casa' de uma maneira diferente da que encontrou. "Quando assumi a presidência do Cruzeiro, prometi que a gente nunca mais passaria pelo medo de ser rebaixado, como foi em 2011. Em 2012, tizemos uma colocação boa, em 2013/2014, fomos campeões brasileiros, mineiros e quase da Copa do Brasil. Agora um título que nos deixa muito orgulhosos", afirmou.

A três meses de deixar a presidência do clube mineiro, Gilvan comandou a equipe em momentos bem distintos. A VAVEL Brasil vai relembrar cada temporada do mineiro à frente do agora campeão da Copa do Brasil.

Triênio 2012/14: ápice da Raposa com Gilvan

Um vitória por 6 a 1 sobre o maior rival, Atlético-MG, no Brasileirão de 2011, evitou o que seria o primeiro rebaixamento do Cruzeiro para a segunda divisão na história. Esse cenário, de uma equipe aos 'trancos e barrancos', foi o que encontrou Gilvan Tavares no ano seguinte. Em 2012, o mineiro assumiu a presidência do clube ao suceder Zezé Perrella, que já somava três comandos seguidos.

Novo mandatário do time celeste, Gilvan tratou de arrumar a casa já em 2012. Naquele ano, porém, o Cruzeiro terminou o Campeonato Brasileiro na nona posição, com 52 pontos, foi eliminado nas oitavas da Copa do Brasil pelo Atlético-PR, tendo ainda caído na semifinal do Campeonato Mineiro para o América-MG.

Se o primeiro ano de Gilvan à frente do Cruzeiro não foi como ele esperava, o segundo apresentou um enredo bem diferente. A Raposa abriu 2013 de casa nova, retomando suas partidas no Mineirão (o Gigante da Pampulha estava sendo reformado para a Copa do Mundo de 2014), e conquistou o Campeonato Brasileiro após uma década. Soberano, o time mineiro pintou o país de azul e branco com uma equipe bem diferente daquela da temporada anterior.

O elenco de 2013 do Cruzeiro de Gilvan teve a forte influência dos trabalhos de Alexandre Mattos, diretor de futebol da Raposa na época - atualmente, exerce essa função no Palmeiras. Mattos, com o aval do presidente celeste, uniu um grupo sem estrelas, mas com força e foco no coletivo. A equipe comandada pelo técnico Marcelo Oliveira, que tinha atletas como Ricardo Goulart, Éverton Ribeiro, Dagoberto e Willian encantou o futebol nacional com a forma de jogar. 

O que não entrou na conta da Raposa em 2013 foram Campeonato Mineiro e Copa do Brasil. No estadual, o Cruzeiro perdeu na decisão para o Atlético-MG, enquanto no torneio nacional restou a queda nas oitavas de final para o Flamengo. Posteriormente, o clube carioca foi campeão da Copa do Brasil.

Para 2014, a base dos campeões de 2013 foi mantida. A diretoria do Cruzeiro soube se portar em meio às movimentações do mercado e não permitiu a saída de suas principais peças. E mais, reforços pontuais chegaram à Toca, como o atacante Marcelo Moreno. Já no início da temporada, o clube voltou a conquistar o Campeonato Mineiro, troféu que não levantava desde 2011.

No decorrer do ano, o time mineiro voltou a apresentar grandes atuações, e o resultado foi a conquista do Brasileirão novamente. Pela primeira vez na história do futebol mineiro, um time do estado alcançava o bicampeonato brasileiro. Ainda em 2014, o Cruzeiro foi vice-campeão da Copa do Brasil, perdendo a decisão para o Atlético-MG e também a chance de voltar a conquistar a Tríplice Coroa (em 2003, o time celeste venceu Mineiro, Brasileiro e Copa do Brasil).

Como venceu o Brasileirão de 2013, a Raposa se classificou para a Libertadores de 2014. No torneio continental, foi eliminada nas quartas de final pelo San Lorenzo, da Argentina, que seguiu vivo na competição até conquistar o título.

