Tudo indicava para que a aquisição do Valência estivesse praticamente concluída e os moldes da operação definidos mas o arrastamento da finalização do negócio, entre Peter Lim e o banco Bankia, degradou significativamente as possibilidades de uma concretização. Rumores vindos de Espanha dão contam do esfriar de interesse do empresário Lim no clube «che», orientado por Nuno Espírito Santo.

Ora, caso o magnata de Singapura deixe cair o investimento programado no Valência, devido aos adiamentos no processo negocial (que visa apresentar garantias de saneamento financeiro planeado ao banco em causa, que detém a grande maioria da dívida do Valência), vários casos desportivos ficarão pendentes: André Gomes e Rodrigo são os exemplos mais imediatos.

Os dois jogadores, comprados ao Benfica em Janeiro pela Meriton Capital, fundo de investimento de Peter Lim, actuam actualmente no clube presidido por Di Salvo devido ao aval do empresário milionário, já que os passes de ambos não estão ainda vinculados, de nenhum modo, ao clube espanhol - disso é prova o facto de estarem emprestados pelo Benfica.

«Sei que pertenço à Meriton, mas não sei o que se passa entre o Valência e Peter. Todos no Valência querem que o Peter assuma. Estou à espera porque necessito de saber o meu futuro», afirmou André Gomes, revelando desconforto sobre a indefinição do negócio que implica, por arrasto, a indefinição do seu futuro. «Por agora não nos preocupa, mas é importante porque pode determinar se estamos por empréstimo ou se somos do Valência», explicou, ontem.

Caso a compra não se concretize, o próprio projecto valenciano desenhado por Lim e Di Salvo (onde Espírito Santo é peça-chave) pode ruir com a naturalidade típica de um castelo que, afinal feito de cartas, se desmancha perante a negação da condição essencial, neste caso, a compra do clube.