A ilha da Madeira não é, de facto, um bom destino para o Dragão jogar em 2014/2015: pela terceira vez esta temporada, o FC Porto deu-se mal numa deslocação à Madeira. O Marítimo voltou a dar uma lição de abnegação e esforço colectivo à turma de Julen Lopetegui, batendo pela segunda vez os azuis-e-brancos nos Barreiros esta temporada. Com o triunfo por 2-1, o Marítimo garante a presença na final da Taça da Liga, onde irá confrontar-se com o Benfica.

Primeira parte teve a emoção toda

O jogo começou com a interessante toada de pressão táctica do Marítimo: bloco relativamente subido, pressão constante ao portador da bola portista e boa disponibilidade técnica para ter a bola no pé enquanto se pensavam as jogadas de ataque. Assim duraram os primeiros 20 minutos de jogo, pautados por um apetecível equilíbrio entre Marítimo e Porto. Rúben Ferreira mostrava-se como o mais perigoso lançador de ataque - os seus cruzamentos levavam sempre veneno e a direcção correcta; Marega, servido pelo canhoto, quase maracava de cabeça à passagem do minuto 12.

Na barricada portista, era o extremo Hernâni quem mais disparava: sempre afoito, em busca do espaço, o ex-vimaranense surgiu várias vezes num um-contra-um com Bauer, semeando o perigo pela relva da área maritimista. O Porto, apoiado no critério técnico de Óliver Torres e na magia de Quaresma, tentava solicitar as entradas furtivas de Hernâni e o instinto matador de Aboubakar - mas cedo se foi percebendo que o quarteto estava em noite desinspirada e que o sector defensivo do Marítimo se apercebia disso, ganhando confiança para anular as ameaças (parcas) que amiúde surgiam.

Mas, sem que se justicasse plenamente, o FC Porto descobriu forma de marcar primeiro. Aos 32 minutos de jogo, um canto aparentemente inofensivo transformou-se num autêntico fuzilamento do guarda-redes Salin - Evandro, de primeira, disparou um míssil que deixou o «keeper» francês atordoado. Mas o golo portista não intimidaria a formação de Ivo Vieira, que, cinco minutos depois, viria a beneficiar de um erro de Ricardo Pereira, na área de rigor. Rasteira sobre Xavier, punição fatal que Bruno Gallo se encarregou de executar, empatando a contenda em cima do minuto 45.

Danilo Pereira e Xavier destacaram-se, Brahimi e Tello não agitaram o Marítimo

O intervalo chegou com o Marítimo na frente do marcador e com exibições positivas de Danilo Pereira, Rúben Ferreira e Xavier, este último destacando-se pela velocidade, inquietude e capacidade de providenciar acutilância ao ataque insular. A segunda parte começou e, em vez de anunciar uma entrada de Dragão do Porto, mostrou uma caricatura do mesmo - sem inteligência técnica para ludibriar o esquema defensivo do Marítimo, o Porto foi vendo os minutos esfumarem-se no Caldeirão. 

Com Quaresma sem faísca de magia e com Óliver longe do envolvimento táctico requerido, muito por culpa da patrulha de meio-campo liderada pelo omnipresente trinco Danilo Pereira, o Porto precisou de chamar os reforços de urgência, Cristian Tello e Brahimi. Mas, para infelicidade portista, nem um nem outro agitaram com o jogo, dominado pelo natural calculismo do Marítimo, que durante a segunda parte limitou-se a segurar os atabalhoados ímpetos do Dragão.

O jogo terminou sem alterações no resultado construído pelas duas equipas na primeira parte, sendo a festa feita pelos «Leões da Madeira», que assim bateram o FC Porto pela segunda vez esta temporada. Se na jornada 18 da Liga NOS o Marítimo marcou primeiro e depois se encolheu qual tartaruga amedrontada, aguentando a vitória muito por causa da ineficácia portista, agora, o Marítimo deu uma lição de bravura ao adversário, batendo-se com categoria e anulando as estratégias ofensivas de Lopetegui.