A temporada 2016/2017 foi de adaptação para o Paris Saint-Germain. Apesar de poucas perdas quantitativas dentro de campo, o verão parisiense começou sem sua principal estrela dos últimos anos, Zlatan Ibrahimovic. O sueco, contratado em Julho de 2012, foi o primeiro nome de peso contratado pela administração catariana, que chegara ao clube um ano antes, e grande responsável por todos os sucessos conquistado pelo PSG desde então. Contudo, 180 partidas, 156 gols e 12 títulos depois, o maior artilheiro da história da equipe da capital francesa deixava Paris e a grande pergunta era como a equipe se portaria depois disso. 

Contudo, o atacante não foi a única mudança. Laurent Blanc havia sido demitido do cargo de treinador após três anos no comando para dar lugar ao então tri campeão da Europa League com o Sevilla, Unai Emery. As duas mudanças era significativas, pois tanto Blanc quanto Ibra eram peças centrais da forma como a equipe vinha jogando nas últimas temporadas. Mas apesar desses fatores, a expectativa era que a hegemonia em território francês fosse mantida e além disso, o tão sonhado passo a frente na UEFA Champions League fosse dado.

Para isso, a diretoria parisiense, já "reforçada" com Patrick Kluivert, novo diretor de futebol do clube, confiou na base do plantel que havia feito temporada anterior perfeita na França. David Luiz, que foi para o Chelsea, e Benjamin Stambouli, vendido ao Schalke 04, foram as as perdas mais relevantes para o elenco, que teve as adições na janela de verão de Grzegorz Krychowiak, vindo do Sevilla, Jesé Rodriguez, do Real Madrid, Thomas Meunier, que jogava no Club Brugge, e Hatem Ben Arfa, ex Nice.

Primeira parte da temporada não foi o que os parisienses queriam

Depois de uma pré temporada promissora nos Estados Unidos, com vitórias contundentes diante da Inter de Milão, Real Madrid e Leicester, o PSG venceu o Trophée des Champions (título disputado pelos campeões da Ligue 1 e Copa da França) sobre o Lyon com goleada de 4 a 1. Vitória que mostrava que o time começava a adicionar energia e velocidade ao estilo de jogo de posse de bola já característico. No entanto, o começo de temporada regular não foram dos sonhos.

Derrota para o Monaco na terceira rodada da Ligue 1, empate contra o Arsenal no Parc des Princes na primeira rodada da UCL, mostraram que a temporada não seria um conto de fadas. Ainda em Setembro, o PSG perdeu para o modesto Toulouse, mas conseguiu se recuperar com uma sequência de 12 jogos de invencibilidade, incluindo um difícil empate em Londres contra o Arsenal, que colocou os franceses na liderança do grupo no torneio europeu.

Contudo, a inconstância da equipe ficou evidente em Dezembro, quando aconteceu a derrota de 3 a 0 para o Montpellier. O resultado foi seguido por dois empates: Um contra o Ludogorets, em Paris, que tirou a possibilidade de terminar a primeira fase da Champions League como líder do grupo A, e outro diante do então líder da Ligue 1, Nice.

Liderança do campeonato francês, inclusive, que o PSG não conseguiu em nenhum momento da competição. Os resultados e desempenho dentro de campo refletiam (ou eram reflexo de) diversas alterações no time, seja entre os titulares, seja no esquema tático. A postura da equipe já não era mais de domínio e imposição de seu jogo diante das equipes, como eram em outras temporadas, principalmente na Ligue 1.

Foto Divulgação / PSG
Começo da temporada não foi muito feliz para o PSG

Para completar o cenário, os reforços ainda não haviam dado retorno: Jesé e Krychowiak sofriam com problemas físicos desde o início da temporada e quando tinham oportunidade não agradavam o treinador espanhol. Ben Arfa, com seu jogo mais individual, não agradava Emery, que chegou a deixa lo de fora do grupo muitas vezes para aprimorar a parte física, técnica e tática. O resultado da primeira parte da temporada era de terceira colocação na Ligue 1, segundo lugar no grupo A da Champions, que o ajudou a ser sorteado para enfrentar o Barcelona nas oitavas de final. 

