O sotaque ainda tem traços de Maceió, cidade onde nasceu, mas é este fortemente tomado pelo português de Portugal. As férias são passadas em Portugal. A sua mulher Ana Sofia e as suas filhas são portuguesas. E ao falar sobre Portugal, o alagoano refere-se a este como “meu país”.

Képler Laveran Lima Ferreira, Pepe no mundo do futebol, 34 anos, chegou a Portugal com 17 para jogar no Marítimo, vindo do Corinthians Alagoano. Foi em terras portuguesas que passou maior parte da sua vida e onde conquistou praticamente tudo o que tem.

O início da vida em Portugal não foi fácil, pois fazia parte do plantel do Marítimo B, mas os dois anos seguintes foram de destaque na primeira liga portuguesa, chamando a atenção do FC Porto. Após 5 títulos nacionais com os dragões, Pepe tornou-se o defesa central mais caro da história quando foi comprado pelo Real Madrid por 30 milhões de euros, em 2007.

Pepe na sua apresentação pelo Real Madrid, em 2007 // Fonte: Getty Images

Apesar de ter deixado o Brasil como um desconhecido e nunca ter vestido a camisola canarinha nos escalões jovens, Pepe teve a oportunidade de atuar pela seleção do Brasil. Dunga, em 2006, entrou em contacto com o central para falar sobre uma possível chamada. Pepe rejeitou, pois sentia-se português e já estava em processo final para obter a cidadania portuguesa.

Em 2007, estreou-se por Portugal e desde aí até hoje é titular indiscutível. Sempre foi um jogador muito regular, mas o seu melhor torneio foi mesmo o último – o Europeu de 2016. Pepe formou dupla numa primeira instância com Ricardo Carvalho, num jogo com Bruno Alves e depois, na fase decisiva do torneio, com José Fonte. Sendo um central bem mais rápido que estes dois, jogava quase como um ‘semi-líbero’, as dobras eram todas dele. A defesa portuguesa parecia uma muralha, e foi isso que deu o título europeu a Portugal. Pepe foi, para muitos, o jogador mais importante da seleção portuguesa neste Europeu. Esteve imperial, e já não se via esse Pepe há algum tempo.

Pepe foi considerado o melhor defesa do Campeonato da Europa de 2016 // Fonte: Getty Images

O central, de 34 anos, continua a ser uma peça importantíssima da máquina de Fernando Santos e vai ter um papel de relevo nos jogos de qualificação que se avizinham e também na Taça das Confederações deste Verão. 

Pepe é um caso raro entre todos os atletas naturalizados, não adotou uma nova pátria para ter mais sucesso na carreira ou para ter mais oportunidades, fê-lo e joga pela seleção portuguesa porque se sente português e nada lhe dá mais orgulho do que vestir a a camisola das quinas. “Para mim, cada jogo com a seleção portuguesa é especial. Foi isso que me fez chegar à seleção, foi um país que me deu tudo. Estou grato aos portugueses para resto da minha vida por tudo o que tenho e pelo que a minha família tem” – revelou o central em entrevista a um site brasileiro, em 2014.