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Brasil sofre mas empurra Chile para fora do Mundial

A formação da casa enfrentou ontem o Chile nos oitavos-de-final e teve de sofrer para progredir até à fase seguinte. Cento e vinte minutos de equilíbrio entre as duas equipas, com as grandes penalidades a servirem de tira-teimas derradeiro. Júlio César foi vital para o escrete, defendendo duas penalidades.

Brasil sofre mas empurra Chile para fora do Mundial
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Por VAVEL

Cento e vinte minutos de equilíbrio, incerteza, tensão e expectativa, no Estádio Mineirão: o anfitrião Brasil jogava a sorte contra o Chile no «mata-mata» que não se compadece com percalços. Ao favorito Brasil apenas a vitória interessava. A pressão incidia sobre os ombros do escrete e o Chile, «outsider» de responsa, jogava a oportunidade de fazer História, mudando o curso da mesma e contrariando a superioridade brasileira, patente nos jogos entre as duas selecções. Scolari deu a titularidade a Fernandinho e voltou a apostar em Hulk, mas era em Neymar que as atenções tácticas se centravam. O jovem avançado estava no topo da lista das ameaças à baliza de Bravo mas foi um colega seu a trair os reflexos do novo guardião do Barcelona.

Parada e resposta

Na sequência de um canto, Thiago Silva assistiu David Luiz de cabeça, mas foi Gonzalo Jara a antecipar-se ao central cabeludo, cometendo auto-golo, aos 18 minutos. As bancadas relaxaram e amenizaram a tensão mas tal ambiente durou meros minutos efémeros: aos 32 minutos, resposta chilena assertiva, com Alexis Sánchez a aproveitar um erro defensivo de Hulk e Marcelo, desfeiteando Júlio César e empatando a partida. O Brasil tentava imprimir velocidade, usando os flancos (Hulk e Óscar) para abanar a linha defensiva chilena montada por Sampaoli, mas a consistência táctica do seu 3-5-2 foi tapando as vias da baliza de Bravo. Quando em aperto, o Chile desmultiplicava-se num 5-3-2 com as descidas de Isla e Mena, estancando a progressão com bola da armada «canarinha».

Apesar de competente no domínio defensivo, o Chile apenas conseguia ameaçar o guardião brasileiro a espaços, já que o meio-campo de Scolari tentava, progressivamente, manter a estrutura chilena distante das zonas de transição ofensiva. Presos ao calculismo defensivo, os chilenos conseguiam, ainda assim, sair a jogar, muito por culpa da desenvoltura técnica de Vidal (apresentou-se cansado), Sánchez e Áranguiz. Combativos, os médios da La Roja lutavam milímetro por milímetro pelo domínio da zona central: Luiz Gustavo e Fernandinho que o digam. Já na segunda parte, Hulk marcou o 2-1 (55 minutos) mas o juiz da partida anulou o golo por pretensa mão na bola do jogador do Zenit: decisão duvidosa.

Bravo foi muralha chilena

O guardião chileno esteve irrepreensivel na defesa das redes do seu país. Atento e calmo, Cláudio Bravo negou o golo brasileiro com um punhado de intervenções de qualidade: opôs-se ao tiro de Dani Alves com mestria (aos 42 minutos), jogando a bola para canto; parou um cabeceamento de Neymar (aos 81 minutos), revelando atenção; travou um remate de Hulk (aos 84 minutos) com uma sapatada decisiva; o vigilante chileno terá sido pois um dos maiores responsáveis pelo adiamento da vitória brasileira - o jogo prosseguiu para o prolongamento e Bravo voltou a dizer «não» às investidas do escrete. Hulk voltou a tentar e Bravo voltou a negar, aos 103 minutos, mostrando reflexos apurados.

Prolongamento colocou à prova corações brasileiros

Apesar do protagonismo de Bravo, é justo igualmente creditar Júlio César pela manutenção do 1-1: aos 64 minutos o Chile construiu uma das suas melhores jogadas do encontro, acabando por servir Áranguiz que rematou com prontidão já dentro da área «canarinha», um tiro à queima-roupa sacudindo por Júlio César. Temeram o pior os brasileiros presentes no Mineirão. A pólvora seca do Brasil (primeiro com Fred e depois com o seu substituto Jô) adiava o golo tão esperado, com Bravo a encher a baliza. Neymar, enfiado num colete-de-forças chileno, perdia-se em contemporizações e fintas sem ordenamento. Já com Ramires em campo, o Brasil ia para o prolongamento com a incerteza no espírito.

Apesar da quebra física do Chile, verificada no prolongamento, a formação de Sampaoli foi capaz de estancar o jogo ofensivo do Brasil, anulando completamente as alas e remetendo a criatividade do escrete ao jogo interior reduzido no espaço e na amplitude da manobra. Apenas Hulk conseguia, a espaços, dar velocidade ao jogo, mas sempre a título individual. Mesmo recuados no terreno e fisicamente derreados, foram os chilenos a provocar arritmias no coração dos adeptos brasileiros: Pinilla, que entrara no fim do tempo regulamentar, via a barra negar-lhe o golo, perto do minuto 120. A mesma barra viria a salvar o Brasil de uma decepção na eliminatória...

A barra foi a derradeira barreira

Primeiro fora Pinilla, por fim falhou Jara, que já marcara um auto-golo. O defesa chileno, encarregado de marcar o 3-3 nas grandes penalidades, rematou à barra, muito perto do local atingido pelo avançado Pinilla. O Chile, equipa que fizera sensação no seu grupo (batendo categoricamente a Espanha), estava fora da competição. Júlio César foi crucial, defendendo duas penalidades (contra Pinilla e Sánchez) e mantendo o sonho vivo. Apesar da exibição medíocre, o Brasil segue em frente, faltando ainda convencer a massa adepta, que ainda não viu o Brasil exuberante doutros tempos.