Já não é só a continuação na Liga dos Campeões que está em causa. A recepção do Benfica, esta terça-feira, aos franceses do Monaco é, tão somente, vital para as aspirações encarnadas nas provas europeias. Afinal de contas, depois de um empate e duas derrotas nas três primeiras jornadas, o clube da Luz tem mesmo que ganhar para se recolocar na rota europeia. É que até seguir para a Liga Europa está bem difícil.

Recorrendo à calculadora, as contas até são fáceis de fazer. O Benfica segue em último lugar, com apenas um ponto, fruto de um único empate, precisamente no terreno dos monegascos. Uma vitória hoje abriria as portas, para já da Liga Europa, colocando os encarnados em igualdade pontual com os franceses mas em vantagem no confronto directo. E deixaria ainda entreaberta a possibilidade de uma continuação na prova milionária, embora a tarefa não se afigure fácil. Perder é que seria, quase garantidamente, a morte do artista.

Benfica de Jesus em último na Champions (Foto: Getty/uefa.com)

Golos não é com eles

O jogo da primeira volta, no Estádio Louis II, talvez tenha sido um ensaio para o que se espera esta terça, na Luz. O cinzento empate a zero espelha um pouco aquilo que se tem visto das duas equipas.

É que de um lado estará um dos piores ataques da prova, o Benfica, com um único golo marcado na prova, autoria de ‘Toto’ Salvio, em Leverkusen. Já os monegascos têm sido destaque, pela positiva, quando toca a defender: três jogos, zero golos sofridos! Atacar é que também não parece ser com eles, visto que seguem também com um único golo marcado, por João Moutinho, quando bateram em casa o Bayer Leverkusen.

Golo de Moutinho (Foto: Skysports)

Benfica de Jorge Jesus chegou sempre aos quartos de uma competição europeia

Desde a chegada de Jorge Jesus aos encarnados, na época 2009-2010, nunca o Benfica ficou fora da Europa antes do Natal. Ainda assim, algumas das principais críticas apontadas às épocas em questão incidem, precisamente, nas prestações europeias. Isto porque em quatro participações na Liga dos Campeões (na primeira temporada disputou apenas a Liga Europa), o Benfica de Jesus apenas por uma vez ultrapassou a fase de grupos da prova milionária: na época 2011-2012, quando caiu nos quartos de final frente ao Chelsea, futuro campeão europeu.

Benfica x Chelsea nos quartos da Champions (Foto: Reuters)

De resto, este Benfica tem prestações opostas nas piscinas de grandes e pequenos, visto que na Liga Europa os desempenhos têm sido muito dignos: quatro participações (três deles, vindo da Champions), uns quartos de final (batido pelo Liverpool), uma meia final (perdida frente ao Braga) e duas finais (ambas perdidas, contra Chelsea e Sevilha). Não ganhar ao Mónaco aproximará, assim, o Benfica da sua pior prestação europeia da era Jorge Jesus.

Jardel de regresso ao eixo da defesa

Não é fácil, por estes dias, adivinhar o onze que Jorge Jesus apresentará no próximo jogo. Uma certeza é a ausência de Lisandro Lopez, central argentino que viu duplo amarelo na ida a França. Jardel, convocado, deverá assim regressar ao eixo defensivo, retomando a dupla com Luisão. Também na esquerda está confirmada a ausência de Eliseu. E aqui deve estar o grande dilema na cabeça do técnico encarnado. No último encontro, foi André Almeida quem ali jogou mas o polivalente jogador é também uma hipótese para o lugar mais recuado do meio campo. Se Almeida surgir na esquerda da defesa, Samaris ou Talisca farão dupla no meio-campo com Enzo Pérez. Mas se for o escolhido para fazer par com o internacional argentino, poderá ser o suíço Loris Benito a ter uma oportunidade na esquerda.

Quem também não estará disponível é Jonas. O avançado brasileiro, como se sabe, chegou já depois de encerradas as inscrições europeias e não entra nas contas. Lima deve manter lugar no ataque, restando dúvidas sobre quem o acompanhará, no célebre 4-4-2 de Jesus. Talisca parece estar na frente de uma corrida onde também se tem que colocar Derley.

Monaco sem Berbatov e com ataque mais móvel

Em relação à equipa comandada por Leonardo Jardim, uma ausência de relevo face ao apresentado há duas semanas. O búlgaro Dimitar Berbatov, a contas com uma lesão, não é opção. O jovem Anthony Martial deverá ser o escolhido para a posição mais adiantada do 4-3-3 de Leonardo Jardim, num ataque móvel composto ainda por Lucas Ocampos (recuperado de lesão) e Ferreira-Carrasco.

O meio campo monegasco é talvez o seu sector mais forte e aí sobram poucas dúvidas sobre o trio a ser lançado por Jardim. A experiência de Toulalan e o vigor de Kondogbia dão resguardo defensivo a um João Moutinho que aparece nos monegascos quase como um ‘10’. Na defesa, Ricardo Carvalho deverá voltar a liderar um quarteto composto ainda por Raggi, Fabinho e Kurzawa (ou Elderson).

Bernardo Silva pode estrear-se em jogos na Luz… mas não com a camisola que sempre sonhou

Curiosidade para ver também Bernardo Silva. O jovem internacional sub-21 tem ganho lugar aos poucos no clube do Principado e já é uma das figuras das esperanças portugueses mas, como se sabe, nunca foi aposta efectiva de Jorge Jesus. Na temporada passada, o médio criativo ainda teve um par de oportunidades mas sempre fora da Luz (Em Cinfães, no Restelo contra o Gil Vicente e até no Dragão).

Assim, se Leonardo Jardim decidir lançar Bernardo no jogo (a titular - onde poderá aparecer descaído numa das linhas, no lugar de Ocampos ou Ferreira Carrasco - ou durante o jogo), será a estreia do jovem esquerdino num estádio onde terá certamente imaginado estrear-se… com a camisola encarnada e de águia ao peito.

Onzes prováveis: