
Raffael Caetano de Araújo, atacante de 34 anos que é ídolo recente do Borussia Mönchengladbach, clube alemão que briga no segundo pelotão da elite para ser a terceira força do país europeu. Sendo o brasileiro desta temporada de Bundesliga que está há mais tempo na Alemanha, "O Maestro" — como é apelidado pela torcida — vive a expectativa de sua sétima época com a camisa dos Colts, onde está desde 2013, e conversou com a VAVEL Brasil.
Após sair do Brasil ainda cedo, com apenas 18 anos de idade, Raffael deixou o Juventus da Mooca para se aventurar no frio futebol da Suiça em 2003, no FC Chiasso. Em sua primeira temporada na Europa, ele marcou 10 gols em 28 jogos, o que lhe rendeu mais espaço na época seguinte.
"Saí com 18 anos de idade do Juventus para o Chiasso. Foi difícil no começo mas depois de um tempo me adaptei e foi tranquilo ficar por lá."
Com 20 tentos em 33 partidas em 2003-04, o FC Zürich primeiro contratou o brasileiro por empréstimo, mas depois a compra em definitivo foi concretizada. Assim, um dos grandes clubes da Suiça pôde contar com os 53 gols e as 21 assistências de Raffael nos 105 jogos que ele disputou, o que contribuiu para a conquista do primeiro título do FC Zürich do Campeonato Suiço, em 2005-06. Em seguida, veio o bicampeonato em 2006-07.

O Hertha Berlin
Toda a agilidade e visão de jogo foi vista pelo Hertha Berlin, que logo ofereceu-lhe uma proposta para fazer parte do projeto de acensão do clube. Em 2007-08, o negócio foi fechado, e Raffael agora fazia parte do time berlinense, que também contava com outros quatro brasileiros: Lúcio (lateral-esquerdo ex-Palmeiras), Mineiro (volante ex-São Paulo), Gilberto (volante ex-Cruzeiro) e André Lima (atacante ex-São Paulo).
Na temporada seguinte, chegou ao quarto lugar na Bundesliga com o Hertha, o que foi um grande feito para a história recente do clube.
"Com certeza, um dos fatos marcantes quando eu estava no Hertha foi o tempo que joguei junto com meu irmão Ronny."
Entretanto, em 2008-09, Os Ursos entraram na zona de rebaixamento já na quarta rodada e não conseguiram mais sair. Logo, o rebaixamento à 2.Bundesliga foi inevitável após a venda de alguns jogadores da temporada passada.
Pela segunda divisão, Raffael e Hertha Berlin lideraram todo o segundo turno da competição, e, consequentemente, o título nacional bateu à porta, retomando também uma vaga na Bundesliga. Foi justamente em 2010-11 que Raffael teve seu momento mais marcante na passagem pelos Ursos de Berlim:
"Com certeza, um dos fatos marcantes quando eu estava no Hertha foi o tempo que joguei junto com meu irmão Ronny. E de experiência, vou levar de ter jogado num grande clube com muitos jogadores de seleção e numa grande cidade."

"Minha ida para o Dínamo foi bastante complicada."
Depois da volta à primeira divisão, veio um novo descenso em 2011-12. Mas, foi nessa temporada que o Hertha teve proposta do Dínamo de Kiev, da Ucrânia. E chegava ao fim o era do brasileiro no time da capital alemã. Ao todo, foram 163 jogos, 39 gols, 31 assistências pelo berlinenses e afirmação de ser um segundo atacante de ponta à ponta, podendo também jogar centralizado.
No entanto, a flor de seu melhor momento da carreira até ali virou espinho com a ida à Ucrânia. E ele explicou o motivo.
"Primeiro, minha ida para o Dínamo foi bastante complicada, demorou muito, com isso perdi a pré-temporada. E quando cheguei lá pouco tempo depois o treinador (Yuri Semin) que tanto me queria foi demitido. Logo em seguida me machuquei. Foi no Schalke onde ressurgi novamente. Cheguei no inverno e o time estava na 14ª posição, depois comecei a jogar e ajudei o time a chegar na Champions com gols e muitas assistências."

