Nem sempre as trajetórias das equipes de Fórmula 1 estão frescas nas memórias do fã da principal categoria automobilística do planeta. Há 70 anos havia o primeiro campeonato mundial de F1, mas de lá para cá muita coisa mudou, entre elas as equipes, que hoje compõem o grid. Hoje, dez construtoras brigam pelo título, entretanto você conhece a histórias de todas elas?

Assim, VAVEL Brasil relembra os principais momentos de Alfa Romeo, Alpha Tauri, Ferrari, Haas, McLaren, Mercedes, Racing Point, Red Bull Racing, Renault e Williams. Serão duas semanas de publicações, esta primeira terão as cinco primeiras citadas acima. Em seguida, as outras cinco da ordem alfabética. Dessa vez, iremos falar sobre uma equipe caçula — ou nem tão caçula assim:

AlphaTauri, antes Toro Rosso 

Quando a Minardi F1 Team deixou a Fórmula 1 após disputar sua última temporada no ano de 2005, fãs da equipe italiana fariam uma petição solicitando à nova detentora do espólio que mantivesse o nome Minardi que já era mais que tradicional na categoria — afinal, foram 20 temporadas competindo pela principal categoria automobilística. Apesar de terem fracassado nesta missão, os italianos, sempre muito empolgados com F1, viram a nova compradora manter uma certa “herança italiana”. Em suas origens, em seus traços e, principalmente, em sua sede. Localizada na belíssima cidade de Faença.

No dia 10 de setembro de 2005, a famosíssima marca austríaca de energéticos Red Bull anuncia a compra da Minardi após seu proprietário, Paul Stoddart, garantir ter recebido mais de 40 propostas de compra. Segundo ele, o que pesou pela escolha de vender seu sonho à Red Bull foi seu desejo de que a nova proprietária fosse alguém que pudesse "levar isso além". Além, claro, de alguém que pudesse garantir que a equipe jamais iria perder sua essência italiana. E assim nasceu a Scuderia Toro Rosso. Uma equipe que, logo cairia no gosto dos apaixonados por F1.

Conta a história que, num primeiro momento, a ideia seria chamar a nova equipe de Squadra Toro Roso, no entanto uma preocupação por parte do setor de marketing foi levada em conta. Poderia haver uma certa confusão, uma vez que, clubes de futebol da Itália utilizam o termo "Squadra" em seus nomes. Sendo assim, o termo Scuderia — também utilizado pela gigante Ferrari — foi o escolhido à época. A semelhança entre as duas equipes, entretanto ficaria apenas em seus nomes mesmo.

Em sua temporada de estreia em 2006, a mais nova scuderia italiana já se vê envolvida em uma enorme polêmica: enquanto todas as equipes do grid estavam prontas para disputar o campeonato com os novos motores V8, a Toro Rosso (que também passou a ser chamada por STR, devido ao nome de seu primeiro carro) chegava para a disputa com motores V10, que havia sido utilizados pela Minardi na temporada anterior. E, mesmo que seus motores tivessem algumas restrições, todas as equipes concorrentes não gostaram muito da ideia de haver uma equipe com motores mais potentes, em tese. Assim sendo, a Toro Rosso foi a última equipe a alinhar em um grid de Fórmula 1 com motores de 10 cilindros.

A superioridade da Toro Rosso, no entanto, só ficou no papel mesmo. Sua primeira temporada foi bem abaixo do que se esperava de uma equipe estreante. Ainda mais com o poderio financeiro no qual a equipe, em princípio, teria a sua disposição. Vide a grandeza de sua proprietária austríaca. Mas esse investimento só seria notado dois anos depois, em 2008. A STR aposta em bons nomes para pilotarem seus carros. Duas promessas quase que "xarás": o francês Sébastien Bourdais e o alemão Sebastian Vettel. Esse último se tornando um dos maiores pilotos que já estiveram em um cockpit da Toro Rosso.

Lampejos de glória

Seu auge na F1 foi justamente na temporada de 2008, graças ao desempenho acima da média do alemão, que viria a se tornar um dos maiores nomes da categoria no futuro. O atual tetracampeão, Sebastian Vettel, conquistou a primeira pole position e a primeira vitória na carreira e da equipe no GP da Itália. A equipe terminou o ano em sexto lugar (só voltando a repetir este feito na temporada de 2019) e oitavo no Mundial de Pilotos (melhor colocação) com Vettel. Outros momentos de glórias assim, não voltariam a serem vistos, até por quê, com o passar dos anos a Toro Rosso ganharia a alcunha de "equipe B" da Red Bull Racing (RBR). E, de fato, jamais foi além disso.

A Toro Rosso, talvez tenha enfrentado os seus piores momentos nas últimas temporadas. Seguidas trocas de motores, atrelado a desempenhos ruins de seus pilotos, ocasionando em trocas frequentes (muitas ocorrendo durante a temporada) fizeram com que, a equipe perdesse um pouco de seu prestígio no pelotão intermediário. Tudo se iniciou na temporada de 2014, quando houve a primeira troca de motores que, não acontecia desde o ano de 2007. A STR deixa de usar seus motores Ferrari, e passa a utilizar motores Renault. Mas essa parceria só teria validade por duas temporadas. No ano de 2016, os motores Ferrari voltariam a ser usados, no entanto, a equipe italiana usaria motores de 2015. Em temporadas mais recentes, uma nova parceria: motores Honda deram um novo ar de esperança à equipe.

Muito se discute o desempenho de seus pilotos nos últimos anos. É bem verdade que a Toro Rosso não voltou a contar com grandes nomes como Sebastian Vettel e Daniel Ricciardo, por exemplo. Pilotos de maior destaque em todos esses anos de existência da STR. Embora sempre surja uma promessa aqui ou ali, a prioridade é sempre "subir" os pilotos que se destaquem para a "equipe A”, a RBR. Mas acredita-se que esse cenário possa mudar nos próximos anos. Uma nova era se inicia na equipe. Sem perder a essência, claro.

Nova era: a AlphaTauri

Em setembro de 2019, a Red Bull anuncia uma mudança inesperada no paddock. A, até então, Scuderia Toro Rosso passa a se chamar Scuderia AlphaTauri. Ainda que, por um motivo comum por parte da Red Bull — promover sua nova marca de moda — a promessa de seus diretores, Franz Tost e Helmut Marko, é de que a Scuderia AlphaTauri não será uma equipe júnior, mas sim uma equipe irmã da Red Bull Racing. O que nos faz crer que poderemos esperar maior investimento e, consequentemente, maior destaque da equipe num futuro próximo.

Para a atual temporada de 2020 (deformada devido à pandemia do novo coronavírus) a novíssima AlphaTauri já anunciou que permanece com sua parceria para utilizar motores Honda mais uma vez. Sua dupla de pilotos será a mesma da temporada passada: Pierre Gasly e Daniil Kvyat. E a expectativa é que dia mais vitoriosos possam surgir na história da equipe que, apesar de poucas glórias até aqui, já pode ser considerada umas das mais tradicionais do grid atual, quem sabe até de toda a história da Fórmula 1.