Mark Webber tem muitas histórias para contar do seu período na Fórmula 1. O australiano, que correu na categoria por 12 temporadas, e é um dos que mais largou (215 largadas) e pontuou (1047.5 pontos) na história, decidiu unir todas elas em uma autobiografia intitulada "Aussie Grit", lançada no último mês de junho na Austrália. E nela, entre várias revelações, uma delas é surpreendente: Webber conta que quase deixou a Red Bull para substituir Felipe Massa na Ferrari em 2013.

As negociações, segundo ele, tomaram forma em 2012, no fim de semana do Grande Prêmio de Mônaco. Na época, Webber vivia sob a sombra de seu companheiro de equipe, o até então bicampeão mundial Sebastian Vettel, e Massa, que tinha como companheiro de equipe o espanhol Fernando Alonso, corria com a pressão por bons resultados, já que estava em seu último ano de contrato com o time italiano. O australiano lembra que a chance da mudança ocorrer era grande e que os contratos chegaram a ser enviados, mas no fim ele achou que não era a coisa certa a se fazer.

"A reunião foi com o Stefano Domenicali, chefe da Ferrari, no barco do Flavio (Briatore, empresário de Webber), no famoso porto de Mônaco. Havia ali uma chance bem real de eu me juntar a equipe do Cavallino Rampante. Todos, Flavio, Stefano e Fernando (Alonso), queriam que isso acontecesse, os contratos foram enviados, mas eles eram de um ano com opção de renovação por mais um, em vez dos dois anos que queríamos", disse Webber.

"Eu simplesmente não estava interessado em mudar de equipe para 2013, quando em julho daquela temporada, eles me disseram que não queriam mais os meus serviços para o ano seguinte. Me lembro de estar dirigindo (para Silverstone, casa do GP da Inglaterra) na sexta-feira de manhã e conversando por telefone com Fernando. Trocamos mais algumas ligações, e mesmo ele me pedindo para esperar um pouco mais, meus instintos diziam que a Ferrari não era a coisa certa para a mim", acrescentou.

Mark também revela no livro que, ao descobrir as negociações dele com a Ferrari, a Red Bull interrompeu as conversas para uma renovação de contrato, e chegou a entrar em contato com outros pilotos, em especial Lewis Hamilton. Webber acabou renovando com a Red Bull, e Hamilton se transferiu em 2013 para a Mercedes, onde se tornou bicampeão do mundo. Além disso, o livro fala que o chefe comercial da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, conversou com ele sobre uma possível mudança para a Ferrari, mas em 2014.

"A Red Bull também teve um pouco de diversão conversando com outros pilotos, Lewis (Hamilton) em particular, quando eles ficaram sabendo da aproximação da Ferrari, então não haviam diálogos sobre a extensão do meu contrato. Em Silverstone, no entanto, Christian (Horner, chefe da Red Bull) apareceu de repente querendo assinar um novo contrato comigo para 2013, o que aconteceu alguns dias depois", relatou Webber.

"Seria uma mudança de cenário ir para a Ferrari, e também foi bom me sentir um pouco desejado. Curiosamente, Bernie Ecclestone teve uma mudança de postura nessa possível mudança. Ele foi contra o tempo todo, mas no meio de 2013 ele me perguntou se eu me sentia confortável com minha decisão (deixar a F1), e disse que acreditava que ainda poderíamos fazer um acordo com a Ferrari para 2014", complementou.

Mark Webber se aposentou da F1 ao final de 2013, e desde o ano passado corre pela Porsche no Mundial de Endurance (WEC).

Capa da biografia de Webber, "Aussie Grit", lançada recentemente na Austrália (Foto: Divulgação/Mark Webber)
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Sobre o autor
Eduardo Costa
Fã de quase todos os esportes, e sofrendo com todos os seus times neles. Dissertando um pouco sobre Fórmula 1, futebol inglês e futebol alemão.