Chegar à final de um campeonato no esporte profissional significa não somente a chance de disputar um título. Na NFL, um time que chega ao Super Bowl não está no grande jogo por acaso. Tida como uma das ligas mais disputadas entre todas as modalidades do mundo, a liga de futebol americano desafia e faz provar o melhor e o pior de cada equipe.

Foi assim com o Atlanta Falcons. O time liderado pelo quarterback Matt Ryan conseguiu apresentar a sua faceta destacável na reta final da temporada, não titubeou nos playoffs e chega agora a tão sonhada final em Houston. 

Inicio de temporada e desconfiança

O caminho dos campeões da Conferência Nacional começou com imprevistos. Logo na primeira semana do campeonato, a equipe foi derrotada pelo Tampa Bay Buccaneers diante do seu torcedor, cedendo 371 jardas ao ataque dos Bucs, sendo 284 delas conquistadas pelo quarterback Jameis Winston. 

Em casa, Falcons sofreram com os Bucs (Foto: Icon Sportswire/Getty Images)
Em casa, Falcons sofreram com os Bucs (Foto: Icon Sportswire/Getty Images)

Tal desempenho preocupou a torcida presente no Georgia Dome. Cobrado por uma reação imediata, o técnico Dan Quinn conseguiu acalmar os ânimos dos fãs com uma surpreendente vitória fora de casa contra o Oakland Raiders. Naquela ocasião, um touchdown de oito jardas do wide receiver Taylor Gabriel e uma "4th & 2" de Oakland anulada pela defesa de Atlanta na reta final deram a primeira vitória do ano aos Falcons. 

Os primeiros bons sinais

Com a moral recuperada, vieram três vitórias seguidas, sendo duas contra adversários de divisão. Saints e Panthers não conseguiram parar o ataque comandado por Matt Ryan e Devonta Freeman, que estabeleceram números impressionantes. Contra New Orleans, Freeman teve 207 jardas totais partindo da linha de scrimmage. No duelo diante Carolina, Ryan lançou para 503 jardas, sendo 300 passadas somente para o wide receiver Julio Jones. A partir daí, as peças do jogo corrido e aéreo de Atlanta começaram a se entender como nunca.

Julio Jones trucidou Carolina com 300 jardas totais (Foto: Icon sportswire/Getty Images)
Julio Jones trucidou Carolina com 300 jardas totais (Foto: Icon sportswire/Getty Images)

Embora projetando o equilíbrio ofensivo, uma das vitórias mais importantes da temporada foi graças a defesa. Contra os atuais campeões do Denver Broncos, em pleno Colorado, os Falcons amedrontaram o calouro Paxton Lynch, estabeleceram seu ataque terrestre e venceram fora de casa, chegando a 4º vitória de 2016.

Um esboço de declínio

Tudo parecia estar sob controle. O desempenho defensivo e ofensivo dos Falcons começaram a alertar especialistas que antes ignoravam o potencial da equipe. Porém, surge o momento de baixa na temporada. No regresso de Dan Quinn a Seattle, os Falcons foram derrotados com polêmica marcação da arbitragem, que não assinalou uma possível interferência de Richard Sherman em Julio Jones nos segundos finais.

Falta não dada de Richard Sherman mudou rumo do jogo (Foto: Otto Greule Jr./Getty images)
Falta não dada de Rishard Sherman mudou rumo do jogo (Foto: Otto Greule Jr./Getty images)

Com o resultado, Atlanta viu sua sequência de vitórias cair por terra. Na semana seguinte, veio o pior. Atuando com preciosismo, o sistema defensivo dos Falcons entrou em pane contra o San Diego Chargers. Os californianos conseguiram superar uma desvantagem de 17 pontos e venceram na prorrogação, contando com atuação decisiva de Phillip Rivers e field goals de empate e da vitória no tempo extra. Após o fatídico resultado, alguns torcedores perderam a paciência e esbravejaram contra o coordenador defensivo Richard Smith.

De desacreditado a Seed #2

Pressionado, Dan Quinn precisou demonstrar novamente poder de reação. A recuperação veio oito dias depois contra o Green Bay Packers com direito ao touchdown e extra point da virada anotados no último minuto de jogo. 

