O jogo contra o Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro, estava marcado para ser o último do São Paulo usando jogadores titulares antes de poupar 100% dos principais atletas visando a Copa Libertadores. Depois de dois jogos fora por fadiga muscular, o meia Paulo Henrique Ganso entrou em campo no segundo tempo do duelo, visando readquirir ritmo de jogo para, uma semana depois, comandar o Tricolor na competição internacional. O pior dos mundos para os são-paulinos, no entanto, aconteceu: sozinho, Ganso sofreu um estiramento na coxa e, assim, desfalcaria a equipe no jogo mais importante do ano.

Nesta quarta-feira, o São Paulo enfrenta o Atlético Nacional, às 21h45, sem seu principal jogador. Vivendo um dos melhores momentos de sua carreira, comandando o time ao posto de semifinalista da América, de volta à Seleção Brasileira e levantando interesse de grandes equipes da Europa, Ganso verá pela TV o Tricolor encarar os colombianos e tentar adquirir um bom resultado na briga pela decisão.

Sem Ganso, o São Paulo perde não só seu grande destaque da temporada mas também o provável melhor jogador do ano no futebol brasileiro. Cobrado por Edgardo Bauza, o camisa 10 começou 2016 de forma arrasadora, marcando gols e dando assistências, além de um posicionamento tático outrotra muito cobrado para o jogador que encantou o Brasil quando surgiu no Santos. Não a toa, é agora que o meia vive a melhor fase de sua carreira desde que chegou ao Morumbi.

Desde que foi treinado por Muricy, Ganso é aconselhado a participar mais do jogo. Autor de dois tentos importantes, nessa Libertadores o meia também tem três assistências, é o terceiro jogador do São Paulo que mais finaliza a gol, o primeiro no quesito dribles certos o quarto maior desarmador. Uma surpresa para quem não acompanha, mas algo comum para quem viu o meia se destacar no segundos semestres de 2013, 2014 e 2015.

Fato é que Ganso é jogador mais fundamental do esquema de Edgardo Bauza. É ele que busca a bola nos pés ou dos zagueiros ou dos volantes e faz o time andar. Sem um jogador com características e muito menos com a técnica parecida no elenco, o São Paulo tem diferentes opções para preencher o lugar do camisa 10. O fato é que mudará seu estilo de jogar.

A opção mais provável para Patón Bauza é a entrada de Ytalo no meio-campo. Essa deve ser a escolha para o duelo desta quarta-feira, uma vez que o camisa 37 já desempenhou a função: brilhou na vitória contra o Cruzeiro, pelo Campeonato Brasileiro. Inteligente, Ytalo se destaca nos passes de primeira e na movimentação, mas passa longe da técnica de Ganso. Seria uma opção para aproximar Calleri e não deixar o artilheiro da Libertadores sozinho na área. No caso, Michel Bastos precisaria assumir o papel de principal organizador, uma vez que Kelvin também está fora de combate.

Outra ideia é voltar o capitão Hudson para o meio-campo e adiantar João Schmidt para o setor ofensivo. O volante é o jogador no elenco que mais se aproxima do estilo de Ganso, e tem boa média de acertos em passes e lançamentos. No caso, o próprio Ytalo seria realocado para o ataque, onde brilhou pelo Audax no Campeonato Paulista, dividindo as funções ofensivas com Calleri. Com liberdade, Schimidt seria a melhor aposta para cadenciar o meio-campo e mandar uma técnica semelhante a do camisa 10.

Como deve usar Thiago Mendes no lugar de Kelvin, Patón Bauza poderia, em determinado momento do jogo, reforçar o meio-campo com Wesley -- principalmente se estiver vencendo sem levar gols. Bem em todos os jogos que fez até aqui pela Copa Libertadores e com grande prestígio com o treinador, o camisa 11 tem a seu favor o histórico recente e, também, uma boa técnica para tratar a bola. Por mais que ainda seja visto com desconfiança por grande parte da torcida, o atleta vinha de boas partidas antes de se lesionar.

A última opção é em caso de necessidade pura. Depois de acabar com o jejum que já durava três meses, Alan Kardec será a principal opção ofensiva no banco de reservas são-paulino na partida e, caso o Tricolor precise atacar, será a escolha de Bauza no segundo tempo. Além de ter tido boas atuações atuando como meio-campista no Santos de Muricy Ramalho, Kardec, por mais que esteja em má fase, já provou que sabe marcar gols. Tendo a trinca de volantes na cobertura, o jogador poderia ser uma aposta para os cruzamentos de Michel Bastos e Bruno.

No primeiro jogo contra o Atlético Nacional, Ytalo deve ser a opção de Bauza. Com estilo diferente ao de Ganso, o São Paulo muda sua maneira de jogar e, com a limitação de seu elenco, mostra que é dependente do camisa 10. Em excelente fase, Paulo Henrique corre contra o tempo para estar apto a disputar a partida de volta, na Colômbia, e ajudar o Tricolor a buscar as semis. E, com europeus de olho, pode fazer suas últimas partidas com a camisa tricolor.