Já se sabe que a vida das equipas pequenas é complicada. Tentar arranjar dinheiro para fazer um carro minimamente competitivo, arranjar um line up equilibrado que permita obter dinheiro e bons resultados se possível e evoluir cirurgicamente partes do carro que irão de facto fazer a diferença.

Não se pode pensar em grande. Tem de se pensar passo a passo. E a Marussia tem conseguido levar a água ao seu moinho com uma estratégia pragmática mas eficaz. A equipa tem um orçamento reduzido, o carro é simples sem grandes inovações, mas equilibrado o suficiente para permitir prestações positivas, as poucas evoluções que tem sido implementadas têm resultado e acima de tudo tem a confirmação que todos queriam saber… afinal o piloto ainda faz a diferença.

As expectativas iniciais e o ponto de viragem no Mónaco

O ano da Marussia começou com a expectativa do costume. A luta pela Caterham pelo 10º lugar iria ser mais uma vez o prato forte, com a equipa de Tony Fernandes a atacar forte. Restava à Marussia “fazer o seu jogo”, sem preocupações ou precipitações. E desde o inicio a equipa lutou de igual para igual com armas diferentes. A Caterham apresentava um investimento forte e um reforço de peso… Kobayashi é sinónimo de qualidade.


As primeiras rondas foram pautadas pelo equilíbrio. Caterham e Marussia digladiavam pela melhor posição possível e os melhores homens evidenciavam-se. A luta Kobayashi - Bianchi tornava-se interessante de seguir. Mas veio a corrida do Mónaco e tudo mudou.

Numa corrida louca, daquelas que prende o fãs à TV e nada nem ninguém faria mudar de canal, a Marussia conseguiu algo histórico… Os primeiros pontos na F1. Pela mão do inevitável Bianchi é claro. A partir dai a equipa ganhou força e melhorou, a Caterham desmoronou e entretanto já passou por um processo de venda, sendo agora posse de um grupo de investidores pouco claro, com a cara mais conhecida a ser de Christijan Albers.

Desde o Mónaco que a Marussia tem ficado consecutivamente à frente da Caterham, exceptuando o Canadá, em que ambos os Marussia se envolveram num acidente que levou a desistência dos dois pilotos.

Chega a esta fase do campeonato em 9º, à frente de uma Sauber perdida e sem forma de melhorar a performance. Quem diria! A Marussia à frente de uma das equipas históricas da F1. Os 2 pontos assegurados no Principado, juntando com as prestações regulares de Bianchi permitem à equipa estar neste surpreendente lugar e até almejar manter posição.

Os Pilotos: um piloto de fim de tabela e uma futura estrela

Max Chilton é daqueles pilotos pelo qual ninguém vai morrer de amores. É um piloto sem grande talento, que pauta a sua condução pela regularidade, sem errar muito. Mas está claro que não é piloto para estas andanças. Poderá ter um futuro interessante noutras categorias, mas na F1 nunca se conseguirá distinguir. No entanto traz dinheiro à equipa, não fica muito caro em peças, pois erra pouco e esporadicamente consegue um resultado positivo. Não se espera mais de Chilton. Começou até melhor que o companheiro de equipa, mas era uma questão de tempo até ser relegado para o lugar onde está agora. Ainda assim uma época positiva.

Jules Bianchi é um piloto excelente e tem tudo para ser um dos grandes nomes do futuro. No ano passado foi ele o responsável pelo 10º lugar da equipa e este ano não perdeu o estatuto de "abono de família" da equipa. Os primeiro pontos e logo no circuito do Mónaco, são um prémio mais que merecido pelo talento e pela forma como tem evoluído.

Este ano tem sido em grande para o francês, que vê a sua qualidade cada vez mais reconhecida. E já teve hipótese de pilotar um Ferrari. Kimi lesionou-se no acidente de Silverstone e Bianchi foi chamado à "sua casa mãe" para assumir o F14T. E não fez por menos. Marcou o melhor tempo da sessão e colocou o Ferrari pela 1ª vez no topo da tabela. Será um presságio? O que é certo é que a Ferrari tem um diamante em bruto e assim que tiver uma vaga deverá vestir o francês de vermelho. É um dos talentos mais empolgantes do grid. E não deverá desiludir. Ele que tem mostrado a diferença rendimento entre um piloto mediando e um verdadeiro piloto, com o mesmo carro. Graças a Bianchi temos a prova “científica” que o piloto tem ainda muita importância.

O que esperar do futuro?

Para o futuro a curto prazo espera-se que a equipa tente manter o 9º lugar, o que poderá significar um encaixe extra no final do ano, com os prémios atribuídos às equipas. O grande problema é o futuro a médio prazo. A equipa tem evoluído de forma sustentada é certo, mas de forma algo lenta. E tem vivido do talento de Bianchi que não tarda irá sair para enfrentar outros voos, mais condizentes com a sua valia. Estará a equipa preparada para perder o piloto? Terá capacidade para dar o passo em frente e consolidar a sua posição na F1?

É tudo uma incógnita ainda mas este ano parece bem encaminhado. O objectivo do 10º lugar estará em principio assegurado e o 9º dependerá muito de como a Sauber responder nesta 2ª metade, mas por agora as prespectivas são positivas. A Marussia tem motivos para sorrir.