Crítica - La La Land: Cantando Nostalgia
La La Land, em cartaz nos cinemas (FOTO: Divulgação/Lionsgate)

Favorito ao Oscar 2017, “La La Land – Cantando Estações” concorre com 14 indicações a 13 categorias, batendo a marca dos clássicos “Titanic” (1997) e “A Malvada” (1950).

Com recursos visuais e sonorização impecáveis, o musical garantiu a Emma Stone sua segunda indicação ao Oscar, dessa vez, como Melhor Atriz pela personagem Mia. A atriz conhecida por seus papéis em “A Mentira” (2010), “O Espetacular Homem Aranha” (2012) e “Birdman” (2015) disputa a estatueta  com grandes nomes do cinema como Meryl Strip e Natalie Portman.

O par romântico de Mia e amante de jazz, Sebastian, garantiu a Ryan Gosling a indicação ao prêmio de Melhor Ator. O galã, conhecido por seus papéis em “Diário de uma Paixão” (2004) e “Half Nelson” (2006), tendo o ultimo lhe rendido sua primeira indicação ao Oscar, concorre na premiação com Denzel Washington, Casey Affleck, Andrew Garfield e Viggo Mortensen.

Quando se trata da direção, Damien Chazelle mostra-se novamente impecável; O renomado direitor de Whiplash, volta a concorrer ao Oscar com outro filme voltado ao jazz. La La Land rendeu-lhe indicações às categorias de Melhor Roteiro e Direção Além disso, o ator J. K. Simmons volta a trabalhar com o direitor, dessa vez como dono de um restaurante no qual Sebastian costumava se apresentar até ser demitido. É justamente nesse momento do filme que o personagem tem seu segundo contato com Mia e a ignora, gerando ainda mais ansiedade no público. Os desencontros entre os personagens são característica marcante do início do filme, gerando uma inquietação em quem assiste.

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O primeiro deles se dá em uma estrada congestionada de Los Angeles, na qual Mia se irrita com uma atitude de Sebastian no trânsito. Até então, os dois permancem como meros desconhecidos impacientes. É nessa cena que se desenvolve a primeira faixa musical, “Another Day Of Sun”. Na mesma noite, as amigas da aspirante à atriz a levam a uma festa luxuosa em Hollywood Hills depois de cantarem “Someone In The Crowd” no apartamento que dividem. Nesse momento, é esboçado o primeiro clichê hollywoodiano: o da jovem que procura incessantemente por um romance e não o encontra, mas mantém viva a esperança de que ele está em algum lugar e ela o reconhecerá quando vir.

Ao sair da festa, Mia se depara com seu carro rebocado e se vê obrigada a voltar pra casa a pé. É uma espécie de retrato da decadência e das dificuldades enfrentadas por quem sonha com a fama mas não a tem. A moça vive algumas horas em meio ao luxo da festa, mas não demora muito para se deparar novamente com sua realidade e dificuldades.

Em determinado ponto desse percurso até sua casa, ela ouve a música que vem de dentro de um restaurante. Era Sebastian tocando pouco antes de ser demitido. Mia entra e o observa tocar com paixão um repertório reprovado pelo personagem de J. K. Simmons, que o demite. O segundo desencontro do futuro casal ocorre. Sebastian passa Mia irritado e ignora seu cumprimento. A ansiedade do público volta à tona.

Meses mais tarde, o terceiro encontro entre os dois desconhecidos ocorre em uma festa na qual Sebastian toca com uma banda de jazz dos anos 90. Os dois conversam um pouco e o público pode finalmente respirar aliviado, afinal, eles já não são mais somente estranhos que vivem se esbarrando. Ao final da noite, eles saem juntos da festa para procurarem seus carros e cantam sua música tema, deixando clara a química existente entre os dois apesar de ambos reclamarem por estar na companhia um do outro.

O casal passa a se encontrar com mais frequência e acabam descobrindo um no outro certo conforto, por conta do amor que ambos nutrem pela arte.  Sebastian conta à Mia sobre seu sonho de abrir o próprio bar de jazz e seu gosto excessivamente saudosista pela forma clássica do gênero musical. Nesse momento, surge o primeiro personagem negro do filme, aparição tardia, porém mais do que necessária, visto que o filme é sobre jazz, um estilo musical praticamente criado pelos afrodescendentes.. Keith, personagem do músico John Legend, é um ex colega de escola de Sebastian e líder de uma banda de jazz com aspecto mais pop. Convidado por Keith a fazer parte da banda e ter uma fonte de renda garantida, Sebastian engole um pouco de seu gosto nostálgico e sai em turnê enquanto Mia resolve tentar a sorte com uma peça autoral que fracassa. A premissa do filme, a partir desse momento, se torna bastante enjoativa.

O ideal de que o moderno não é bem vindo, de que só o clássico salva, o novo é comercial, o pop é comercial e de que o jazz teria “perdido a essência” por conta de bandas como a de Keith é o pensamento saudosista do protagonista que parece tomar a atmosfera do filme. Em uma passagem, Mia vai assistir a um show da banda e, ao se deparar com o sucesso que o grupo estava fazendo, ela resolve confrontar Sebastian sobre seus antigos ideais. O rapaz nega praticamente tudo o que havia louvado durante todo o filme, pois estava feliz com a oportunidade de finalmente ter uma estabilidade financeira e a moça se ofende e deixa o apartamento do casal, voltando para a casa dos pais em Nevada.

Algum tempo se passa e Sebastian recebe a ligação de alguém querendo falar com Mia no telefone do apartamento que eles dividiam. Era uma diretora de elenco que havia assistido a peça da aspirante a atriz e se interessado, convidando-a para fazer uma audição. O rapaz dirige até a casa dos pais dela e a convence a tentar fazer mais esse teste. Mia, já bastante desiludida com a carreira de atriz, resolve tentar mesmo assim. De volta a Los Angeles, para a audição, os diretores pedem para que ela conte uma história. Nesse momento, uma aura emocionante toma conta do filme com a performance solo de Emma Stone cantando “The Fools Who Dream”, de Justin Hurwitz com letra por Benj Pasek e Justin Paul, indicada ao Oscar como “Melhor Canção Original”. Ela sai da audição acreditando ter sido aprovada e encorajada por Sebastian mais uma vez a não desistir do sonho artísitico.

A aspirante a atriz realmente havia obtido sucesso no teste. Cinco anos se passam e ela se torna famosa, porém, não mais na companhia de Sebastian. Casada com outro rapaz e mãe de uma menininha, Mia resolve sair com seu marido e entra em um bar de jazz aleatório. Era o tão sonhado bar de Sebastian. Ela reconhece o local pelo logotipo “Seb”, iniciais do nome de seu ex, que a reconhece na multidão enquanto se apresenta tocando teclado.

Ao som de “City Of Stars”, também indicada como “Melhor Canção Original”, interpretada pelo próprio Sebastian, os dois trocam olhares amigáveis e nostálgicos. Começa uma espécie de flashback bastante hollywoodiano de como tudo teria sido se naquela noite se, ao invés de ignorá-la, ele tivesse dado atenção a ela e tentado, desde aquele momento, se aproximar e buscar construir uma relacionamento, para que um dia formassem uma família.”) A moça troca um último olhar com o músico, dando o ar saudosista final ao filme e vai embora com o marido seguindo sua vida.

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