O Brasil de Pelotas vive até aqui um grande ano de 2018. O clube mais ao Sul de mais uma Série B que se inicia trilhou um histórico Campeonato Gaúcho. Através do técnico Clemer e de um grande trabalho da diretoria xavante, o grupo de jogadores foi bem pensado e planejado, trazendo resultados satisfatórios ao presente momento.

Pensar nacionalmente agora é buscar uma boa posição, a manutenção da condição de estar entre os 40 do país e, quem sabe, num sonho ainda muito utópico, projetar a parte de cima para beliscar o acesso à linha de frente do país.

Campanha em 2018 até aqui

No Gauchão, campanha histórica. O Brasil partiu com tudo desde a primeira rodada, quando venceu o tradicional rival Juventude, o único de estadual a também estar hoje na Série B. Em casa, a escrita se manteve até o último jogo: invencibilidade. Ninguém ganhava do Xavante no estádio Bento Freitas. Fora, alguns bons resultados, colocando o time ponto a ponto pela liderança. Na última rodada, quis o destino que Brasil e Internacional brigassem pela ponta da tabela.

Durante o campeonato, o Brasil venceu o Colorado por 1 a 0 no Bento Freitas, encerrando uma sequência de 21 anos sem derrotar o Inter. Contra o Grêmio, fora de casa, perdeu por 2 a 1, mas atuava com sua zaga reserva na ocasião, pois Camilo e Héverton estavam suspensos. Contra outro poderoso adversário, 0 a 0 com o Caxias no Centenário, na serra. o Brasil mostrava estar pronto para ser o melhor do interior.

Então, na última rodada garantiu a liderança. Vitória por 2 a 1 sobre o São Paulo em Rio Grande, no clássico da zona sul. O Leão do Parque acabou rebaixado em péssima campanha. O Brasil, na ponta oposta, líder e campeão da taça dos 100 anos da Federação Gaúcha, por somar mais pontos que os adversários todos. Somente o Grêmio podia parar esse Xavante.

Nas quartas, eliminou o São Luiz e na semifinal tirou o São José, com muita dificuldade, é bem verdade, sendo somente a classificação nos pênaltis. Na final, o Grêmio sobrou quando atuou no 11 contra 10, após as expulsões de Sciola no primeiro jogo e Leandro Leite no segundo. 7 a 0 agregados ao Tricolor, no placar mentiroso, como se afirma na gíria do futebol, pois o Brasil fazia frente nos jogos de 11 contra 11, antes dos cartões vermelhos. Foi a melhor campanha xavante no Gauchão desde o vice em 1984. Uma final desse molde não acontecia em Pelotas há 63 anos. Taça de vice e campanha histórica valorizada com festa e lotação do estádio na finalíssima.

Contratações

As principais contratações são jovens. No meio de campo, bem apareceram Alisson Farias e Toty. Alisson merecia lugar em seleção do campeonato estadual, enquanto Toty se machucou algumas vezes. Na zaga, Héverton mostrou estar a cargo de xerife, em belas atuações. O zagueiro veio do rival Juventude. No ataque, Luiz Eduardo tem pinta de grande centroavante, mas conviveu com lesões. Ele veio da Caldense. Para disputar a B, chegaram Wellinton Junior da Ferroviária, além de Rafael Vitor e o atacante Kaio. O goleador do estadual, Michel, que estava no São Luiz, desembarca no Xavante como esperança de gols.

Campanha em 2017

Em 2017, o Brasil de Pelotas lutou contra o rebaixamento, mas se recuperou no comando do técnico Clemer e chegou ao oitavo posto. Uma campanha de oscilações. Belas vitórias sobre o Criciúma, mas derrotas também preocupantes. Perdeu em casa para Figueirense e Luverdense, por exemplo, sendo o segundo time rebaixado. Fora, uma atuação mítica de pressionar o Náutico, mas perdeu por erro de arbitragem. Também no Recife, sofreu goleada do Santa Cruz.

Nos duelos caseiros do estado, venceu o Juventude duas vezes e perdeu as duas para o Internacional. No seus domínios, ainda aprontou sobre o Paraná Clube e sobre Paysandu. Terminou de rebaixar o ABC de Natal. Uma campanha de meio de tabela, que pode ser melhorada com o técnico Clemer. O maranhense assumiu o Xavante no meio de 2017, após cinco temporadas e meia do histórico treinador Rogério Zimmermann, que estava de relações desgastadas com a torcida.

O que esperar?

A troca de jogadores afeta a todos os clubes, mas o Brasil mostrou atender às propostas de Clemer e tem potencial de estar na metade de cima da tabela. É uma Série B equilibrada como nos demais anos, com muitos clássicos regionais: Avaí, Figueirense e Criciúma, Guarani e Ponte, Vila, Goiás e Atlético-GO. Sem bicho papão nos níveis de Vasco e Internacional, o Coritiba, recém descido, pinta como time a ser batido. O Brasil pode sonhar com um acesso ou, ao menos, seguir reestruturando o clube, que tem feito obras de modernização do estádio. Ou seja, ficar na Série B é nada mal e, inclusive, o clube precisa desses recursos de cotas da B para manter as contas em dia.

Destaque: Alisson Farias

O meia que atuou bem demais no Gauchão, com velocidade, arremate e características que trazem o time para o ataque. Sem medo de arriscar jogadas diferentes, é um dos destaques do time. O companheiro pelo meio de campo, Calyson também vem atuando bem nas últimas partidas.

Ponto forte x ponto fraco

O ponto forte é o coletivo. Um bom grupo que deu resposta pelo entendimento entre os zagueiros, a boa ocupação dos volantes e a versatilidade do meio para frente. O ponto fraco em alguns jogos no Gauchão foi a hora de colocar a bola na rede. Mas agora os atacantes recém chegados Michel, Kaio e Wellinton Junior esperam dividir a tarefa de colocar a bola na rede, acompanhando a promissora figura de Luiz Eduardo.

Um dos pontos fracos é que o time tem um estilo de marcação bastante duro, resultando em algumas jogadas mais fortes. Nas finais do Gaúcho, por exemplo, para tentar parar o Grêmio, Eder Sciola e Leandro Leite acabaram expulsos das partidas.

Técnico: Clemer

Campeão da América e Mundial com o Inter, o ex-goleiro Clemer é um treinador considerado jovem. Passou pela própria base do Internacional, onde arrumou conhecimento e troca de figurinhas para trazer Valdemir, Alisson Farias, Mossoró e o experiente Ednei. O ex-arqueiro teve passagem vitoriosa pelo Confiança e por pouco não colocou a faixa de campeão gaúcho como técnico, feito que fez algumas vezes como jogador.

Clemer é calmo, passa instruções e aparenta ter controle do grupo e estar à vontade na cidade. É interessante ficar de olho nele e em sua equipe, pois ele tem paciência para ordenar que o time coloque a bola no chão e procure jogar. Um Brasil que vai dar trabalho para muitos adversários mais famosos na Série B.

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Sobre o autor
Henrique König
Escritor, interessado em Jornalismo e nas mudanças sociais que dele partem; poeta de gaveta.