O Estoril-Praia e o Arouca inauguraram, no Estádio António Coimbra da Mota, a 17ª jornada da Liga ZON Sagres, num jogo que reforçou a esperança dos visitantes na manutenção e colocou em perigo o 4º posto defendido pela equipa de Marco Silva.

Primeiro tempo de sentido único

Na primeira parte assistiu-se acima de tudo a um jogo extremamente disputado a meio-campo, no qual o Arouca, jogando num bloco recuado, tentou pôr fim às investidas atacantes de um Estoril que, muito à sua imagem, conseguiu impôr o seu jogo controlando sempre a nível de posse de bola. Apesar de a formação da casa ter obtido o primeiro tento do encontro ao minuto 36 por intermédio de Sebá, pode dizer-se que a primeira metade do jogo não teve grande história: o Estoril foi criando oportunidades, nem sempre muito claras, e alcançou o golo após um alívio da defesa. Sebá e Evandro foram sempre importantes na manobra ofensiva da equipa, enquanto que o extremo Balboa, apesar de uma exibição segura a fechar espaços à equipa do Arouca, se mostrou pouco inspirado nas suas investidas atacantes. Contudo, o intervalo acabaria por trazer um "abanão" ao jogo.

Segunda parte emotiva e envolta em polémica espoletou a ira dos adeptos da casa

A segunda metade do jogo foi efectivamente diferente da primeira. Ao intervalo, Pedro Emanuel efectuou a primeira troca, substituíndo Soares por Pintassilgo e recuando no terreno Bruno Amaro, numa aposta que visava subir um pouco as linhas da equipa de modo a lutar por um golo. Verdade é que a alteração táctica resultou bem. O Arouca, apagado e muitas vezes a "jogar duro" na primeira parte, deu lugar a um Arouca mais subido e que fez do meio-campo do Estoril habitat para os últimos 45 minutos de jogo. Apesar de as situações criadas pela formação visitante não terem representado grande perigo para a baliza defendida por Vagner, é de ressalvar que lograram encostar a equipa do Estoril, em casa, ao seu meio-campo. 

À excepção de um falhanço de Balboa na cara do golo, os primeiros minutos da segunda metade não tiveram grande emoção. Contudo, tudo mudou à passagem do minuto 70, quando Evandro recebe ordem de expulsão por parte do árbitro Luís Ferreira, após uma entrada aparentemente dura sobre André Claro. Esta expulsão, muito contestada pelo banco do Estoril, e também pelos adeptos da equipa que a partir daí fizeram uso de impropérios para mostrar o seu desagrado para com a arbitragem, mudou definitivamente o rumo do jogo: o Estoril ficou reduzido a investidas de contra-ataque, a maior parte delas levadas a cabo por Sebá, e cada lance mais ríspido motivava desde logo a explosão dos elementos tanto de um banco como de outro.

Foi neste clima de aparente tensão que o Arouca conseguiu chegar ao empate. Roberto responde com cabeçeamento para golo a um cruzamento de Pintassilgo ao minuto 78, restabelecendo a igualdade no marcador, e motivando ainda mais a ira dos canarinhos que se viam reduzidos a dez elementos e quase sem argumentos para partir em busca de um segundo tento. Ao minuto 82 chega mesmo a acontecer um momento caricato e conturbado no jogo: Rui Sacramento, guarda-redes suplente do Arouca impede Tiago Gomes de efetuar um lançamento de linha lateral, sendo assim punido com um cartão amarelo que, tanto para todos os elementos do banco como para as pessoas afectas à equipa da casa deveria ter sido vermelho.

O jogo seguiu-se nesta toada até final: os assobios e impropérios repetiam-se, os nervos à flor da pele nos bancos (principalmente do Estoril) agudizavam-se e o árbitro da partida revelava-se pouco capaz de assumir o controlo do jogo, como necessário. 

Com o final dos 90 minutos atingido, a equipa de Pedro Emanuel ruma assim a casa com 1 ponto na bagagem e uma dose reforçada de ânimo para lutar pelo objetivo ao qual se propôs de obter a manutenção. Já Marco Silva e os seus pupilos passam por um sentimento contrastante, perdendo dois pontos num jogo que pretendiam e sentiram ter capacidade para vencer.