"Mordido" com a derrota na estreia para os Buccaneers, os Falcons foram até Tampa Bay para se vingar. Em uma atuação contudente de Matt Ryan, que lançou para 344 jardas, os Falcons atropelaram: 43 a 28. O resultado permitiu a Atlanta passar a liderar com folga a Divisão Sul da NFC.

Passadas dez semanas, o ânimo voltou a tomar conta do espírito do fã de Atlanta. Mas, cauteloso, Dan Quinn precisou ainda ver sua equipe falhar contra o Philadelphia Eagles antes da semana de descanso.

Renovado o gás após a bye week, os Falcons venceram e convenceram contra o Arizona Cardinals. O placar elástico de 38 a 19 passou a ser construído graças a "arma surpresa", Taylor Gabriel. Na ocasião, o wide receiver anotou dois touchdowns, recebendo quatro passes para 75 jardas. 

Atlanta não deu chances para Arizona (Foto: Kevin Cox/Getty Images)
Atlanta não deu chances para Arizona (Foto: Kevin Cox/Getty Images)

O adversário seguinte seria o Kansas City Chiefs. Contra a equipe do brasileiro Cairo Santos, os Falcons foram vítimas de um dos momentos mais icônicos da temporada. O safety dos Chiefs, Eric Berry, interceptou Matt Ryan em tentativa de conversão de 2 pontos de Atlanta, retornando para a endzone e conquistando a vitória para a sua equipe no fim da partida. Um balde de agua fria e tanto.

Passada a decepção, vieram as duas vitórias contra times da Divisão Oeste da Conferência Nacional. Rams e 49ers foram as vítimas de um Atlanta Falcons que começara a sonhar com a semana de descanso na primeira fase dos playoffs. Sendo novamente os algozes de Panthers e Saints, com dois triunfos seguintes sob os mesmos, os Falcons terminaram a temporada regular na segunda posição da NFC. A colocação deu direito a bye week e só restou a Atlanta aguardar a definição do seu adversário para a segunda fase da pós-temporada. 

Semifinal: revanche contra os Seahawks

Coube aos Falcons passarem a ser donos do seu próprio destino, tendo a prova de fogo contra o Seattle Seahawks. Montando uma estratégia predominantemente defensiva e visando coibir as investidas do ataque de Seattle e Russell Wilson, Atlanta chegou a ficar atrás no placar, mas conseguiu virar o marcador a seu favor. Matt Ryan, eficiente, e Julio Jones, inspirado, fizeram a diferença e levaram a equipe para a final de Conferência.

Derrota na regular foi "devolvida" na pós temporada (Foto: Icon Sportswire/Getty Images)
Derrota na regular foi "devolvida" na pós temporada (Foto: Icon Sportswire/Getty Images)

O domínio na decisão da NFC

No jogo mais importante da história recente da franquia, os Falcons não decepcionaram o torcedor que lotou o Georgia Dome. Quem foi ver a equipe pela última vez no estádio saiu com a sensação de ter assistido uma das exibições mais seguras de todos os tempos. Não parecia ser uma final. Em jogo de um time só, Atlanta atuou a nível de um time que almeja ser campeão da NFL do início ao fim. Em pouco mais de 34 minutos de posse, o ataque acumulou 493 jardas. A defesa não deu chances ao empolgado e sempre imprevisível Aaron Rodgers.

Matt Ryan liderou massacre pata o título da NFC (Foto: Icon Sportswire/Getty Images)
Matt Ryan liderou massacre pata o título da NFC (Foto: Icon Sportswire/Getty Images)

Graças a esses fatores, os Falcons conquistaram pela segunda vez o título de Conferência e chegaram ao Super Bowl 18 anos depois. Agora o desafio não poderia ser maior. O New England Patriots de Tom Brady e Bill Belichik será o adversário e, caso repita a dose dos playoffs, é possível que o Atlanta Falcons entre para a lista dos campeões da NFL e saia da seca de mais de 70 anos.