Crítica - Corra!
(Foto: Divulgação/ Blumhouse Productions)

Um thriller com crítica social, que não perde o rumo por abordar em segundo plano o preconceito racial. Quando o jovem fotógrafo (Kaluuya) vai com sua namorada conhecer os pais da moça, sendo ele negro e sua garota e familiares brancos, o desconforto logo lhe bate à mente. No entanto, isso vai sendo amenizado a medida que ele conhece a família da namorada. A maneira como é filmado remete um pouco ao cinema "indie" e ao mesmo tempo, sua fotografia parece querer montar um longa de drama de cidade pequena. Por um momento suspiramos aliviados e aceitamos que estamos vendo um outro filme, nada de loucuras do trailer aqui. E isso é ótimo!

A tensão fica disfarçada no âmago e quando a coisa realmente desanda e o espectador é obrigado a aceitar a realidade sinistra da premissa, os nervos ficam a flor da pele. A angústia é certa de ser sentida, a vontade de correr é iminente em certos momentos. O longa te prende pela maestria do time de atores, pela perspectiva que imprime e pela vivacidade e forma visceral de expôr a violência, a obsessão e a raiva. 

Corra! é uma ótima obra, passando longe do "de sempre".  Entregando ao público uma história mirabolante, com elementos insólitos, porém, fantasiados de horror para alertar as reais feridas da sociedade, seja ela estadunidense ou não, sobre o preconceito racial. Alfinetada bem dada por Jordan Peele, diretor do longa, que rebate o ferino e hostil da discrimiação com momentos de insensatês e epifanias marcantes que irão permear a lembrança do espectador por um bom e longo tempo. Corra tem muita identidade, originalidade e trama maquiavelicamente interessante e fará você sair da sala de cinema olhando para o semblante de cada um próximo demais de você, seja a pessoa negra ou branca. 

NOTA 0 à 5: 4

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