A Kombank Arena, em Belgrado, estava lotada e os gritos de apoio para a seleção da Sérvia ecoavam fortemente e foi com esta poderosa arma proporcionada pelo fator casa que as anfitriãs do Mundial de Handebol Feminino. Diante deste panorama, a tendência até poderia ser as brasileiras se intimidarem, encontrarem dificuldades para impor seu jogo e passar por apuros, no entanto, o espírito de raça da equipe falou mais alto, ainda mais pelo fato do Brasil nunca ter sido tradicional no handebol, e, nem mesmo o clima de caldeirão proporcionado pelos 20 mil sérvios presentes, foi capaz de minimizar isso. No fim das contas, uma atuação grandiosa, uma vitória brilhante por 22 a 20 e a épica conquista do título mundial, feito inédito e extremamente marcante para o esporte brasileiro.

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Confira como foi o tempo real entre Brasil 22 x 20 Sérvia

A festa das jogadoras ao fim da partida embalada pela música "Celebrar", da banda Jammil e Uma Noites, evidenciava pelas lágrimas das atletas e pelo olhar alegre do técnico Morten Soubak o imenso valor deste título, que coroa um projeto muito bem desenvolvido há tempos e que, de certa forma, revolucionou não só a modalidade no Brasil pela elevação do patamar, mas também o cenário mundial de tal esporte, já que sempre se viu um enorme domínio europeu e, agora, as brasileiras aparecem para quebrar este estigma, mostrar que elas sabem muito bem jogar handebol também.

Brasil não se intimida e já mostra ao que veio na primeira etapa

Os primeiros minutos de jogo já notorizaram o quão focado o Brasil estava na partida. Com uma marcação agressiva e um ataque muito bem comandado pela inspirada Fernanda, que marcou os dois primeiros gols brasileiros no confronto, logo no início, a seleção brasileira foi capaz de abrir uma vantagem de dois gols, mas isso também acendeu a seleção sérvia que sentiu o apoio de sua torcida e foi atrás da virada.

Quando a situação começava a apertar e a Sérvia ameaçava se desgarrar no placar, as jogadoras brasileiras voltaram para o jogo e, impondo um ritmo frenético, viram Alexandra Nascimento, a melhor jogadora do mundo na atualidade e autora de 6 gols no confronto de hoje, chamar a responsabilidade ao lado de Duda e as rédeas da partida voltavam ao lado brasileiro, diante disso, a etapa inicial terminou com a concretização da virada e o placar em 13 a 11 a favor do Brasil.

Atuação imponente no segundo tempo

O intenso ritmo com o qual as meninas brasileiras fecharam o primeiro tempo manteve-se no segundo tempo e, passados os cinco primeiros minutos da etapa inicial, Duda já havia marcado duas vezes, Deonise uma e o placar já estava em 16 a 11, sinal da eficiência do imponente estilo de jogo brasileiro. 

A conquista de tamanha vantagem logo no início da etapa final dava sinais de que o Brasil já havia matado a Sérvia, contudo, a torcida passou a apoiar ainda mais e a goleira Tomasevic decidiu aparecer no jogo. Com duas defesas em tiros de 7 metro brasileiros, a arqueira foi responsável por inflar ainda mais o torcedor sérvio e passar a confiança para que o restante da equipe fosse atrás da virada, mas eis que apareceu a figura de Mayssa, que entrara no lugar de Babi devido a um mau momento da mesma na partida, e, com defesas brilhantes, a goleira brasileira evitou que as sérvias reagissem no jogo, dando a margem para que as brasileiras sacramentassem a vitória por 22 a 20, selando a vitória e a grandiosa conquista.

Duda é eleita MVP e Babi é a melhor goleira

Se não bastasse o título, a seleção brasileira ainda foi gratificada com conquistas no âmbito individual. Eduarda Amorim, a Duda, foi eleita pela organização do Mundial a melhor jogadora da competição, levando o troféu de MVP para casa, enquanto isso, a goleira Babi foi selecionada para a seleção do campeonato, sendo assim considerada a melhor goleira da competição.

Medalha de bronze fica com a Dinamarca

No jogo de fundo ao da final, a seleção da Dinamarca, eliminada pelo Brasil nas semifinais, venceu a Polônia por 30 a 26 e assegurou assim o terceiro lugar no Mundial.