Deniz tem 30 anos e é o mais velho dos três filhos do Cometa Brasileiro. Assim, como seu pai e seus irmão, o primogênito tentou ser jogador, porém sem sucesso. Centroavante nas categorias de base da Lusa, ele tinha dificuldade em imitar os dribles marcantes do Reizinho, por isso tinha Ronaldo Fenômeno como inspiração nos gramados.

O jovem também comentou sobre a dificuldade em se tornar jogador profissional. Para ele, ser filho do Dener atrapalhou um pouco, mas também não vê problema nisso. Deniz  demonstra muito orgulho do pai e não esconde a felicidade ao contar sobre homenagens realizadas ao Cometa Brasileiro.

“Onde nós vamos, tem um carinho imenso.”

Atualmente, Deniz (@denizgabino) é consultor bancário e realiza empréstimos consignados para aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Nacional) e possui a empresa DNR Cred.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Confira na íntegra a entrevista com Deniz Gabino

VAVEL Brasil: Vocês três tentaram seguir carreira de jogador. Até que ponto ser filho do Dener foi uma vantagem e até que ponto foi uma desvantagem? Acredita que isso vai interferir também para o Rafael?

Deniz Gabino: O sonho de toda criança é se tornar jogador de futebol e com a gente não foi diferente. O nosso primeiro contato com algum clube foi a Portuguesa. Eles sabiam do nosso interesse jogar bola. Lá foram longos anos. Eles davam uma ajuda de custos, cesta-básica, um motorista para os treinos. Nós tínhamos uma mordomia. A desvantagem era o lado de esperarem muito da gente. Os dirigentes, as pessoas do clube amam demais o meu pai e tinham um carinho enorme por nós. Por isso, nós tínhamos regalias que outros jogadores não tinham. Os outros jogadores começaram a se afastar de gente.

Eu e meu irmão Felipe íamos aos treinos, ao CT e aos outros lugares no ônibus, mas só nós dois, separados dos outros. Era difícil tocar a bola para a gente. Foi ali que eu desisti. Eu não acredito (que vai interferir na carreira do Rafael), porque o Rafael é totalmente diferente da gente. Nós tínhamos um peso, a velha história de ‘filho de peixe, peixinho é’. Ninguém impõe no Rafael que ele precisa jogar futebol. Ela faz, porque ele gosta. A brincadeira dele é futebol. É algo dele, ninguém o força a nada. 

VAVEL Brasil: Vocês podem, por favor, contar um pouco mais sobre suas carreiras no futebol? Por que vocês não seguiram no futebol?

Deniz Gabino: Na Portuguesa, eu tive um exemplo do que seria em todos clubes. Não tinha como a gente chegar em um clube, sem saberem que a gente era filho do Dener. Por isso, eu desisti. Eu gosto de jogar, mas eu acho que a carreira de jogador também não seria para mim. Eu fico desconfortável em dar entrevistas, mas eu sempre faço pelo simples fato de manter a memória do meu pai.

VAVEL Brasil: Vendo os vídeos do seu pai, são vários gols e dribles espetaculares numa época que isso não era muito comum. O Dener era um jogador a frente do seu tempo. Para cada um de vocês, qual gol ou jogada dele mais marcou vocês? E teria também algum jogo em especial que vocês guardam com carinho?

Deniz Gabino: Tem dois lances que eu gosto. Eu acho o gol contra o Santos muito bonito. Eu queria ter assistido esse jogo. E tem outro gol contra a Inter de Limeira, que minha família estava presente no campo e sempre comenta. Eles falam que foi uma explosão no Canindé. Eu também queria estar nesse jogo.

VAVEL Brasil: Todos vocês começaram na Portuguesa. Teve alguma razão especial para ser a Lusa e não outros times que o pai de vocês passou?

Deniz Gabino: Onde nós vamos, tem um carinho imenso. Eu converso com todo mundo que me procura para falar do meu pai. Muitos torcedores de Vasco, Grêmio e Portuguesa me seguem. Só que a Portuguesa é um carinho imenso. Eu fui convidado para a festa de 46 anos da torcida “Leões da Fabulosa”, porque queriam homenagear o meu pai nessa festa. Toda a família pode comparecer e foi uma recepção incrível. Fico até emocionado com o amor que eles tinham pelo meu pai. E isso reflete em nós pelo carinho que nos trataram. A Lusa sempre foi mais perto da nossa casa, abriu as portas e teve toda uma proposta para começarmos a jogar lá.

