A grafia pode parecer ser complicada, mas a pronúncia não tem muito segredo. Em 1993, em Chapecó, quando Hyoran Kauê Dalmoro estava prestes a vir ao mundo, seu pai Renato, hoje militar aposentado, queria dar um nome diferente ao filho. Na época, o Barcelona, comandado por Johan Cruyff liderava o Campeonato Espanhol – e terminaria como campeão. Então, deve ter pensado: por que não homenagear o craque holandês?

O Johan deu lugar a Hyoran. O chamam da mesma maneira que chamavam a eterna lenda holandesa: “Iorrãn”. E assim como ele, o pequeno jovem de Chapecó também se tornaria jogador de futebol. Mas as comparações terminam aqui.

Acontece que ele não é o único da família com nomes vindo de inspirações do pai. O irmão do meio é Braian, espelhado no filme 'O Resgate do Soldado Ryan', de Stephen Spielberg. Letras extras foram incluídas e trocadas. Além dele, também há o caçula, que ganhou nome bíblico: Natan Calebe.

Mas apenas Hyoran resolveu seguir os passos da inspiração de seu nome. Sua carreira no mundo da bola começou cedo. Aos seis anos de idade, como muitos outros atletas, começou a jogar futebol de salão. O menino parecia ter jeito para a coisa, então, tarde, já com 14 anos, se mudou para Curitiba, para defender o Paraná Clube. A quadra já tinha dado lugar aos gramados.

A partir daí, o menino passou a ser mais conhecido entre as categorias de base. No mesmo ano que havia desembarcado no Tricolor da Vila, transferiu-se para o Coritiba. Se destacou e em 2008 foi parar no Corinthians.

O começo de uma carreira

No meio de muitos outros jovens jogadores, Hyoran estava longe de receber uma oportunidade no time principal do Corinthians, que na época, disputava da Série B do Campeonato Brasileiro. Com isso, foi emprestado ao Flamengo de Guarulhos, com quem o Timão tem parceria. Ao chegar, algumas coisas haviam mudado. O técnico havia caído e assim, Nilton Pinto Barbosa, o Niltinho, deixou o Parque São Jorge e assumiu o time.

Ele veio para jogar no sub-20. Mas o treinador acabou caindo e eu assumi para disputar o Campeonato Paulista da Série A3. Ele veio com outros garotos. As pessoas achavam ele muito jovem, mas mesmo assim ele se destacou e fez um ótimo campeonato”, declarou Niltinho em entrevista à VAVEL Brasil.

Bom de grupo e habilidoso, o ex-técnico de Hyoran não se contém em rasgar elogios ao meia: “Tem um grande caráter, é habilidoso, muito profissional e sabe bater faltas muito bem. Eu já falava aqui que ele teria qualidade para jogar em muitos lugares, bastava ter paciência”.

Mas paciência foi o que faltou ao Corinthians. Em 2012 ele retornou ao Parque São Jorge, chegou a disputar a Libertadores Sub-20 daquele ano, mas já estava definido: o meia deixaria o clube. “Foi uma pena”, diz Niltinho.

Retorno a Chapecó

Se parecia que a grande oportunidade de sua carreira havia terminado, Hyoran se enganaria. Ainda em 2012 voltou para casa. Literalmente. Acertou com a Chapecoense e os resultados começaram a surgir. Em 2013 foi promovido ao time titular e um ano depois, fez sua estreia como profissional. Chamou a atenção e tudo mudou para melhor. Em 2015 se casou com Andressa e com a chegada de Caio Junior, em 2016, virou titular e camisa 10 da Chapecoense.

Tem feito um ótimo Campeonato Brasileiro e os olhos dos grandes clubes começaram a brilhar. Em agosto, segundo o presidente do clube, Sandro Pallaoro, um grande time europeu fez uma oferta de três milhões de euros ao jogador (cerca de R$ 10,5 milhões). Mas acabou não indo para frente.

O que de fato avançou, foi o interesse do Palmeiras. Também em agosto, em entrevista a Jovem Pan, o meia se mostrou feliz com o interesse do Verdão: "Eu fico feliz. Mostra que o meu trabalho não vem sendo feito em vão. É claro que jogar em um time desse nível seria maravilhoso para a minha carreira. Se eu tiver a oportunidade, vou ficar muito feliz", afirmou.

E esta felicidade está muito próxima. A negociação de Hyoran com o clube paulista estaria adiantada e o jogador acertaria contrato por quatro anos.

A Chapecoense tem 50% de seus direitos econômicos, enquanto o restante é dividido entre atleta, empresário e investidores. Nenhuma das partes ainda confirmou o acordo.

Ele é jovem, promete muito. Tem uma grande qualidade técnica e deve ter melhorado consideravelmente. Se isso se concretizar, tenho certeza que vai ser bom pra ele e para o Palmeiras”, avisa Nilton Pinto Barbosa, o Niltinho, hoje de volta ao Corinthians.