Depois de muita espera e alguns adiamentos, a Era Silvio Berlusconi chegou ao fim nessa terça-feira (13), dia histórico para o Milan que a partir de agora terá novos donos. Em 31 anos, foram 30 títulos conquistados oficialmente, vários grandes jogadores do futebol mundial passaram pelo clube, muitas vitórias históricas foram conquistadas e tudo isso graças a muita paixão pelo clube e também muita disposição que transformou o Milan num dos maiores clubes do mundo. 

Compra do clube e sucesso quase imediato 

Em 1986, o Milan enfrentava sérios problemas financeiros com o presidente Giuseppe Farina que resolveu vender o clube para um visionário empresário chamado Silvio Berlusconi. Na primeira temporada, o clube trouxe alguns jogadores importantes como: Roberto Donadoni, Daniele Massaro e Giovanni Galli, mas não passou de um quinto lugar no campeonato italiano. 

Na temporada seguinte, trouxe o jovem treinador que havia feito ótimo trabalho no Parma, Arrigo Sacchi e também dois jovens holandeses: Marco Van Basten e Ruud Gullit e mesmo após um começo titubeante, o Milan se sagrou campeão naquela temporada sobressaindo-se sobre o Napoli de Maradona. Esse título foi somente o prelúdio de anos gloriosos que viria pela frente, com os títulos da Copa dos Campeões (atual Champions League) em 1989 e 1990, duas Supercopas Europeias e a Supercopa italiana.  

Nesse período, o time comandado por Sacchi revolucionou o futebol italiano e mundial com sua ofensividade e mentalidade completamente diferente do que se havia visto até então. O time contava com grandes zagueiros revelados no time como: Franco Baresi, Paolo Maldini e Alessandro Costacurta e também foi reforçado por jogadores importantes como: Frank Rikjaard Carlo Ancelotti.  

Saída de Sacchi e surgimento de Fabio Capello 

Em 1991, o revolucionário treinador que venceu tudo com o Milan deixou o clube para treinar a seleção italiana que perderia a Copa do Mundo em 1994, nos EUA, para o Brasil nos pênaltis. Em seu lugar, assumiu o jovem Fabio Capello que havia experiência somente nas categorias de base, mas que logo mostrou seu valor vencendo o título italiano da temporada 1991-92 de forma invicta.  

O time construído por Sacchi já era muito forte e ainda tiveram os reforços de jogadores importantes como: Marcel Desailly, Dejan Savicevic, Zvonimir Boban George Weah (que se tornou depois o único africano a vencer o prêmio de melhor do mundo em 1995). 

Na temporada seguinte, o time consolidou sua supremacia na Itália vencendo a liga e a supercopa, mas perdeu a final da Champions League para o Olympique de Marselha, que depois teve seu título revogado por conta de corrupção em seu país. Com isso, o Milan jogou a Copa Intercontinental contra o São Paulo e foi derrotado por 3 a 2.  

Em 1994, terminou a temporada de forma memorável com a vitória da Champions League diante do Barcelona de Cruyff por 4 a 0, em Atenas. Na temporada seguinte, Capello venceu seu quarto título italiano em cinco anos e deixou o clube rumo ao Real Madrid.  

Tempos difíceis e início de novo ciclo 

Nas duas temporadas seguintes, o time não obteve resultados satisfatórios, contando inclusive com retornos ilustres no comando técnico de Arrigo Sacchi e Fabio Capello e a contratação do astro italiano Roberto Baggio, mas todas essas movimentações não deram certo e o Milan passou anos sendo puro coadjuvante na Itália e Europa.  

Em 1999, ano do centenário do Milan, o clube conquistou o título mais inesperado da Era-Berlusconi, pois além de ter o principal plantel do campeonato, o início foi muito ruim, deixando uma vantagem muito grande. Mas no decorrer da competição, o Diavolo foi ganhando espaço e confiança até que assumiu a liderança na penúltima rodada, garantindo o título na rodada final. Um dos grandes nomes desse título foi um jovem ucraniano chamado Andriy Shevchenko que em sua temporada de estreia, fez 24 gols em 32 jogos.  

Mas foi em 2001, com a chegada de Carlo Ancelotti que o Milan voltaria a abrir um ciclo vencedor, graças também a grandes contratações feitas pelo presidente Berlusconi como: Dida, Cafu, Alessandro Nesta, Andrea Pirlo, Clarence Seedorf, Filippo Inzaghi, Rui Costa e Rivaldo. Dois anos depois, o Diavolo venceu a Juventus nos pênaltis e se sagrou campeão europeu pela quarta vez na gestão Berlusconi. 

Títulos, decepções e fim do ciclo Ancelotti 

Na temporada seguinte, o time confirmou seu favoritismo e venceu o título da Serie A com uma grande campanha, que teve com um dos destaques o jovem Kaká que chegou no clube em 2003 e rapidamente se transformou em uma peça-chave do time. Nos anos seguintes, o Milan contratou mais grandes jogadores como: Hernan Crespo, Jaap Stam e Serginho, mas não conseguiu levantar nenhuma taça, muito por conta da famosa final da Champions League de 2005 contra o Liverpool, onde o Diavolo vencia por 3 a 0, sofreu o empate e perdeu o jogo na disputa de pênaltis. 

Mas dois anos depois viria a revanche dos comandados de Ancelotti contra o mesmo Liverpool, em Atenas. Vitória do Milan por 2 a 1 com dois gols de Filippo Inzaghi. Ainda em 2007, o time venceria o Boca Juniors na final do Mundial de Clubes e se tornaria a equipe com mais títulos internacionais no mundo.  

Ancelotti permaneceu no clube por mais duas temporadas sem vencer mais nenhum título, um pouco contestado pelo presidente e deixou o clube em 2009, mesmo ano da aposentadoria do eterno capitão Paolo Maldini. 

Último título de peso e oficialização da venda 

Em 2011, Berlusconi voltou a gastar e comprou jogadores como: Zlatan Ibrahimovic, Robinho, Thiago Silva e Boateng que foram importantes no título italiano daquele ano. Entretanto, o Milan precisou vender as duas maiores estrelas para poder repor o caixa e viu a Juventus dominar amplamente o cenário italiano. 

Após especulações e contestações da torcida, Berlusconi resolveu procurar um comprador para o Milan e com muito esforço, achou o chinês Younghong Li que agora presidirá o clube.