Luz a cada vez maior intensidade uma das grandes figuras de cartaz do Mundial 2014: Neymar prometia ser o protagonista do Brasil e confirmar a subida ao pódio dos três melhores futebolistas do Mundo, liderado por Ronaldo e Messi, e a forma exibida pelo craque do Barcelona não deixa margem para dúvidas - esta pode muito bem ser a Copa do novo Rei do futebol brasileiro.

O herdeiro da dinastia canarinha

Pelé, Zico, Romário, Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho, Kaká...tantos e tão bons que enumerá-los num só artigo seria impossível. O filão de génios brasileiros do futebol é interminável, é certo, mas a fartura de outros anos redundou em seca de há uma década para cá.

Seca de prodígios, mas também de troféus e resultados. Uma coisa anda de braço dado com a outra e a falta de uma grande estrela a que as selecções brasileiras desde sempre se habituaram a ter, acabou por relegar a canarinha para um segundo plano no plano internacional.

Não que o talento não lá continuasse a morar, jorrado gota a gota das grandes favelas e subúrbios do Rio de Janeiro, de outros e infinitos confins do gigantesco território brasileiro. Mas faltava um líder, a tal estrela maior que todas as outras, com algo mais do que a mediania do comum jogador de futebol. Faltava Neymar Jr. para devolver o Brasil ao topo, e ele aí está para toda a gente ver. Directamente de São Paulo para o resto do Mundo.

Aos 22 anos, o «menino da Vila» intromete-se no combate «Messi-CR7»

Messi, Ronaldo...Messi, Ronaldo...andamos nisto vai para quase 10 anos. Português e argentino têm dividido o protagonismo na liderança do futebol mundial e mais ninguém tem sequer chegado perto dos símbolos de Real Madrid e Barcelona.

Muitos se têm candidatado à luta pela Bola de Ouro mas tais demonstrações de intenções não têm passado disso mesmo. Depois de tantas pressões e campanhas à volta do 10 da canarinha, Neymar vai agora além das promessas e mostra no relvado aquilo que realmente vale.

Adaptação ao Barça foi ensaio para a «Copa»

Ainda sem atingir o nível esperado, a selecção comandada por Luiz Felipe Scolari garantiu esta segunda-feira a passagem aos oitavos-de-final do Mundial na primeira posição do Grupo A. Tudo praticamente graças ao talento de Neymar, autor de dois dos quatro golos do Brasil sobre os Camarões (4-1).

Seria exagero dizer que os canarinhos têm sido «levados às costas» pelo avançado do Barcelona, mas a verdade é que o génio de Neymar tem sido preponderante para os bons resultados do Brasil: quatro dos sete golos marcados pela equipa da casa deste Mundial foram marcados pelo antigo jogador do Santos, que assim se tornou no melhor marcador da prova.

Um peso percentual de 57,1% na produção ofensiva da equipa de Scolari, cimentado naquela que foi a 100.ª internacionalização pela canarinha. Mais, com o 35.º golo marcado, Neymar tornou-se no sexto maior goleador da história da selecção brasileira, entrando ainda para o top dos 15 maiores marcadores em campeonatos do Mundo. Para trás, ficaram nomes como Rivaldo, numa lista que é naturalmente liderada por Pelé, com 77 golos.

Marcos históricos numa carreira ainda muito curta e que teve parto prematuro. O franzino avançado estreou-se no Vila Belmiro com apenas 17 anos e dali partiu para uma carreira de sucesso no Santos, sucedendo a Pelé como grande figura do emblema paulista. A partir de 2009, liderou uma talentosa geração de canteranos que encantou o futebol sul-americano e conquistou títulos importantes para o clube brasileiro, como a Taça dos Libertadores e o Mundial de Clubes de 2011.

O salto para o Barcelona deu-se de forma natural e a estreia na Liga espanhola, apesar de tímida, teve nota positiva. Esta evolução é agora consolidada por exibições de encher o olho no Campeonato do Mundo. E com golos a sustentar o estatuto de goleador. Neymar está pronto, e o Brasil?