São vários os fatores que fazem de um clube grande. Para ser gigante, conquistas, feitos, torcida, precisam contar no currículo. Uma vez na lista dos maiores, jamais se sai. E nem problemas no meio da história centenária, impediu que o River Plate se reerguesse e saísse do fundo do poço, para o ponto mais alto do futebol americano, com a conquista da Copa Libertadores da América 2015. Foram quatro anos de reconstrução, de reafirmação, que terminou na noite de 05 de agosto de 2015, com o Tri Campeonato da Libertadores. Vamos reviver o ressurgimento dos Milionários, uma das maiores equipes da Argentina e do mundo.

O pior time da história

O sistema de classificação argentino é diferente. Lá, se usa a média das posições que as equipes ficaram nos últimos anos, para saber que vai cair e quem vai à Libertadores. Para um time correr riscos, é preciso vir de uma sequência de campeonatos ruins. E o River Plate vinha fazendo isso.

Era uma geração que continha nomes importantes, no atual cenário mundial. Diego Simeone era o treinador de jogadores como, Loco Abreu, Falcão Garcia, Alexis Sanchez. A alta expectrativa para uma reconquista da Libertadores traumatizou o time milionário que, após uma eliminação traumática para o San Lorenzo, viu o mundo desabar e uma sucessão de péssimos campeonatos acontecerem. Até o fatídico ano de 2011.

A queda de um gigante

Mudanças foram feitas. Medalhões se foram, um novo treinador chegou, mas junto com as alterações, uma crise financeira e interna, jogava contra o time argentino. Daniel Passarela, ídolo do time e capitão argentino na conquista do título de 78, da Copa do Mundo, era o presidente e fazia péssima gestão, levando cada vez mais, o seu River para baixo.

A campanha era trágica e, nem a torcida fazendo sua parte e lotando o Monumental de Ñunez, se salvaria de maneira fácil. Pelo contrário. O drama estava reservado para a rodada final, quando o Lanús venceu o River, fora de casa, e empurrou o rival para a repescagem, onde enfretaria o quarto colocado da Série B, em dois jogos, ida e volta, para saber quem se daria melhor.

O Belgrano era o adversário. O primeiro jogo foi em Córdoba, na casa do time da Série B e uma derrota por 2 a 0, era festejado como um título nacional. A volta, num domingo à tarde de 18 de junho de 2011, o mundo se voltou para o lotado Monumental de Ñunez, onde se viu o River perder um pênalti, sofrer um gol que selaria o rebaixamento e, nem o gol de empate, salvou os Milionários. River Plate era rebaixado para a Série B e, como consequência, depredação em Buenos Aires, saques, violência e tentativa de invasão de campo, não deixando o jogo ser terminado em seus noventa minutos. O tempo trataria de cicatrizar as dores.

A volta de onde não deveria ter saído

Com mais recursos, mais grandeza e, naturalmente, mais técnica que seus rivais, o acesso para a série A era questão de tempo. Com um time mais guerreiro, reformado e tendo o técnico Matias Almeyda, capitão do time que caiu, no comando, o River não teve problemas para ter seu lugar garantido na elite do futebol argentino.

Uma subida sem fim

O River Plate entrava na Série A com a incógnita daquilo que faria no torneio nacional. Outras equipes estavam crescendo no Nacional de 2014. Seu maior rival, Boca Juniors, o grande e renascido Racing, o campeão da Libertadores, San Lorenzo, surgiam como times dispostos à batalhar até o fim para o título do Campeonato Argentino.

O comando do presidente Rodolfo D'Onofrio reconstruiu, também, moralmente e economicamente, o River era uma equipe forte no mercado sul-americano. Jogadores importantes chegaram para decidir, como Teo Gutierrez e Carlos Sanchez, somados à bons valores da base, como Funes Mori, Kranneviter, comandados pelo ídolo Marcelo Gallardo, alternava a liderança com as outras equipes. A última rodada era fatal e parou a Argentina.

O Quilmes era o adversário decisivo. A vitória era a única escolha e o sangue virou lágrimas, quando o juiz apitou o final e o placar mostrava um sonoro 5 a 0. River Plate estava de volta. Os Milionários conquistavam a 35ª liga argentina de sua história.

