A Internazionale começou a temporada 2015/16 com tudo. Chegou a liderar a Serie A por algumas rodadas, esteve na briga pelo scudetto até a virada de turno, mas o rendimento da equipe comandada por Roberto Mancini caiu bruscamente. Ainda ainda assim, contudo, os nerazzurri terminaram a temporada na quarta colocação, a melhor posição da equipe nos últimos cinco anos.

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Entre altos e baixos, erros e acertos, a primeira temporada por um todo de Mancini teve um prêmio de consolação. O treinador italiano trouxe muitos reforços, parte deles para o setor meio de campo e defesa, deu trabalho nas primeiras rodadas, teve grandes sequências sem derrota. Porém, devido à rotação, em alguns momentos exageradas, o rendimento da Inter decaiu muito, e o que poderia ter terminado com um scudetto, ou uma vaga na Uefa Champions League, acabou mesmo com uma vaga na fase de grupos da Uefa Europa League, o segundo torneio de maior escalação na Europa.

Muitos reforços e sequência de vitórias empolgam de início

No primeiro ano a frente das contratações, Roberto Mancini exigiu e Erick Thohir, presidente e proprietário da Internazionale, atendeu. Num todo, foram gastos quase 90 milhões de euros, o maior investimento do indonésio desde que adquiriu o time milanês. O investimento mais caro foi o francês Geoffrey Kondogbia, 40 milhões, mas nomes importantes como Miranda, Felipe Melo, Stevan Jovetic e Ivan Perisic somaram ao clube que mostrava estar disposto a voltar ao topo na Itália.

As primeiras rodadas foram demonstrando isso: nas cinco rodadas iniciais foram cinco vitórias e liderança da Serie A ao lado de Napoli e Fiorentina. No entanto, veio o primeiro tropeço: derrota, em casa, para a Viola num sonoro 4 a 1. Mas quem achou que isso abalaria de imediato, se enganou.

Depois de três empates consecutivos, a Internaionale embalou mais uma série de quatro vitórias seguidas, totalizando sete sem perder. Mas, verdade seja dita, o time vencia mas não convencia. O futebol não era dos mais agradáveis, vencia suas partidas pelo placar mínimo, mas o que importava era que os três pontos vinham sendo conquistados, o time liderava o campeonato e, depois de anos, estava na briga pelo scudetto.

Roberto Mancini e sua rotação

Dentro do futebol há um ditado que diz: “Em time que se ganha não se mexe”, mas isso passou longe do treinador nerazzurro. Mancini aplicou à Internazionale uma filosofia muito usada na Inglaterra: a rotação. Sem um esquema de padrão fixo, e titulares certos, todo jogo era uma escalação diferente. Foram inúmeras formações, esquema de jogo e jogadores testados.

No começo deu certo, mas essas rotações têm seu preço. O time decaiu bruscamente de rendimento, se perdeu no campeonato, e deixou escapar pontos importantes, principalmente em jogos chaves contra Juventus, Napoli, Fiorentina e Milan.

Com as derrotas, e os adversários vencendo, a Internazionale foi despencando na tabela, saindo de vez da briga pelo scudetto, que acabou entre Napoli e Juventus, restando apenas o sonho de voltar a jogar a Champions League. Até a antepenúltima rodada, a Internazionale brigou com a Roma pelo terceiro posto, mas a derrota para o Genoa, na 34ª semana, deixou tudo mais difícil pior, fazendo com que o time nerazzurro tivesse que contentar com o quatro posto obtido.

Dos males o menor

Apesar de tudo, a campanha 2015/16 da Internazionale foi a melhor do time nerazzurro desde 2010/2011, quando, naquele ano, foi vice-campeã. O contestado Roberto Mancini também trouxe solidez ao setor defensivo, o que não se via em Milão há muito tempo.

Por último, mas nem tão ruim assim, a Inter voltou a uma competição europeia, claro que nada perto do que se esperava, mas a vaga na Uefa Europa League foi comemorada. O torneio ganhou grandes destaques nos últimos anos, a receita de TV e patrocínio voltaram a entrar, e o torneio ainda tem o ônus de, se for campeão, adquirir uma vaga na Uefa Champions League do ano seguinte.

Mas com a troca de temporada, jogadores bem cotados podem sair, e ter de reconstruir todo um plantel pode ser trabalhoso. Fica também a lição a Roberto Mancini, que, se quiser voltar a vencer títulos, precisará mudar sua filosofia de trabalho. Mas o que se teve de bom pode ser mantido, e ai sim, quem sabe, a Internazionale brigue do começo ao fim pela Série A e tudo mais que disputar.

Melhor jogador: Como vem sendo nos últimos anos, Samir Handanovic foi o cara em Milão mais uma vez. O goleiro foi responsável pela campanha não ter sido pior do que foi. Nos jogos vencidos por placar mínimo, foi ele quem apareceu para brilhar e assegurar o resultado. Com boas apresentações, e mais uma vez sem a vaga obtida na Uefa Champions League, talvez tenha sido o último ano do esloveno em Milão. Propostas de grandes clubes devem chegar e, com o desejo de jogar o principal torneio europeu, dificilmente a Internazionale conseguirá segurar o arqueiro.

Surpresa: Muito se esperava de Miranda, mas quem brilhou mesmo foi seu companheiro, Jeison Murillo. O colombiano foi um dos mais rentáveis, manteve seu futebol em alto nível, e com sua raça e entrega conquistou facilmente a torcida. Murillo ainda é jovem,  tem 23 anos, e tem tudo para se tornar ícone em Milão.

Decepção: Pelo alto investimento e expectativas depositadas, Geoffrey Kondogbia acabou não correspondendo ao que se esperava. Talvez a pressão imposta em cima do 'novo Patrick Vieria', como foi apontado, tenha atrapalhado o rendimento e desempenho do francês em Milão. Fez algumas partidas boas, é verdade, mas para um atleta com um valor tão gasto alto, esteve longe de ser o volante que foi vendido.

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Sobre o autor
Julio Cesar Silva Gama
Respiro e amo futebol, por isso escolhi esse esporte para trabalhar e servir por toda a vida. Além de VAVEL, escrevo também para o Inter de Milão - Brasil, time a qual sou torcedor.