O histórico Boavista viu-se de novo na possibilidade de ascender ao escalão máximo do futebol português e não se fez rogado: a anulação da decisão judicial do caso «Apito Final» permitiu aos boavisteiros voltar às lides da principal liga lusa e a instituição fez todos os esforços possíveis para tornar isso realidade.

Apesar de mergulhado num endividamento significativo e de militar no modesto Campeonato Nacional de Séniores, o Boavista viu nesta janela de oportunidade uma via para o ressurgimento no maior panorama do futebol nacional - investiu em cima da dívida (calculada em cerca de 50 milhões de euros) e construiu, em tempo recorde, um plantel apto para disputar a manutenção, objectivo primordial e...vital.

A estonteante subida, do Campeonato Nacional de Séniores para a I Liga, além de vertiginosa foi logicamente anormal - é para se manter uma graduação qualitativa que existem divisões e, obviamente, este Boavista dificilmente seria capaz de «queimar etapas» qualitativas conseguindo ainda assim estar apto para debater-se com os mais poderosos.

Com uma subida artificial e sem o desenvolvimento experiencial próprio das subidas a pulso (dos jogos, dos golos, das defesas, enfim, do jogo jogado), é tão somente expectável que a equipa orientada por Petit caia num precipício cujo fim poderá mesmo ser o pântano do endividamento crónico e da insustentabilidade global.

Os três primeiros jogos da Liga são o espelho das dificuldades com que o Boavista se deparará durante a época toda: três jogos, três derrotas, oito golos sofridos e nenhum marcado. O cenário da despromoção é real e o Boavista está na frente no que à concretização dessa fatalidade diz respeito.

Caso tal aconteça, a perda de verbas (patrocinadores e receitas televisivas) poderá empurrar este Boavista para o fundo...de novo. Com uma agravante - ressuscitar à segunda vez é bem mais complicado...