Fazendo sucesso no futebol tailandês, o técnico Alexandre Gama em entrevista exclusiva com a VAVEL Brasilnos contou como é futebol por lá, se gostaria de voltar para o Brasil e de como a SAF funciona.

Alexandre Gama é técnico desde 2002, quando treinou a base do Fluminense. O treinador então teve sua primeira oportunidade fora do país já em 2006, no Al-Wahda, da Arábia Saudita. Voltou para o Brasil em 2008 e passou por Macaé, Volta Redonda e Madureira. Mas em 2014, voltou para o futebol asiático e vem fazendo sucesso até os dias atuais. 

“Eu tenho conquistado um nome aqui. Aqui eu sou respeitado, eles gostam muito do meu trabalho, mas o que me fez realmente retornar foi a proposta, principalmente de como seria, um clube novo, que tem um dono com grande investimento e grandes chances de crescer. Estou tendo oportunidade de dar dicas não só de jogadores, mas também de CT, fazendo uma identificação com o clube em termos de como se jogar. É a primeira vez que o time fica na primeira divisão, conseguindo se manter, está sendo feito um estádio novo que fica pronto já para próxima liga, CT quase pronto, então tem varias coisas que eu estou envolvido”, disse o comandante.

Foto: Divulgação / Lamphun Warrior
Foto: Divulgação / Lamphun Warrior

O treinador também falou sobre a visibilidade no futebol asiático e criticou a postura do brasileiro de consumir o esporte, como se existisse apenas no Brasil e na Europa.

“A visibilidade está maior, mas acredito que no Brasil ainda pensem que o futebol de verdade mesmo só aconteça na Europa, são os campeonatos que passam, que tem mais notícias e hoje muitos países estão se desenvolvendo muito, investindo muito, melhorando muita coisa no futebol e fora dele, virando um grande negócio, uma indústria. O brasileiro tem que começar a entender que não é só no Brasil que tem futebol, existem em outros lugares. Isso é uma questão de divulgação, aqui muitos gostam do futebol brasileiro, mas não acompanham, não sabem muita coisa do futebol brasileiro justamente pela falta de divulgação”, explicou Gama.

Alexandre disse que gostaria de voltar ao Brasil um dia, mas que se sente feliz na Tailândia. Segundo o comandante, o futebol brasileiro começou a dar algumas chances para técnicos novos agora e lamentou não ter tido mais oportunidades em seu passado no Fluminense.

“Eu cheguei aqui cedo, em 2006, tudo aconteceu de uma forma muito boa pra mim, com conquistas de títulos e isso me deu um mercado, me respeitando demais. No Brasil, a única vez que trabalhei na seria A eu fui muito bem, pelo Fluminense. Na época eu tinha 35 anos e fiz um otimo trabalho, só que infelizmente as pessoas não apostaram muito, na época não tinha essa nova onda de apostar em treinadores mais novos. Mas eu não tenho nada a reclamar, sou feliz aqui fora, gosto de trabalhar aqui também, mas é claro que eu gostaria de voltar e ter uma oportunidade”, afirmou o treinador.

Foto: Divulgação / Fluminense
Foto: Divulgação / Fluminense

Confira os demais assuntos da entrevista

Diferença entre o futebol brasileiro e tailandês

“A diferença é que no Brasil se tem muita qualidade, a intensidade de hoje, como um jogo físico. Na Tailândia é um jogo mais técnico e de velocidade.”

Mercado de técnicos brasileiro e se pretende voltar ao seu país natal

“Eu fico no aguardo de uma proposta que seja interessante, mas também vou ficando por aqui. Sou muito respeitado e tenho bons trabalhos, é o que eu sempre falo, se procurarem um treinador com bons trabalhos e resultados, acho que eles poderiam olhar com carinho o meu nome ai no Brasil, mas como ai o nome em si o mais procurado é o que está mais badalado na mídia social, acho que realmente eu possa não ter essa chance.”

Times que adotam a SAF

“Aqui na Ásia praticamente são todos SAFs, então temos uma ideia de como funciona. Hoje à SAF é um pouco diferente da onde eu tenho trabalhado ultimamente, por que é um grupo de investidores, aqui é um dono só, que tocam o negócio e gerencia. Eu acho que vai fazer bem pro futebol, novos investimentos, oportunidade dos clubes crescerem, profissionalismo, criar um vínculo grande com os treinadores e acredito que de fizerem isso no Brasil vai ser um diferencial muito grande até em termos de trabalho. Tá tudo no começo, no Brasil muitas vezes se tem boas ideias mas acabam parando pelo caminho, mas eu sou a favor, e acho que faz muito bem pro futebol hoje.”