Sob desgaste do torcedor, críticas da imprensa local, possível relacionamento ruim com alguns jogadores e ineficiência em lidar com o psicológico de seus atletas, o atual treinador do Borussia Dortmund, Lucien Favre, convive com um cenário que o desfavorece a cada partida.

As quatro derrotas em 21 jogos oficiais na temporada — contando Champions League, BundesligaCopa da Alemanha —,  torna claro o desprestígio do comandante. No entanto, a inconsistência dos aurinegros, somada aos problemas citados no início deste artigo, permite enxergar a impressão de um treinador que apenas se arrasta, sem perspectiva alguma de êxito, e por um fio de ser despedido.

Torna-se tão previsível o desfecho de Lucien Favre — mais cedo ou mais tarde — fora do Dortmund, que logo surgem as dúvidas de quem poderia ser o possível substituto. A necessidade imposta pelo time alemão de um profissional que saiba falar o idioma local restringe os candidatos e aponta para Daniel Farke, técnico do Norwich, da Inglaterra.

As coincidências entre Farke e Dortmund

Literalmente, a esta altura do Campeonato Alemão, além de possíveis presenças nos torneios de mata-mata, se faz arriscado impor ao elenco uma mudança radical no estilo de jogo. A transição de filosofia requer tempo e paciência e realizá-la no meio da temporada pode ser perigoso.

Partindo desse pressuposto, o flerte entre Farke e Dortmund tem sentido e transparece ser certeiro: o atual comandante do Norwich se caracteriza por armar equipes que têm gosto pela posse de bola e, principalmente, sair em velocidade com seus atletas mais habilidosos. Esta ideologia assemelhá-se a de Lucien Favre, que usufrui de seu formidável elenco de jogadores nas escapadas pelas beiradas do campo.

O jogo em velocidade é quase uma obrigação do time alemão, tendo em vista as características de seu grupo, e Farke daria prosseguimento a esse estilo, dispensando qualquer radicalidade de estratégia em meio à temporada. Diante desta tese, ocorre o questionamento: se o estilo de jogo de Lucien Favre é compatível com seu elenco, por que ele não dá certo? A resposta está na virtude que Daniel Farke tem e que carece no suíço: a tal identificação com o Borussia.

Velho conhecido

Por dois anos (entre 2015 e 2017), Daniel Farke treinou a equipe B do Borussia Dortmund. A intimidade com os Aurinegros pode ser o diferencial para retomar a técnica e a consistência do time. O maior problema, hoje, da equipe vem sendo o nervosismo, o psicológico, notados principalmente em grandes confrontos.

Foto: Divulgação/Borussia Dortmund
Farke quando era da base aurinegra (Foto: Divulgação/Borussia Dortmund)

Muito se fala da deficiência de Lucien Favre no que se refere à gestão de grupo, apegando-se apenas a quesitos táticos. A presença de Farke  seria a solução para mudar a atual situação. Levando, ainda, em consideração, um antigo amor pela instituição que o projetou. A união dos valores táticos agregados por Favre a uma melhor preparação emocional de seus atletas, soa como uma solução perfeita.

DNA ofensivo

O Norwich City marcou 108 gols na temporada passada (2018-19), quando se consagrou campeão da Championship (Segunda Divisão Inglesa). Teria Farke um lugar no Dortmund de hoje?

Confira todos os gols da equipe conduzida por Daniel Farke