Artilheiro da Copa Libertadores de 2013, com sete gols, o atacante guarda com carinho os bons momentos vividos no Atlético-MG. Em entrevista ao programa "No Ar", do Esporte Interativo, na noite dessa quinta-feira (29), o jogador relembrou sua chegada ao Galo após um período conturbado no Internacional, e revelou uma conversa que teve com o ex-presidente do clube, Alexandre Kalil.

Segundo o centroavante, Kalil o ajudou a dar a voltar por cima e se tornar fundamental na conquista da Libertadores de 2013.

Eu vim do Internacional com um desgaste psicológico extracampo (...) Vida pessoal estava muito bagunçada, não jogava, porque quem atuava na época era o [Leandro] Damião. Enfim, eu estava meio perdido. E o Galo foi um clube que... principalmente o [Alexandre] Kalil, uma pessoa que, com toda aquela ignorância e indelicadeza para falar, foi uma pessoa que falou: ‘aqui eu vou fazer você voltar à Seleção Brasileira, retomar o futebol que te levou à Europa, que te fez jogar no Manchester City, na Turquia. Eu me senti realmente acolhido”, afirmou.

Atualmente no Corinthians, Jô recordou a batalha psicológica que enfrentou na reta final da temporada 2014. Porém, graças à sua força de vontade, o atleta conseguiu deixar a má fase para trás.

Aos pouquinhos as coisas vão acontecendo para o lado negativo. Você vai perdendo o controle da tua vida, pelo menos particularmente eu posso falar, porque já vivi isso. As coisas vão acontecendo, e você vai achando que é normal, e as coisas estão afundando. Por que eu falo assim? Porque num clube onde eu conquistei uma Libertadores, Copa do Brasil, fui Bicampeão Mineiro, Recopa, artilheiro da Libertadores, cheguei à Seleção, cheguei a uma Copa do Mundo, tudo pelo mesmo clube; no final de 2014, eu [fui] perdendo toda essa credibilidade, a torcida começando a pegar no meu pé, eu já [estava] há seis, sete meses sem fazer gol, e eu achando que tudo aquilo era normal. [Mas] Aquilo ali não era normal. Só que o ser humano tem que ter força de vontade, cara. Eu encontrei Deus, virei um cristão, mas a força de vontade do ser humano é o principal, o seu querer”, enfatizou.

Jô construiu amizades douradoras no Atlético. Uma delas foi com o volante Pierre, hoje no Fluminense. O atacante afirmou que se tornou evangélico por causa da força de vontade do amigo, que nunca desistiu de levá-lo à igreja.

Ele sempre me convidava, sempre me convidava, e eu relutava. ‘Não, deixa, semana que vem eu vou’. Mas num belo dia, eu falei: ‘agora é hora de mudar de vida’. A minha esposa já tinha combinado com a esposa dele. Aí, eu falei: ‘cara, acho que agora é a hora de mudar de vida, começar a pensar na minha família, deixar tudo de ruim que eu fiz pra trás e construir uma nova vida. Ele foi uma das pessoas que sempre me incentivou. É engraçado, porque quando eu comecei a ir para a igreja, passou uma semana e ele foi para o Fluminense. Ele até falou pra mim: ‘cara, parece que a minha missão aqui era te levar para os caminhos de Deus e deixar você seguir’. Eu sou muito grato a ele. Eu sempre vou à casa dele, a gente troca mensagem, é um irmaozão”, concluiu.

Jô chegou ao Atlético em maio de 2012 após uma passagem aquém do esperado no Inter. Disputou 127 jogos com a camisa alvinegra, marcando 38 gols. Deixou o clube mineiro em julho de 2015 para defender o Al-Shabab, dos Emirados Árabes. No Galo, conquistou uma Libertadores (2013), uma Copa do Brasil (2014), uma Recopa Sul-Americana (2014) e dois Campeonatos Mineiros (2013 e 2015), além de disputar a Copa do Mundo de 2014 pela Seleção Brasileira.