Peyton Manning: meu agradecimento a uma lenda do futebol americano

Hoje as 15h, Peyton Manning irá anunciar a sua aposentadoria. O fim de uma carreira que rendeu 2 Superbowl's, 5 MVP's e incontáveis recordes. Para muitos o maior da história do esporte, inclusive para este que vus escreve. Esse texto é uma forma de agradecimento pelos feitos extraordinários proporcionados pelo quarterback da Universidade do Tennessee, Indianapolis Colts e Denver Broncos

Peyton Manning: meu agradecimento a uma lenda do futebol americano
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Por Thomás Santana

Se o contador de textos do site não estiver errado, este é o meu centésimo texto aqui na Vavel. Uma marca especial para mim. Portanto, hoje quero fugir do lead, da escrita factual e me arriscar em uma crônica. Nela, gostaria de falar sobre o cara que me fez começar a acompanhar futebol americano, e meses depois, se tornaria meu ídolo no esporte: o Sheriff, Peyton Manning.

Obrigado, Peyton Manning

Os domingos da metade de dezembro sempre me assombraram. Para um viciado em futebol, o encerramento da temporada nacional e a pausa de inverno dos torneios europeus, causam a mais profunda abstinência que o ser humano pode sentir. É cruel. Mas numa domingueira fatídica de 2012 estava eu, zapeando minha TV na procura de uma pelada, quase inconsciente, sob os efeitos de quem não consome seu alucinógeno a um bom tempo.

Topei com um outro futebol, jogado com as mãos - as vezes com o pé - e parei para observar. Não me lembro ao certo quem jogava, apenas um personagem se destacava na minha tela. O chamavam de quarteback, uma espécie de camisa dez do time. Tinha pose de veterano, alto, mas sem o perfil atlético de seus companheiros de campo. Mas ele exalava uma energia incomum. A figura dele era carregada de empatia, capaz de conter meu instinto de trocar de canal. Você percebia de cara que ele era diferenciado.

Duas big plays [pelo menos foi assim que o comentarista da TV chamou as jogadas de forma histérica] seguidas foram o suficiente para caírem estigmas. "Esse jogo só tem ogro", "não existe técnica nisso, é só força" e "bando de cavalos". Alguns dos pensamentos que eu tinha sobre o football, antes de ver esse tio lançar a bola com tamanha precisão. O nome dele era Peyton Manning.

Acompanhei a partida inteira e logo na sequencia tinha outro. 

- Poh, se esse velho fez esses absurdos, imagina esse tal de Colin Kaepernick? O cara é novo e tem jeitão de corredor dos 400 livres. Vai lançar a bola de um extremo do campo e recepcionar no outro - pensei comigo mesmo.

Não chegou nem perto. O cara tinha até uns vislumbres de genialidade. Conseguia correr com a bola e quebrar alguns tackles. Mas quando precisava do braço, não chegava perto da genialidade do camisa 18 do Denver Broncos. 

Nas semanas seguintes, conhecendo mais sobre o esporte, vi outros times, outros quaterbacks e nada se comparou ao tal do Peyton Manning. Em um desses dias vi que o irmão dele ia jogar. Eli Manning, duas vezes campeão do Super Bowl, um dos títulos foi contra o time do marido da Gisele [minha única referência pré-conhecer o futebol americano]. 

- Ah, certeza que esse supera o tiozão. É o caçula e tem mais títulos. Com certeza deve ter mais braço - Mais uma vez eu estava enganado.

Eli até que não ia mal. Mas lançava mais bolas para os adversários do que para os companheiros. Foi ai que tirei minha conclusão. O tal do Peyton Manning era mesmo diferenciado. Estava acima dos demais. 

Passei acompanhar o Sheriff com mais afinco. Era espetacular ver esse cara jogar. Peyton Manning fazia um passe de 40 jardas parecer uma conversão de extra point. Sua leitura de campo era perfeita. Um gênio e sua genialidade era jogar futebol americano.

Mesmo virando um torcedor do Carolina Panthers, nunca deixei de admirar o velho Manning. Ao final de cada jogo do Denver sentia um misto de alegria e tristeza. Era realmente extasiante ver ele atuando, mas ao mesmo tempo, vinha um pensamento de que cada vez mais se aproximava o fim de sua carreira.

Lamento até hoje por começar a acompanha-lo já com seus 36 anos de idade. Mas não tenho do que reclamar. Vi 2 anos espetaculares, um deles o seu melhor individualmente. Aos 37 anos ele ainda foi capaz de quebrar o recorde de jardas lançadas e touchdowns em uma temporada. Vi isso acontecendo. Uma lenda se formava e eu acompanhava tudo simultaneamente.

Em fevereiro deste ano o Denver Broncos foi campeão do Super Bowl 50. Venceu, ironicamente, o meu Carolina Panthers, que chegou como favorito. Talvez eu tivesse ficado mais chateado se a derrota não fosse para o time de Peyton Manning. Queria realmente que os Cats levantassem o Vicent Lombardi. Mas ao mesmo tempo fiquei feliz, pois do outro lado meu ídolo tinha um fim realmente digno.

Nesta segunda ele vai anunciar sua aposentadoria. Após 18 anos se encerra o legado do maior jogador de futebol americano da história. No coração de qualquer fã da NFL ficará um vazio, mas também recordações de grandes lances proporcionados.

Hoje eu deixo meu clubismo de lado e visto com orgulho minha jersey 18 do Peyton Manning. Sua carreira profissional se encerra, mas sua condição de ídolo será eterna e seus feitos para sempre lembrados. 

OHAMA, Sheriff !