VAVEL Brasil: Qual era a posição de cada um, quando jogavam futebol profissionalmente? O estilo de jogo de vocês era inspirado no do seu pai, pelos vídeos dele que vocês assistem no YouTube?

Deniz Gabino: Eu era centroavante. O meu estilo de jogo não era inspirado no meu pai. Eu não tenho a facilidade do drible e meu pai sempre teve. Eu treinava muito minha perna esquerda para tentar usar a canhota como meu pai. Eu gostava de finalizar, sempre me inspirei mais em Ronaldo, um jogador que pude ver jogar. Acho que o Fenômeno foi o maior centroavante da história. Ele também era bom driblador, mas era mais matador. 

VAVEL Brasil: Como vocês acham que Portuguesa, Grêmio e Vasco tratam a memória do Dener? Tem algum outro clube em especial, que fez algo legal pela memória do Dener?

Deniz Gabino: Eu tenho um enorme prazer de ir em todos os eventos da Portuguesa que homenageia o meu pai, porque tem um carinho muito grande. Eu nunca fui no Vasco e no Grêmio. Então não posso falar do clube. No entanto, a torcida de ambos sempre foram acolhedoras com meu pai, procuram a gente, fazem bandeiras. Sempre postam lembranças de aniversário no site ou nas redes sociais do clube, então esse carinho e essa consideração é muito importante para a gente. 

VAVEL Brasil: Como as pessoas reagem ao saberem que vocês são filhos do Dener? E como vocês se sentem com essas reações?

Deniz Gabino: É a melhor reação possível. As pessoas sempre querem conversar bastante, perguntam muitas curiosidades. É muito bom saber que meu pai foi um grande jogador e uma grande pessoa. Fico feliz demais em ser abordado e ouvir coisas boas do meu pai. A gente não se incomoda com isso, pelo contrário achamos até bacana. 

VAVEL Brasil: Vocês ainda mantiveram relações de amizade com os ex-companheiros de clube do seu pai?

Deniz Gabino: Sim. Um amigo que ajudou bastante a gente foi o Edinho. O Tico foi irmão do meu pai e é nosso irmão também, a gente tem um carinho um pelo outro. Respondo por mim e por minha família. Tico vive na nossa casa, temos contato com a família dele, estamos sempre nos vendo. O Roque também, ex-jogador da Portuguesa, sempre nos encontramos. O Zé Roberto sempre que nos encontra, conversa conosco. O Sinval também, nos encontramos poucas vezes, porém estamos conversando pelo Instagram. Nós temos um contato grande com essas pessoas que jogaram com meu pai.

VAVEL Brasil: O Dener era tão craque que teve a oportunidade não só de enfrentar, mas também de impressionar um dos maiores jogadores de todos os tempos, o Maradona. O argentino ou algum outro jogador do Neweel's Old Boys chegou a ter algum contato com vocês?

Deniz Gabino: Não. Seria uma honra. Imagina eu acordar e o Maradona querer conversar comigo no Instagram. Acho que nem conseguia responder ele. Fico  muito grato ver o Maradona aplaudindo meu pai, o meu pai ter uma nota maior que o Maradona no jornal argentino. Isso só mostra o quão incrível ele era, um jogador que amava o que fazia. Acho que é totalmente diferente de hoje em dia. As pessoas viram jogador e viram celebridades também. Antigamente, os jogadores jogavam por amor mesmo e parecia que meu pai estava na rua brincando. tirando sarro dos outros jogadores.

VAVEL Brasil: O que mais te perguntam quando as pessoas descobrem que você é filho do Dener?

Deniz Gabino: As pessoas comentam mais sobre meu pai do que perguntam. A pergunta que mais fazem é qual time ele torcia. Ele era são-paulino e toda vez que falo isso é um espanto, porque ele tinha interesse em jogar no Corinthians. O meu pai também perdeu o pai cedo, então o avô dele sempre foi muito importante para ele e meu bisavô era corinthiano.

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