A Copa das Confederações já começou na Rússia, servindo como evento teste para a Copa do Mundo de 2018 no leste europeu. A competição, porém, só tem quatro estádios para testar, uma vez que os organizadores ainda precisam inaugurar os outros oito que vão receber os jogos do mundial. Isso significa que apenas 33% das instalações entregues pelo país-sede estão prontas.

Nesse cenário, é inevitável não fazer a comparação com o último mundial, disputado no Brasil, em 2014. Por aqui, em junho de 2013, seis das 12 arenas da Copa do ano seguinte já estavam prontas. Também há quatro anos, o Brasil fez o evento teste nos seis estádios prontos que seriam usados 12 meses depois na Copa. Pôde, inclusive, testar o Maracanã, palco da final, algo que a Rússia não poderá fazer.

O estádio Luzhniki foi fechado em 2014 para passar por uma grande reestruturação e, em razão disso, o Comitê Organizador Local (COL) nem cogitou usá-lo na Copa das Confederações. Até onde se sabe, a seleção sede vai reinaugurar o local, que foi utilizado nas Olimpíadas de 1980, provavelmente com um amistoso. O mesmo ainda sediou a final da Liga dos Campeões em 2008, quando o Manchester United foi campeão.

Ainda estão em construção as arenas de Kaliningrado (Estádio Kaliningrado), de Nizhni Novgorod (Estádio Nizhny Novgorod), de Volgogrado (Arena Volgogrado), de Ekaterimburgo  (Arena Ekaterimburgo), de Rostov On Don (Arena Rostov), de Saransk (Arena Mordovia) e de Samara (Arena Cosmos).

Ainda não há data para a reabertura do Luzhniki, que receberá a final da Copa de 2018. (Foto: Stadium DataBase)
Ainda não há data para a reabertura do Luzhniki, que receberá a final da Copa de 2018. (Foto: Stadium DataBase)

As autoridades responsáveis dizem que todas as arenas estão próximas de serem concluídas, mas saber o real estágio dos andamentos do trabalho é uma difícil missão, pois o COL não divulga nenhum boletim ou responde as solicitações da imprensa.

Já a Fifa informou que o comitê é o único órgão responsável para dar esse tipo de informação. Na imprensa russa, não há divulgação de números relativos ao andamento das obras. O que a Fifa tem feito é publicar mensalmente em seu site fotos dos trabalhos e informações simples sobre cada um dos estádios.

A Arena de Kazan é uma das quatro prontas para o mundial. (Foto: Divulgação/fifa)
A Arena de Kazan é uma das quatro prontas para o mundial. (Foto: Divulgação/fifa)

Na última atualização, em 26 de maio, a entidade que rege o futebol mundial disse "que as obras seguiam em ótimo ritmo". Recentemente, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, esteve em um evento com o presidente russo Valdimir Putin, na cidade Krasnodar, que possui moderna arena para 34,2 mil espectadores. Ela foi inaugurada em 2016 e não será usada no mundial. Infantino reafirmou sua confiança nos russos.

"Sempre estive convicto de que a Rússia cumprirá com todas as suas obrigações e agora já podemos ver os fatos concretos. Como presidente da Fifa e um fã de futebol eu convido todos a virem para a Rússia", disse o cartola.

O investimento russo no mundial é de US$ 11 bilhões, cerca de R$ 36 bilhões, na construção de estádios e em obras de infraestrutura - foram US$ 3,45 bilhões, cerca de R$ 11,4 bilhões, somente com arenas. A maior parte da verba vem dos cofres públicos, idêntico ao que aconteceu no Brasil. O valor poderia ser ainda maior em dólares, mas desde a escolha do país como sede, em dezembro de 2010, o rublo desvalorizou quase 50%. Por aqui, na época do mundial, os gastos foram um pouco menores: R$ 32,3 bilhões no total, sendo R$ 10 bilhões em estádios.

Gianni Infantino e Valdimir Putin estiveram juntos em  Krasnodar (Foto: FIFA)
Gianni Infantino e Valdimir Putin estiveram juntos em Krasnodar (Foto: FIFA)

Não bastassem os problemas estruturais de andamento das obras, um incêndio no inicio do mês de junho atingiu a Volgograd Arena. Segundo o Ministério das Emergências russo, nenhuma pessoa ficou ferida, e o incêndio foi atribuído à negligência dos regulamentos de segurança. Outra denúncia em relação à construção dos estádios foi feita pela a ONG Internacional Human Rights Watch (HRW), que denunciou que os operários que trabalham na construção dos estádios da Copa de 2018 foram explorados.

“Os operários que constroem os estádios da Copa do Mundo são vítimas de abusos e exploração, e a Fifa ainda não demonstrou sua capacidade de vigiar de modo eficaz, impedir e remediar os problemas”, denunciou Jane Buchanan, diretora da HRW.

Rostov Arena está quase pronta, mas ainda não foi entregue. (Foto: FIFA)
Rostov Arena está quase pronta, mas ainda não foi entregue. (Foto: FIFA)

A ONG afirma que visitou sete obras de estádios do Mundial e constatou irregularidades em seis deles, especialmente com “salários não pagos ou atrasos de salários de vários meses, trabalho com temperaturas inferiores a 25 graus negativos sem proteção suficiente e a ausência de contratos legais”.

“Os trabalhadores entrevistados pela Human Rights Watch indicaram que tinham medo de falar e que temiam represálias dos empregadores”, completa. A Human Rights Watch informa que 17 operários morreram nas obras dos estádios da Copa do Mundo.