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O cha cha cha que os «guerreiros» não souberam dançar

Jogo pouco impressionante na primeira parte com uma toada mais ritmada na segunda, quando Jackson Martínez fez do campo o seu salão de danças, golos e festejos: foram dois do colombiano a selarem a vitória frente ao Braga, que com esta derrota pode acabar a jornada em 10º lugar (Foto: Francisco Leong | AFP)

O cha cha cha que os «guerreiros» não souberam dançar
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Por VAVEL

Foi com o sangue quente de Jackson Martínez que o FC Porto bateu o SC Braga, por 2-0: o colombiano bisou na partida e, ao ritmo do seu cha cha cha, roubou os três pontos aos «guerreiros», que durante os primeiros 45 minutos foram capazes de suster o favoritismo caseiro dos «dragões», de novo uma sombra de si mesmos durante o período em questão. Passes errados, entremeados com vacilos e intermitências exibicionais, estes foram os ritmos do Porto na primeira parte. Na segunda, Jackson fez-se à batida criada por Alex Sandro e Varela, e finalizou a partida com um bis feito de ritmos mais alegres - os portistas arrecadaram três pontos e voltaram a sorrir, agora que igualaram o rival Benfica na classificação. Paulo Fonseca volta a respirar de alívio, depois da contestação de que tem sido alvo ultimamente.

Primeira parte com sinal mais para os bracarenses

Não é segredo que o Porto procura uma forma de maximizar as capacidades do seu médio mais experiente e criativo, Lucho. Ontem, a formação portista colocou o argentino à frente de Herrera e Defour, dando vida a um triângulo raramente visto no onze de Paulo Fonseca, que não podia contar com o «polvo» Fernando, castigado. O desenrolar da primeira parte mostrou um meio-campo azul e branco agarrado ao medo de falhar, incerto na condução da bola e hesitante na tomada de decisões, certamente, traços marcantes de uma equipa que atravessa um conturbado período psicológico. Desligado e fora de horas, o Porto foi sendo manietado pelo labor dos guerreiros de Braga, que no centro do terreno concentravam Mauro, Luiz Carlos e Alan, trio que foi roubando o protagonismo aos homólogos adversários. O primeiro remate condigno do Porto surge apenas, pasme-se, aos 34 minutos, saído do pé de Josué. Do lado dos de Braga viam-se mais movimentações de ruptura, maior arcaboiço intermédio e também maior acutilância nas extremidades do ataque, com Pardo e Rafa Silva a ameaçarem o controlo defensivo dos visitados.

Carlos Eduardo refez um triângulo mais coerente

A saída de Lucho para a entrada de Carlos Eduardo coincidiu, de facto, com um período de maior coerência portista na zona de construção, a meio do terreno. O argentino, lesionado, deu lugar ao brasileiro, e, não tendo sido uma substituição com contornos de transformação táctica, a verdade é que o brasileiro entrou em campo numa altura em que o jogo portista precisava, realmente, de uma nova atitude. Eduardo entrou bem, assistindo a uma crescente solidez de Defour e ao benéfico adiantamento de Herrera, menos preso ao erro na segunda parte. O golo de Jackson, aos 48 minutos, proporcionou a calma necessária para que tudo isto se desenvolvesse como narrado até aqui: os minutos jogavam contra o Porto, actuando perante uma plateia-tribunal, mas Jackson acalmou as hostes e os «dragões» partiram, assim, para uma exibição segura.

Jackson resolveu com golos vindos das alas

O avançado colombiano foi o herói da partida, estando em quase todos os lances de perigo portista. Do golo marcado aos 48 minutos, depois de passe de Alex Sandro, ao segundo tento, obtido aos 80, a passe exímio de Varela, Jackson deu uma lição de perseverança atancante, ameçando a baliza de Eduardo repetidamente. O melhor marcador do Porto beneficiou também da maior largura do jogo azul e branco, que permitiu aos extremos zonas de acção propícias aos desequilíbrios que se foram verificando nas alas da defesa bracarense. Jesualdo Ferreira tentou refrescar as alas, com as entradas de Hugo Vieira e Salvador Agra, mas o jogo estava tendencialmente a favor dos da casa. 

Porto iguala Benfica e ameniza estragos

Com o surpreendente empate encarnado, diante do Arouca, o Porto alcançou, com esta vitória, o Benfica na tabela classificativa. O feito ameniza os estragos, quer desportivos quer psicológicos, dos últimos tempos, turbulentos, que se têm vivido no Dragão. A vitória de ontem, diante de um adversário sempre espinhoso, aumenta esse estado anímico positivo. Já o Braga, visitante longe de poder granjear de favoritismos contra o campeão, queda-se pela oitava posição, podendo, em caso de vitórias de Rio Ave e Académica, cair para a décima posição, com apenas 15 pontos.

«União entre a nação portista», diz Fonseca

Na conferência de imprensa posterior ao jogo, Paulo Fonseca relevou o apoio dos adeptos tripeiros, vendo nisso a translúcida conclusão de que a massa adepta azul e branca está em sintonia com a equipa: «Tivemos uma grande resposta em relação ao apoio dos nossos adeptos. Estiveram sempre com a equipa, mesmo percebendo que não foi um início de jogo estável. Apoiaram sempre os jogadores», afirmou, para de seguida concluir: «Ficou demonstrado que há uma grande união entre toda a nação portista». Jesualdo reconheceu o mérito do adversário: «O FC Porto acaba por ganhar bem», disse o técnico bracarense.