Tudo indica que a Mercedes, actual líder do campeonato de F1, remova o seu sistema de suspensão Front-and-Rear InterConnected dos seus monolugares para o GP da Alemanha. A decisão da escuderia de Brackley surge após o inesperdo comunicado do director de provas da Federação Internacional do Automóvel (FIA), Charlie Whiting, onde este anunciou a possível declaração de ilegalidade do sistema.
Decisão inesperada pode baralhar contas do campeonato
Apesar da FIA não ter, até ao momento, efectivamente considerado ilegal este sistema de suspensão que emula o comportamento de uma suspensão activa, mas sem os componentes electrónicos, permitindo manter o carro nivelado em todas as situações, a verdade é que o comunicado de Whiting, citando os regulamentos técnicos da modalidade, deixa aberta a possibilidade dos rivais da Red Bull e da Mercedes interporem queixas contra as soluções das duas equipas.
Correspondentes do jornal alemão Auto Bild referem que o assunto poderá ser particularmente sensível no caso da Mercedes, cuja abordagem ao sistema FRIC é a mais complexa do paddock e singularmente benéfica, na excelente relação que produz com os pneus Pirelli. Os jornalistas Bianca Garloff e Ralf Bach afirmam que o retirar do FRIC do W05 pode resultar numa perda de até cinco décimos de segundo por volta para Hamilton e Rosberg.
«Não muda muito», Lauda
Niki Lauda, director da Mercedes, afirmou porém que a remoção do sistema não afectará muito o desempenho dos seus monolugares, mas o austríaco fez questão de apontar o dedo à FIA: «É preciso que nos perguntemos por que é que um sistema que foi legal durante um ano e meio é de repente banido (...) Todas as inspecões técnicas ocorreram sem objecções».
«É difícil perceber por que é que de repente [a FIA] mudou de perspectiva.», Lauda
De facto, a surpreendente intervenção da FIA neste assunto veio levantar suspeitas de que a federação estará a tentar tornar a Fórmula 1 artificialmente mais competitiva, ao visar especialmente a Mercedes, líder indisputada do campeonato de 2014, até ao momento. Recorde-se que o sistema FRIC já é usado por algumas equipas desde que a Lotus, então ainda com o nome Renault, primeiramente introduziu o conceito em 2008.
Equipas dos dois lados da barricada
Se a Mercedes e também a Red Bull são duas das maiores prejudicadas pela exclusão do sistema, com a equipa alemã especialmente prejudicada, o ganho para os perseguidores é claro. Sabe-se, aliás, que nos últimos meses tem sido grande a pressão da McLaren, Ferrari e Caterham sobre os órgãos que governam a modalidade, no sentido de abolir as vantagens do sistema FRIC.
O grande debate no paddock deve-se à alteração na tomada de posição da FIA, que desde 2008 sempre aceitou a utilização deste género de suspensão. Helmut Marko, consultor da Red Bull, queixou-se do comportamento da FIA, dizendo que já em «anos recentes tivémos frequentemente de refazer algo que antes havia sido declarado legal». Lauda também insistiu neste ponto, deixando claro que deve ser tomada uma posição precisa e sem margem para dúvidas: «Não queremos investir nada mais em algo que vai contra as regras. Queremos saber se é legal ou ilegal.»