Em uma manhã de domingo no Brasil, noite em Tóquio, capital do Japão, o mundo do futebol conhecia seu novo dono. Como ninguém é feliz tendo amado uma vez, o Corinthians reviveu, doze anos depois, o gosto de subir ao topo do mundo com a conquista do Bicampeonato Mundial da Fifa, ao vencer o Chelsea pelo placar mínimo, em uma batalha sofrida, na raça, superando o dinheiro e o favoritismo inglês para pintar de preto e branco o futebol mundial. O dia 16 de dezembro de 2012 foi o dia em que a Terra parou.

Em uma metamorfose que começou com a queda em 2007 e terminou no meio de 2013, o Timão deu a volta por cima e provou que, se um dia a sua estrela se apagou, nunca lhe faltou amor de sua torcida, principal aliada para mover as pedras imóveis dos erros e, no fim, sorriu com conquistas internacionais.

Naquele dia, a expectativa era alta. Fosse à favor ou anti, ninguém saiu de casa. Todas as pessoas do planeta inteiro aguardavam um grande jogo, mas com um Chelsea superior, até pelo investimento e conquista europeia, credencial para ser favorito na decisão. Uma seleção de grandes jogadores pegavam um time que apostava no conjunto, e mais do que isso, na enorme presença de sua torcida. Não foi preciso viver 10 mil anos para presenciar uma invasão corinthiana do outro lado do mundo. Mais de 30 mil torcedores fizeram do Estádio de Yokohama, em Tóquio, uma casa alvinegra. E eles logo souberam o tamanho da dificuldade. Logo nos minutos iniciais, Cahill chutou na pequena área e Cássio já se mostrava um careta no meio do caminho inglês.

Só que, diferente do imaginado, a partida não era ataque contra defesa. O Corinthians jogava, trocava passes e criava chances. Mas a bola teimava em cair no pé de Emerson Sheik, herói na Libertadores, que errava as finalizações. Paulinho também aparecia no ataque e o time brasileiro tentava outra vez. Em vão.

Os Blues tinham mais qualidade e tinham as chances mais claras. Ainda no primeiro tempo, Fernando Torres e Moses paravam novamente em Cássio, que se tornava o principal jogador da partida, ainda mais depois de grande defesa em chute do nigeriano, defendido de mão trocada, com a ponta dos dedos.

Por mais que os ingleses tivessem dois pés para cruzar a ponte, sempre teriam alguém para evitar o gol. Podiam tentar quantas vezes quisessem. Isso aumentou as chances corinthianas. E naquele dia, um soldado não saiu para a guerra. Quem saiu foi um guerreiro. Um Paolo. Numa jogada que demonstrou a força coletiva, o Timão estremeceu o mundo. Alessandro começou na direita e recuou para Chicão. O zagueiro adiantou para Paulinho, que deu um passe de letra, de costas para Jorge Henrique, que devolveu de cabeça para o volante. Paulinho trouxe da direita para o meio e ajeitou para Danilo. O meia canhoto, ficou sem jeito para chutar de direita e Cech fechou os espaços. A bola foi rebatida e ficou no alto, na pequena área. Neste momento, a teimosia de Guerrero fez o Corinthians marcar o primeiro nesta procissão. Placar aberto e festa no Japão.

Mesmo na frente, o time brasileiro seguiu querendo jogo e isso afetou o Chelsea, que não conseguiu mais chegar com a mesma frequência. Ainda assim, Torres teve duas chances capitais. Na primeira, chegou à empatar, mas estava impedido. Na segunda, o espanhol ficou cara-a-cara, mas parou nos pés de Cássio. Não vai à lugar algum.

O apito final fez a Fiel não sair para rezar. Mas sim, comemorar pelo Brasil afora. Ou mundo afora. O segundo título mundial era realidade. Tanta gente acreditando na mentira de apenas um título, mas se na primeira não houve um título continental, nessa teve tudo em que tem direito. Mas a vitória no Japão não desmerece o feito de 2000, quando venceu o Vasco nos pênaltis.

Às vezes perguntam por que é que o corinthiano é tão fanático? Porque é o início, o fim e o meio. E diferente da canção, não foi tão fácil conseguir, mas ainda há uma porção de coisas grandes para se conquistar e o Timão não ficará parado.