Análise: defesa e jogo corrido são pontos-chave para que Eagles vençam Super Bowl

Os dois setores do jogo foram grandes qualidades da equipe dos Eagles durante a temporada

Análise: defesa e jogo corrido são pontos-chave para que Eagles vençam Super Bowl
Análise: defesa e jogo corrido são pontos-chave para que Philadelphia possa vencer
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Por Gabriel Menezes

Vencer o New England Patriots nunca é tarefa fácil. Isso é consenso entre qualquer pessoa que acompanhe futebol americano. Afinal, a equipe comandada por Tom Brady tem, por trás dos 53 jogadores que podem entrar em campo, uma das melhores comissões técnicas da história da liga. Além, é claro, de um quarterback considerado por muitos o melhor de todos os tempos.

Neste domingo (4), o Philadelphia Eagles disputará seu terceiro Super Bowl, o segundo contra os Patriots. Em 2005, no SB XXXIX, a equipe da Pensilvânia acabou derrotada por 24 a 21. Em 2018, é certo que o time de Doug Pederson terá de confiar, principalmente, em seu jogo corrido e na sua defesa, que brilharam durante a temporada regular.

Foles pode ir bem se fizer o 'feijão com arroz', mas bom jogo corrido será essencial

Sem Carson Wentz, a tarefa dos Eagles fica muito mais complicada. Apesar disso, o reserva Nick Foles provou, na final de conferência contra os Vikings, que pode liderar o ataque explosivo de Philadelphia a algumas vitórias, mesmo contra excelentes defesas. Para isso, no entanto, o jogo corrido será fundamental. A lógica é bastante simples: as corridas de Jay Ajayi, LeGarrette Blount e Corey Clement ajudarão o relógio a continuar andando, mantendo Brady fora de campo e deixando a defesa descansar.

Bola na direção de Ajayi, mas olhos na defesa: essa é a chave da leitura para os RPOs de Foles (Foto: Icon Sportswire/Getty Images)
Bola na direção de Ajayi, mas olhos na defesa: essa é a chave da leitura para os RPOs de Foles (Foto: Icon Sportswire/Getty Images)

Além disso, as melhores performances de Foles vêm quando ele pode abusar das jogadas de run-pass option (RPOs), que geralmente obrigam a defesa a se movimentar para defender uma das duas opções, abrindo caminho para que o quarterback, com uma leitura rápida, possa decidir se entrega a bola ao seu RB, ou se fica com ela para tentar o passe, que na maioria das vezes é curto e acaba acertando um recebedor que conseguiu separação justamente em momento de hesitação ou confusão dos defensores. Os números comprovam que o desempenho do camisa 9 é excelente nesse tipo de jogada: completou 93.8% dos passes, sem interceptações em RPOs. Foram 61.5% e duas interceptações em jogadas diferenciadas. Aliás, os Patriots foram a quinta franquia a ceder mais jardas/tentativa em jogadas de RPO (5.6).

Para tirar um pouco da pressão de seu quarterback, Jay 'Train' Ajayi e o "búfalo" LeGarrete Blount serão imprescindíveis. O último, campeão do Super Bowl LI com os Patriots, dificilmente cai no primeiro contato: quebrou tackles em 17% de suas corridas na temporada regular, quinta melhor marca entre os RBs da liga. Foram 766 jardas e dois touchdowns na temporada regular, somados a mais dois nos playoffs. Ajayi, por outro lado, vem sendo o perfeito three down running back dos Eagles, sendo usado de todas as maneiras possíveis, com corridas por fora da linha, pelo meio, ou recebendo passes em screens, também essenciais para os Eagles, que utilizam a velocidade principalmente de seu center, Jason Kelce, para abrir caminho ao longo do campo. Em Philly, Ajayi teve 408 jardas - em sete jogos - e dois touchdowns.

​ Da direita para a esquerda: Ajayi (36), Barner (38), Clement (30) e Blount - quase escondido - serão fundamentais para os Eagles (Foto: Icon Sportswire/Getty Images) ​

Defesa terá de limitar ataque muito criativo para possibilitar título inédito

A defesa dos Eagles pode ser descrita como uma das melhores da liga. Os números também comprovam: Philadelphia foi a quarta equipe que menos cedeu pontos na temporada regular, além de ser a que melhor defendeu contra o jogo terrestre, arma importante dos Patriots, cedendo apenas 79.2 jardas por jogo aos adversários.

Fletcher Cox e Brandon Graham são os maiores nomes da linha defensiva dos Eagles
Fletcher Cox e Brandon Graham são os maiores nomes da linha defensiva dos Eagles (Foto: Icon Sportswire/Getty Images)

Com um front seven - grupo constituído pelos defensive linemen e linebackers - de elite, os underdogs se orgulham de seu pass rush, aplicando pressão em todo quarterback que lhes enfrenta. Tom Brady foi o melhor da liga contra a pressão, tendo rating de 95.5. Apesar disso, as suas derrotas em Super Bowls indicam que essa é a chave para que o lendário QB dos Patriots tenha problemas. Nenhum dos times que ele derrotou o pressionou em mais de 40% dos snaps. Os Giants, entretanto, em seus dois triunfos sobre New England, atingiram marcas de 43.4 e 46.5% de pressão sobre o líder da equipe.

Com uma linha defensiva que conta com um sistema de rotação excelente, a expectativa é que Derek Barnett, Chris Long, Vinny Curry, Fletcher Cox, Tim Jernigan, Beau Allen e Brandon Graham consigam pressionar, sem ajuda de linebackers ou safeties, pressionar os adversários, enquanto que as outras linhas de defesa se mantêm firmes na marcação dos recebedores.

O coordenador defensivo Jim Schwartz também vai ter de prestar atenção ao excelente e criativo ataque de Josh McDaniels, que abusa de rotas de seus ágeis running backs e podem utilizar o "rub" concept - cruzando recebedores - para confundir e atrasar a marcação homem-a-homem, muito utilizada por Philly.