Minuto 87, clamor unívoco de um estádio em êxtase, esperança da cor leonina, verde vivo e rejúbilo de uma nação sportinguista sedente de afirmação desportiva. Jefferson empurrou, com jeito, a bola para o fundo das redes de Artur Moraes - Alvalade vibrou e o rugido do Leão ecoou até no coração amedrontado do benfiquista. A luta pelo título acendia-se. Mas a chama não passaria de efémera fresta de luz abafada, sete minutos depois, pelo golo de Jardel.

A era glaciar abateu-se pelas bancadas, como uma epidemia letal. A desmotivação arrefeceu a esperança e o empate tardio do Benfica soube a uma derrota retumbante, dadas as circunstâncias do «derby» de Alvalade. O Sporting não escondia as suas mazelas psicológicas, todo o ambiente de frustração, inegável, contribuiria, naturalmente, para dificultar a tarefa leonina na deslocação a Belém, na jornada seguinte.

No segundo «derby» lisboeta consecutivo, o Sporting estancou perante o Belenenses e viu, por entre erros não forçados e falhas de eficácia, o campeonato fugir completamente. Novo empate 1-1, agora com um desfecho em que os protagonistas se viraram do avesso: no Restelo, foi o Sporting a salvar-se da derrota nos segundos finais. Mas, à semelhança do que se passara na jornada anterior, o empate soube, novamente, a derrota - o Sporting vê o líder a 9 pontos.

Quatro pontos perdidos em duas jornadas, terreno perdido para o segundo classificado FC Porto (5 pontos ameaçam ser distância a mais...) e o topo da tabela tornado em miragem. O Sporting, que esteve a segundos de concretizar a mais contundente afirmação de candidatura ao título (diante do campeão), encontra-se agora diluído na sua própria melancolia, sem fulgor psicológico, e cada vez mais distante do acesso directo à Liga dos Campeões - a deslocação ao Dragão aproxima-se...