Início de partida dividido, vários passes comprometedores de parte a parte e um Capel irrequieto à procura de quem lhe completasse o golo, tantos foram os bons cruzamentos efectuados pelo extremo espanhol, encostado ao corredor direito. O Belenenses, com Fredy pelo corredor esquerdo, tentava galgar os metros que o Sporting deixasse descobertos, mas nem leões nem belenenses desperdiçavam centímetros que fossem no combate a meio-campo. Foi precisamente o espanhol a ter nos pés a primeira hipótese de golo, criada por Carrillo, mas o extremo, deslocado, penteou a bola apenas.

Cédric e Capel abriram flanco demolidor

A dupla composta por Cédric e Capel tomava todo o protagonismo do jogo e, de tanto ameaçar, arrancou pela faixa dextra o primeiro golo do encontro: combinação rápida finalizada por uma entrada pontiaguda do lateral português, apenas travado por uma falta de Filipe Ferreira. Penalty que Adrien se encarregou de concretizar tranquilamente. Com uma dinâmica ofensiva assinalável, o Sporting girava as suas peças fazendo cair diferentes nomes no corredor direito, ora Cédric e Capel, ora André Martins e William Carvalho, causando desorientações constantes na defesa forasteira e obrigando o jovem Filipe Ferreira a trabalhos redobrados. Na área do Belenenses, João Afonso ia limpando o céu com cabeçadas imperiais, mas o ataque leonino ameaçava a cada minuto. Ao cair do primeiro acto, no minuto 45, Montero desperdiçou um golo cantado, depois de outra excelente combinação entre Capel e Cédric em pleno flanco direito. No caminho para os balneários, sportinguistas e belenenses partilhavam, certamente, da mesma sensação: o Sporting dominara a primeira parte e o 1-0 parecia curto para a produção leonina. 

Ultrapassar pela direita a toda a velocidade

Foi sempre através do lado direito do seu ataque que o Sporting conseguiu atropelar a defensiva belenenses, e o segundo golo verde e branco não foi excepção: correria de Capel, cruzamento a descobrir Carrillo que, descaído para o flanco contrário, desmarcou André Martins no coração da área da Cruz de Cristo. O português não falhou o remate de primeira e engordou a vantagem, para gáudio do público sportinguista. Decorria o minuto 53. Novamente o corredor direito a funcionar como passadeira para Capel estender a sua velocidade de ponta, conduzindo a bola até ao pé de Carrillo, que ofereceu a bola, pronta e redonda, a André Martins que se torna, a cada jogo que passa, num médio capaz de fazer a diferença no último terço do terreno. Depois do 2-0 o Belenenses quebrou animicamente e permitiu um controlo plácido do Sporting, que ainda assim, nunca se absteve de perigar a baliza de Matt Jones.

William sustém, Adrien pensa e Martins chega-se à frente

O meio-campo verde foi sempre dominador e raramente se desencontrou do jogo, nunca se desorientando aquando das tentativas de transição azul. O triângulo do Sporting foi sempre desenhado numa plena entreajuda que unia os seus três vértices na procura da bola e na anulação de espaço de manobra que, de facto, foi coisa de que o Belenenses raramente dispôs. A solidez no miolo foi nuclear para que o 4-3-3 de Leonardo Jardim se explanasse, nas alas, com a largura necessária, criando assim avalanches de ataque escorrido pelas faixas laterais que, durante os 90 minutos, incomodaram a linha defensiva do Restelo, várias vezes sob fogo. Matt Jones foi defendendo o que pôde, mas o domínio total do Sporting fazia antever novo golo. Com William Carvalho a suster o pouco fôlego belenense, Adrien a equacionar soluções ofensivas e André Martins pisando terrenos avançados, o Sporting empurrava o Beleneses para dentro da sua área e, logicamente, seria uma questão de tempo até chegar o 3-0.

Wilson Eduardo na via verde

Com Fredy esforçado mas anulado, Tiago Silva ocupado com tarefas defensivas, João Pedro desinspirado e Diawara pouco solicitado, pouco restava ao Belenenses a não ser apostar na juventude irreverente de Sturgeon, mas o pendor do jogo, até então leonino, nunca se alterou. Wilson Eduardo entrou para o lugar do ovacionado Capel, e, colocado na via verde do flanco direito, o extremo português mostrou que o flanco dextro era, impreterivelmente, o caminho do golo. A fuga de Wilson (aos 84 minutos) culminou com um remate de pé esquerdo que bateu Matt Jones e escreveu o final de um jogo desequilibrado onde o Sporting deixou a sua marca de líder: 3-0 com uma exibição dominadora. O leão está confortável com a liderança e parece que o Natal chegou mais cedo para os adeptos leoninos.

Marco Paulo reconhece superioridade leonina

Sobre o primeiro golo do jogo, o treinador belenense, afirmou que se tratou de uma «falta fora da área» que teve influência no resultado: «O lance acaba por condicionar bastante o jogo», afirmou o técnico da equipa do Restelo, que reconheceu a superioridade do líder do campeonato: «Sporting soube estar a ganhar e foi mais forte. Não conseguimos ser agressivos ofensivamente», concluiu Marco Paulo

Leonardo Jardim dá primazia à atitude

O técnico do Sporting voltou, na conferência de análise à partida, a ressalvar o comportamento mental da equipa em detrimento da liderança, agora aumentada, temporariamente, para 5 pontos: «Estar melhor na classificação não é muito importante. O importante é os jogadores continuarem com esta atitude e ambição». Apesar disso, Leonardo Jardim soube valorizar a posição agora reforçada: «A nossa classificação é fruto do nosso trabalho», rematou o treinador leonino, que agora verá, no sofá, os rivais debaterem-se por manter a distância de 2 pontos para o líder Sporting, que segue em forma no topo da Liga.