Nasser al Khater é um dos homens fortes da organização do Mundial Qatar 2022. É o director-executivo da sede do Qatar e porta-voz das autoridades do pais do Médio Oriente que começa a planear o Campeonato do Mundo. No Verão ou no Inverno? É a grande questão: no dia 24 de Fevereiro pode haver uma decisão final. A entrevista foi dada ao jornal desportivo Marca neste mês de Fevereiro, em Doha, ao jornalista Juan Castro.
Marca - Que oferece o Qatar 2022 ao mundo?
Será um Mundial único. A nossa localizacão geográfica é sensacional: a cinco sete horas de avião de muitos pontos do mundo. Para as televisões, teremos um bom fuso horário e os adeptos apreciarão a nossa proximidade . Em 50 quilómetros ao redor estarão todos os estádios. Pode-se dormir num mesmo sitio durante todo o Mundial.
Marca - As equipas vão de certo agradecer...
Para os treinadores é ideal: poder dormir num sitio sem necessidade de aviões. Ganha-se tempo para treinar, no caso dos jogadores, e para divertirem-se, no caso dos fans. Estes podem ver quantas partidas quiserem, não apenas do seu país.
Marca - Ponderam lotar os estádios no Mundial?
Estamos a menos de uma hora dos Emirados Árabes, Omán, Bahréin e Arábia Saudita . É uma população potencial de 50 milhões de habitantes, não podemos contar só com a do Qatar.
Marca - Que legado pensam deixar quando acabar o Mundial?
As infra-estruturas que beneficiem o país, o metro entre elas. E logo os estádios. Antes de os fazer perguntámos às comunidades vizinhas o que necessitavam. Fomos de casa em casa perguntar. Se necessitam parques, fizémos; se necessitam um hotel de negócios ou uma escola, fizémos. Os estádios, posteriormente, passarão para mãos de clubes locais e podem ser reutilizados para piscinas ou alguma outra infra-estrutura desportiva que se necessite.
Marca - A imagem que o Qatar tem é de um país com dinheiro, mas sem alma para o futebol. Como lutarão contra isso?
Temos melhorado muito o nosso nivel. Ganhámos a Taça da Ásia juvenil em 2014 e a Aspire, a nossa academia, está a fazer um grande trabalho. Somos um país jovem, mas com vontade de melhorar. Há muitos naturais do Qatar a jogar nas equipas B de clubes europeus e isso também é novo.
Marca - De que forma afecta a organização do Qatar 2022 se houver novo presidente da FIFA em Maio?
Seguiremos em frente com o nosso projecto. Não nos afecta em nada.
Marca - Que tem a dizer sobre o relatório Garcia (Investigação da atribuição das organizações dos Mundiais de 2018 e 2022)?
Já levamos dois anos com esse tema. Colaborámos com o senhor Garcia e com a FIFA em tudo. Fomos claros desde o principio. Não nos afecta, seguimos com o nosso projecto.
Marca - Os mídia ingleses criticaram muito a vossa candidatura. Têm razão?
Eu também me pergunto por que o fazem. Não entendo. Desde 2010 que nos criticam. Mas esperamos que se qualifiquem em 2022. Com todo o nosso coração lhes daremos as boas-vindas.
Marca - No Verão ou no Inverno? Quando se jogará?
No Verão podemos demonstrar a todo o mundo a seriedade do nosso compromisso em dotar os estádios, campos de treino e áreas públicas de condições climatéricas adequadas, com as últimas inovações em ar condicionado. Essa tecnologia será logo utilizada em outros países, abriremos uma via no sentido para o futuro, para outros Campeonatos Mundiais e eventos desportivos ou culturais. Não somos o único país em que faz muito calor.
Marca - Mas como se acondiciona um campo ao ar livre?
A tecnologia acondicionadora para grandes estádios é aplicavel também a pequenos espaços. No Qatar temos um estádio (Al Sadd) com ar condicionado para 15.000 espectadores.
Marca - Preferem no verão?
Não disse isso. No inverno a vantajem é que obviamente haverá melhor clima. E é quando há mais turismo nesta parte do mundo.
Marca - Como pensam parar todo o calendário europeu?
Como é óbvio vai afectar, e é um desafio organizar isso. Mas estou seguro de que, com tempo tudo se pode planear para que as pessoas do futebol fiquem contentes.