O começo do domínio do continente

A base do time campeão argentino seguia firme e favorito para a Sul-Americana. O torneio mata-mata tinha um sabor especial, por ser o primeiro campeonato internacional desde a queda. O River queria e precisava mostrar ao continente, sua grandeza.

Despachando os rivais, mostrando um futebol ofensivo, tendo domínio em seu estádio e com Teo Gutierrez inspirado, o time argentino seguia forte rumo ao seu objetivo principal.

A semifinal reservou uma possível revanche, já que teria o Boca Jrs. seu maior rival, como adversário. Em 2004, o time xeneize foi responsável pela eliminação na Libertadores e a hora do troco tinha chegado. Em dois jogos muito truncado, físico e, sendo decidido na casa do time vermelho e branco. o River carimbava sua vaga para a decisão, contra o Nacional, de Medellin.

Um empate na Colômbia, traria a confiança ideal para um Monumental de Nuñez, mais uma vez lotado. Sem dar chances ao rival, uma vitória incontestável por 2 a 0, deu o título invicto ao River Plate.

O maior da América 2015

O título da Sul-Americana, do argentino e a grandeza e medo que sempre impõe, colocava o time de Buenos Aires como um dos favoritos ao título intercontinental. A base seguia, mas agora, novos chegaram, como Lucho Gonzalez, Aimar e Saviola. Os ídolos trariam a experiência necessária.

A fase de grupos, no entanto, mostrou ao torcedor, o que é sofrer. Ao lado de San José, Tigres e Juan Aurich, a equipe argentina ficou por um fio várias vezes. Apenas uma vitória no grupo e classificação vinda após ajuda do Tigres, que venceu o Juan Aurich, fora de casa e garantiu a vaga milionária.

Nas oitavas, um dos maiores clássicos do mundo estava marcado. Boca Jrs e River Plate se reencontravam num mata-mata de Libertadores. O campeonato mudou e o time de Marcelo Gallardo cresceu. A vitória por 1 a 0, em casa, dava certa vantagem para a volta. Até que uma das maiores polêmicas da história aconteceu.

Torcedores xeneizes atacaram o vestiário do River com um produto quimíco muito forte, paralisando o jogo e causando a eliminação do Boca. O River, sem nada a ver com isso, avançou de fase para pegar o Cruzeiro.

Pior colocado na fase de grupos, o River faria seus primeiros jogos sempre em casa e decidia fora. A força da torcida não foi o bastante para tremer o Cruzeiro, que venceu o jogo da ida e tinha grande vantagem na volta. Só que o lotado Mineirão viu uma das mlehores atuações do time de Gallardo. Sanchez, Gutierrez e cia. fizeram uma partida incrível, atropelaram a Raposa e estavam na semifinal.

A vaga na final seria decidida contra a surpresa da competição, o Guarani, do Paraguai, time que eliminou os gigantes Corinthians e Racing. A ida, no Monumental, era travada, nervosa, sem grandes espaços. Mas o apoio da torcida impulsionou o River para abrir 2 a 0. Na volta, um empate bastou para recolocar o time argentino na final.

A decisão era contra o Tigres, do México, equipe que se reforçou graças ao aporte financeiro local. Gignac, artilheiro do Campeonato Francês, era a grande estrela, e todo os mexicanos estavam com a equipe amarela na final.

A ida não teve a esperada e aguardada emoção de uma final. O River se fechou bem, travou o jogo e trouxe o empate sem gols para sua casa, onde sabia que poderia contar com sua 'hinchada'.

Tudo fazia do jogo, uma final. A festa das arquibancadas, o jogo físico, as faltas duras, as confusões e até a chuva forte, ajudaram a levantar o público. Mas foi apenas no final do primeiro tempo que o Monumental explodiu. Alário usou a cabeça para balançar as redes, após grande jogada de Vangionni

O segundo tempo foi todo festa. Primeiro, quando Sanchez mandou seu pênalti na gaveta e colocar o River próximo ao título. A torcida já gritava o campeonato, quando Funes Mori subiu mais do que zaga e selou o terceiro título do River Plate.

Ninguém imaginava que, no recente ano de 2011, o River levantaria a taça do mais importante torneio das Américas, apenas quatro anos depois. O renascimento de um gigante que mostra, mais uma vez, nuca duvidarmos do poder de renascimento de um dos maiores times do mundo. Parabéns, River Plate.