Notícias VAVEL

Liga BBVA: Barcelona mais longe, título difícil para Real Madrid

Depois da derrota frente ao Barcelona no último Domingo, as hipóteses de o Real Madrid conquistar o título de campeão Espanhol, que foge desde 2011/2012, torna-se cada vez mais difícil

Liga BBVA: Barcelona mais longe, título difícil para Real Madrid
Foto: Xinhua/Reuters
ffontes93
Por Francisco Fontes

Do início imparável...

Impulsionado pela conquista da Liga dos Campeões em Maio de 2014, o Real Madrid partiu para a época de 2014/2015 como principal favorito para ganhar todas as competições nas quais estava inserido. Uma verdadeira turma de galáticos, com estrelas em todas as posições, seja Casillas na baliza, Ramos na defesa, Kroos no meio campo ou Ronaldo no ataque. A época até nem começou de feição para o Real Madrid, que apesar de ter ganho a Supertaça Europeia frente ao Sevilha, perdeu a Supertaça Espanhola frente ao Atlético de Madrid e apenas somou 3 pontos nas 3 primeiras jornadas do campeonato. No entanto, a partir deste jogo, os Blancos surgiram renovados, somando 22 vitórias seguidas entre Setembro e Dezembro, em jogos oficiais.

Terminado o ano de 2012, os Merengues eram o conjunto mais temível da Europa e tudo apontava para mais uma época coroada com prata no fim. Um ano de 2014 inesquecível, marcado pela conquista da Taça do Rei, Liga dos Campeões, Supertaça Europeia e Campeonato do Mundo de Clubes. Não obstante, o ano de 2015 pareceu trazer uma tempestade e não a continuidade da bonança.

2014 foi um ano de boa memória para todos os Madridistas. (Fonte: UEFA)

... ao abismo em 2015

O ano de 2015 começou da pior forma para a turma de Ancelotti. Uma derrota a abrir frente ao Valência, que apenas parecia um acidente de caminho, acabou por revelar ser a imagem do Madrid de 2015. Depois da derrota frente aos pupilos de Nuno Espírito Santo, seguiu-se a eliminação da Taça do Rei, frente ao suspeito do costume, os Colchoneros de Diego Simeone. A eliminação impedia desde logo a revalidação do título obtido em 2014 mas o Real Madrid pareceu conseguir ultrapassar esta fase menos positiva e seguiram-se 5 vitórias consecutivas em jogos para a Liga, que permitiam aos Madridistas ter uma vantagem confortável para o Barcelona e o Atlético de Madrid.

A meio de Fevereiro, Ronaldo e companhia atingiram o ponto mais baixo no plano desportivo da época, ao serem cilindrados... novamente pelo Atlético. Uma vitória por 4-0 para os de Manzanares que não deixava qualquer dúvida. Para apimentar um pouco mais o clima de poucos amigos que se fazia sentir em Chamartín, no dia da derrota CR7 decidiu festejar o seus 30º aniversário numa comemoração que muita tinta fez correr na imprensa (e ainda faz).

A partir daqui, sempre pairou a dúvida de que o balneário do Real Madrid estava dividido - foram vários os jogadores que exprimiram publicamente o seu desagrado para com esta atitute do actual melhor jogador do mundo. A equipa do Real, no entanto, beneficiou de um calendário fácil e conseguiu ir somando pontos importantes na Liga para manter a distância para o Barcelona, cada vez mais curta. Pelo caminho, conseguiu eliminar um adversário acessível nos oitavos da Champions, o Schalke, mas não convenceu. Na segunda mão e depois de uma vitória por 2-0 fora de portas, o Real ficou a apenas um golo de ser eliminado, tendo perdido o jogo por 4-3. A contestação das bancadas e da comunicação social começou a intensificar-se e parecia que o barco se ia afundar mas foi o próprio Presidente do clube, Florentino Pérez a dar a cara e a proteger o seu treinador, tendo de seguida os jogadores feito o mesmo. À medida que os jogos iam passando, o Madrid ia desperdiçando pontos e quem aproveitava era o rival Catalão.