PSG cresce na fase final, mas não alcança os principais objetivos

Em Janeiro, o discurso de Unai Emery e dos jogadores era de virar a página e melhorar o desempenho para a busca dos títulos. Julian Draxler chegou para trazer talento ao ataque, assim como Gonçalo Guedes e Giovani Lo Celso, que eram mais apostas para um futuro próximo e que precisariam de adaptação. E o objetivo, por ora, havia sido conquistado com 5 vitórias seguidas, além do empate diante do Monaco no fim do primeiro mês de 2017.

Em Fevereiro, foram 4 vitórias seguidas antes da melhor partida do PSG na temporada, o 4 a 0 contra o Barcelona no Parc des Princes, válido pelas oitavas de final da UEFA Champions League. A atuação nesta partida, aliando concentração, agilidade e qualidade técnica, era o auge de desempenho da equipe sob o comando de Emery. A goleada sobre o Olympique de Marseille por 5 a 1 em pleno Velodrome, que fez com que parte da torcida recebesse o time no aeroporto com muita festa, parecia mostrar que o time tinha realmente se encaixado e seria uma das forças da Europa.

No entanto, na partida de volta das oitavas de final da UCL no Camp Nou, a famosa "Remontada" aconteceu e o PSG foi eliminado graças a uma derrota por 6 a 1. A partir daí, o foco da equipe se voltou totalmente a uma Ligue 1 liderada pelo Monaco, que não parecia querer deixar escapar a chance de título. Diante da equipe monegasca, o Paris conseguiu uma grande vitória na final da Copa da Liga e nas semi finais da Copa da França, mas no campeonato francês, os comandados de Leonardo Jardim não conseguiram ser alcançados, apesar do PSG manter a perseguição. A busca praticamente acabou na derrota diante do Nice, fora de casa, na 35ª rodada.

Por isso, podemos dizer que foram duas metades distintas do PSG. Se na primeira parte a equipe ficou marcada por instabilidade, resultados ruins e desorganização dentro de campo, a segunda mostrou um time muito mais sólido, com algumas atuações de alto nível. No entanto, é necessário pontuar que a equipe teve muitas dificuldades de reverter momentos adversos e ser contundente nas horas de decisões, como por exemplo na derrota em Barcelona ou contra o Nice.

Unai Emery manteve características positivas que o time tinha com Laurent Blanc, como o toque de bola e a posse, e adicionou um estilo mais combativo ao conjunto, como foi visto no primeiro jogo contra o Barcelona, porém não conseguiu fazer a equipe manter força nos momentos mais decisivos. Mesmo assim, Emery começa o trabalho para a próxima temporada com uma boa base, mas que precisa de aprimoramentos para crescer, retomar a hegemonia na França e conseguir chegar às fases finais na Champions League.

Por falar em aprimorar, os reforços que chegaram nesta temporada, em sua maioria, entregaram pouco. Jesé saiu por empréstimo, Ben Arfa não foi mais do que figurante no banco de reservas, Areola (que voltou de empréstimo do Villareal) não conseguiu tomar a posição de Trapp, apesar do bom início. Mas talvez a maior decepção foi Krychowiak, muito por conta da boa parceria que teve com Emery e pelo valor gasto pelo clube (quase 30 milhões de Euros), e não conseguiu ser constante nem no banco, jogando algumas vezes pelo time B.

Todavia, nem tudo deu errado: Thomas Meunier foi uma grata revelação e, aos poucos, foi tomando a vaga de titular do, antes incontestável em campo, Aurier. Draxler também teve boa participação no desempenho da segunda metade da temporada e em 24 partidas anotou 10 gols e 3 assistências.

Quem pode ser considerado como um reforço dentro do próprio elenco foi Cavani. O uruguaio, que nos anos anteriores não conseguiu demonstrar todo seu potencial por estar fora de posição e na sombra de Ibrahimovic, mostrou sua veia goleadora e foi o jogador principal da equipe em 2016/2017. Com 49 jogos e 49 gols até aqui, Cavani foi responsável comandar o ataque do time e fez a equipe não sentir falta, pelo menos na questão bola na rede, de Zlatan. O atacante, que renovou contrato recentemente, tem tudo pra se manter como o principal nome do ataque para liderar o PSG em vôos mais altos em 2017/2018.

Com o fim da Ligue 1, os parisienses se concentram em defender o título da Copa da França. Contra o Angers, no próximo sábado 
(27), o PSG pode conquistar a décima primeira taça da competição. Além disso, o possível título mostra força, apesar das dificuldades, tem em ganhar todas as copas nacionais que disputou na temporada.