Após um semestre abaixo do esperado no Dynamo, o Schalke 04 apostou em Raffael para se recuperar na liga alemã. Dito e feito, pois o brasileiro conseguiu ser decisivo ao marcar dois gols e dar cinco assistências em jogos de confronto direto à subida na tabela para chegar à zona de classificação para a Champions League.
Ida para Mönchengladbach
Com status de jogador decisivo e organizador de ataque, Raffael foi contratado pelo Borussia Mönchengladbach em 2013-14. Dono de cinco títulos do Campeonato Alemão (1969-70, 1970-71, 1974-75, 1975-76 e 1976-77) e de duas Copas da UEFA (1974-75 e 1978-79), dentre as principais conquistas, os Colts estavam no segundo patamar nacional. E foi aí que o sucesso da carreira de Raffa tocou o ápice.
"Foi minha melhor escolha vir ao Gladbach."
Atualmente com 71 gols, 35 assistências em 190 jogos, o atacante é o 11º maior artilheiro da história do M'gladbach, estando a apenas três gols de chegar a Ulrich Kohn, o 10º, com 74 tentos. E após seis temporadas, Raffael se diz feliz por ter escolhido os alvinegros.
"Digo que foi minha melhor escolha vir ao Gladbach. Quando se tem um time de qualidade e que trabalha em coletivo, as chances de ter sucesso são grandes. Acho que o Gladbach nos últimos anos é isso, temos muitos protagonistas."
Mesmo sem ter a ganância do título da Bundesliga, a diretoria e a torcida do Borussia ficaram com uma pontinha de esperança durante o primeiro turno da temporada 2018-19, onde o M'gladbach chegou a ser o vice-líder da liga. Mas, na virada de turno, veio a queda de rendimento. Raffael explica a situação.
"Primeiro turno fomos excelentes. Jogávamos com regularidade, mas no segundo turno não conseguimos manter e por isso demos uma caída na reta final."
Em 2016-17, as semifinais da Copa da Alemanha foram alcançadas, e a eliminação aconteceu nos pênaltis para o Eintracht Frankfurt. Agora, para a nova temporada 2019-20, o atacante revela o objetivo de todos do clube além da busca por vaga nas competições internacionais:
"O objetivo é tentar ir o mais longe possível nessas competições, na Europa League e DFB Pokal (Copa da Alemanha)."

E para chegar ao foco da época, o Borussia vai contar com a apaixonada torcida, que ajuda a fazer da Bundesliga a liga com maior média de público do mundo. Segundo Raffael, ‘indo ao estádio apoiar seus times’ é a melhor forma que os adeptos alemães demonstram seu amor pelas equipes.
Brasil
Mesmo com toda sua carreira traçada na Europa, Raffael não esquece do futebol brasileiro e conta que não deixa de lado o clube de sua terra natal, que também é o de seu coração, o Ceará.
"Acompanho sempre que possível e muito o meu Ceará. Ainda penso em jogar no Brasil, mas para encerrar a carreira não sei ainda."
Já com 34 anos de idade e contrato a se encerrar em junho de 2020, o experiente atacante vê a chegada da aposentadoria como inevitável, no entanto, diz que não tem planos concretos para sua carreira pós-jogador de futebol.
"Pretendo jogar ainda duas ou três temporadas. Até onde aguentar (risos). Depois de encerrar a carreira ainda não tenho planos, mas possa ser que eu continue trabalhando com o futebol."
Dessa forma, Raffael Caetano de Araújo pisa no hall de melhores jogadores da história do Borussia Mönchengladbach, quiçá o melhor brasileiro. E é com essa moral na Alemanha que "O Maestro" ajuda o clube alvinegro dentro e fora de campo, seja com jogadas ofensivas ou com direcionamento aos mais novos garotos do elenco repleto de juventude.