À entrada para o clássico deste último Domingo, o Real Madrid já se encontrava em segundo lugar, num jogo em que era proíbido perder. Para desgosto dos Madridistas, num jogo em que os campeões europeus até foram melhores, os culés levaram a melhor e venceram por 2-1, deixando os Blancos a 4 pontos da liderança, com 30 pontos para disputar ainda no campeonato.

O golo de Suaréz derrotou o Real no passado Domingo. (Fonte: AS)

As razões do desaire

Em Espanha e um pouco por todo o Mundo parece haver alguma unanimidade sobre as razões desta quebra de produtividade abismal do colosso Merengue. Em primeiro lugar, umas das justificações mais usadas prende-se com o esgotamento físico da equipa de Carlo Ancelotti. Depois de um final de temporada de 2014 em alta rotação e de um Mundial comprido para muitos jogadores, o Real Madrid começou 2014/2015 a todo o gás, como comprava a série de vitórias consecutivas entre Setembro e Dezembro do ano anterior. Os jogadores expremeram muitas das energias que tinham e o rolo compressor do Real Madrid, que proporcionou goleadas atrás de goleadas, deixou a sua marca em muitos jogadores da equipa. Cristiano Ronaldo, por exemplo, teve um arranque de época fulgurante marcando 34 golos até ao fim de Dezembro e desde então "apenas" marcou 10 golos em todas as competições.

Este esgotamento físico deixou marcas também num outro jogador fundamental. Luka Modric ressentiu-se do esforço e esteve parada quase 3 meses, não podendo dar o seu contributo à equipa. O maestro esteve ausente e o jogo do Real Madrid ressentiu-se, sendo menos fluído, incisivo e pressionante. Na sua paragem, Isco assumiu o controlo e o papel de organizador de jogo e embora tenha impressionado em alguns jogos, está longe de ter o papel decisivo de Modric pois ainda não apresenta nesta idade a mesma maturidade e intensidade que o Croata.

Outra razão dada para o desaire dos Madridistas, mas que não parece ter grande cabimento prende-se com a falta de motivação/ambição da equipa. Numa época que estava a correr de feição para os Blancos, parece algo absurdo que entre o fim de ano e o ano novo a equipa tenha perdido a ambição de fazer história e de ser relembrado como uma das equipas mais dominantes e esmagadoras do clube, desde a sua existência.

Que Real Madrid esperar?

Para últimos dois meses e meio da época 2014/2015, podemos esperar um Real Madrid batalhador e que não virará a cara à luta. A dimensão do clube, a exigência dos adeptos e a qualidade dos profissionais que fazem parte deste plantel não deixam prever outra atitude que não a de lutar por todos os títulos possíveis enquanto a matemática o permitir. Todos os elementos do plantel do Real Madrid são de classe mundial e com certeza darão uma resposta à altura dos padrões de exigência dos adeptos e da própria direcção. Por outro lado, a equipa técnica comandada por Carlo Ancelotti é uma das mais experientes e prestigiadas do futebol, contando no seu palmarés com 3 Ligas dos Campeões, Scudettos, um título de campeão de França e por aí fora. Se na Liga Espanhola a tarefa parece mais complicada - o Barcelona atravessa um grande momento de forma e será difícil recuperar os 4 pontos de atraso - o Real continua vivo na Liga dos Campeões.

Para a eliminatória dos quartos de final, a equipa Merengue irá medir forças com o seu rival citadino, o Atlético Madrid. Se a história recente não abona a favor do Real Madrid (3 derrotas e 1 empate este ano) a verdade é que o Real bateu os Colchoneros na final da última edição da prova milionária da UEFA e fará tudo para renovar o título de campeão Europeu. Qualquer que seja o desfecho, cá estaremos em Maio para analisar a época do clube de Cristiano Ronaldo, Pepe e Fábio Coentrão.