BALANÇO

Temporada 2012
Campeonato Mineiro: terceiro lugar (queda para América-MG na semi)
Copa do Brasil: queda nas oitavas para Atlético-PR
Campeonato Brasileiro: nono lugar

Temporada 2013
Campeonato Mineiro: vice-campeão (Atlético-MG campeão)
Copa do Brasil: queda nas oitavas para o Flamengo
Campeonato Brasileiro: campeão

Temporada 2014
Campeonato Mineiro: campeão (Atlético vice-campeão)
Copa do Brasil: vice-campeão (Atlético-MG campeão)
Campeonato Brasileiro: campeão
Libertadores da América: queda nas quartas para San Lorenzo (ARG)

Triênio 2015/17: da glória à recessão 

Se o primeiro triênio de Gilvan no Cruzeiro teve um balanço positivo, o segundo não. O mineiro foi reeleito no fim de 2014 para o período 2015/2017, que não tomou os mesmos rumos dos anos anteriores. Para se ter uma ideia, caso o Cruzeiro vença o Flamengo e conquiste a Copa do Brasil de 2017, será o primeiro título da Raposa após seus últimos anos de ouro - 2013 e 2014. 

Em 2015, a tônica do início da temporada passada não se repetiu. A diretoria do Cruzeiro não conseguiu manter a força de seu elenco, que aos poucos foi tendo seu perfil alterado. Na Libertadores, o time celeste caiu nas quartas para o River Plate ao perder por 1 a 0 na Argentina no jogo de ida e, em seguida, ser derrotado no Mineirão por 3 a 0. A eliminação na competição continental fez o técnico Marcelo Oliveira balançar no cargo, durando apenas mais um jogo.

Após a saída de Marcelo, Gilvan e a diretoria do clube agiram rápido e trouxeram Vanderlei Luxemburgo, que não foi bem. Ainda em 2015, o Cruzeiro apostou em Mano Menezes, que tirou a equipe da briga para não cair no Brasileirão, terminando o campeonato na oitava posição.

Na Copa do Brasil de 2015, a Raposa foi eliminada pelo Palmeiras nas oitavas de final após perder as partidas de ida e de volta. Já no Campeonato Mineiro daquele ano, a queda foi na semifinal, para o Atlético-MG. Página virada de um ano ruim para os cruzeirenses, e 2016 com boas novas, certo? Errado.

Mano Menezes deixou o comando da equipe ao receber uma boa proposta da China, e seguiu no cargo o ex-jogador Deivid, que já integrava a comissão técnica. Não durou muito, e a diretoria do Cruzeiro admitiu outro treinador: o português Paulo Bento - nesse ínterim, atuou Geraldo Delamore. A adaptação do estrangeiro foi complicada, e os resultados não agradaram à diretoria celeste. Filme repetido, e estava novamente nas mãos de Mano a salvação do ano.

No ano passado, o Cruzeiro caiu na semifinal do Campeonato Mineiro para o América-MG, posteriormente campeão do estadual. Na Copa do Brasil, a eliminação foi para o Grêmio, na semifinal, equipe que a Raposa bateu na mesma fase do torneio este ano. No Brasileirão, o time mineiro terminou na 12ª colocação, com 51 pontos. Novamente, um ano sem título algum.

Para 2017, Mano Menezes permaneceu no comando técnico da equipe, e Gilvan viu diante de si o último ano de um triênio até então desastroso. No Campeonato Mineiro, derrota na decisão para o Atlético, que ficou com o título. Na Copa Sul-Americana, queda para o Nacional-PAR na primeira fase.

Após viver momentos de infelicidade na temporada, o Cruzeiro, vertiginosamente, passou a apresentar um futebol convincente. A equipe de Mano Menezes disputa agora a decisão da Copa do Brasil contra o Flamengo, e, em caso de título, Gilvan de Pinho Tavares pode salvar seu segundo triênio, último na presidência do clube mineiro. A conquista pode encerrar um jejum que já dura quase três anos sem troféus para a Toca da Raposa.

BALANÇO

Temporada 2015
Campeonato Mineiro: queda na semifinal para o Atlético-MG
Copa do Brasil: queda nas oitava para o Palmeiras
Campeonato Brasileiro: oitavo lugar
Libertadores da América: queda nas quartas para River Plate (ARG)

Temporada 2016
Campeonato Mineiro: queda na semifinal para o América-MG
Copa do Brasil: queda na semifinal para o Grêmio
Campeonato Brasileiro: 12º

Temporada 2017
Campeonato Mineiro: vice-campeão (Atlético-MG campeão)
Copa do Brasil: finalista 
Campeonato Brasileiro: a definir
Copa Sul-Americana: queda na primeira fase para o Nacional (PAR)