Fora da Taça de Portugal, da Taça da Liga e mais recentemente da Liga dos Campeões, o Porto de Lopetuegui encara o clássico de domingo frente aos encarnados como sendo a tábua de salvação de uma temporada que se previa de sucesso mas que se tem vindo a tornar uma desilusão. Para Jackson e companhia jogar no Estádio da Luz só por si já é um duro desafio, mas entrar em campo depois de uma tragédia de 6 bolas a uma fragiliza qualquer atleta. Perante isto, o Benfica parece ganhar vantagem física e mental para o clássico que se espera um dos melhores da última década.

Desastre na Alemanha pesará no psicológico azul e branco?

Com um plantel recheado de estrelas e considerado pelos portistas como sendo o melhor dos últimos 30 anos, o Porto chega ao mês de abril a lutar apenas por um troféu, a liga NOS. Eliminado precocemente da Taça de Portugal diante o Sporting e mais tarde da Taça da Liga frente ao Marítimo, os dragões apostavam tudo na Liga dos Campeões e no Campeonato, mas o sonho deu rapidamente lugar ao pesadelo com o desastre sofrido na passada 3a feira frente ao Bayern. Depois de uma vantagem de 3-1 da primeira mão, os invictos entraram apáticos em Munique, acabando por ser massacrados por 6 tiros a 1.

As meias-finais da Champions para os portistas não passam de uma miragem e resta agora avaliar o estado anímico e psicológico dos comandados de Lopetuegui para defrontarem o tranquilo e confortável Benfica de Jesus. Sofrer uma goleada tão arrasadora deixará marcas profundas na equipa, uma vez que o Porto se encontra em 2º lugar, a três pontos dos rivais, mas com a agravante de ter de vencer na luz por 2 golos de diferença. O que, perante um Benfica que marca na Luz há 92 partidas consecutivas, parece um tarefa complicada. Caso o Porto tivesse eliminado o Bayern poderia entrar em campo no Clássico da Luz com maior confiança, atenuando até a fadiga física que se poderia sentir com o passar dos minutos. A forma como o treinador passará a mensagem de motivação poderá ser decisiva, uma vez que os jogadores azuis e brancos poderão acusar a pressão de ter obrigatoriamente de vencer. Resta o Campeonato para salvar a época depois de tanta euforia com a aquisição de várias estrelas para compor o plantel.

Se por um lado o factor psicológico decorrente da derrota na Alemanha poderá ter interferência no entendimento da equipa, não podemos ignorar que quem ganha com esta situação é o Benfica que apresentará o seu melhor onze, com índices físicos máximos e com a tranquilidade de estar em primeiro, podendo jogar na expectativa de os portistas errarem. Cabe ao Porto controlar as emoções e focar-se no cariz motivacional de poder igualar o Benfica na tabela, tendo sempre em conta que não é fácil reagir a goleadas, mas no futebol distinguem-se as grandes equipas pela capacidade ou não de reagir, mostrando ou não a grandeza que têm.

Para contornar as fragilidades  anímicas e físicas o papel de Julen Lopetegui para motivar o plantel é fundamental. Para este efeito, o técnico terá o contributo do chefe máximo azul e branco Pinto da Costa, e em conjunto irão passar a ideia aos jogadores de que a grandeza e prestígio do FC Porto exigem uma reação positiva a qualquer que seja a adversidade. A audácia de encarar o jogo de domingo sem pensar no Bayern será fundamental para mudar o ship dos jogadores, que deverão assumir o encontro como sendo crucial para de uma vez por todas justificar a tão falada qualidade extra do plantel azul e branco.

Outro factor a favor é o regresso de Danilo e Alex Sandro, que com certeza trarão confiança e rigor na defesa e nos balanceamentos para o ataque. A motivação destes jogadores poderá ser essencial uma vez que não tendo estado presentes em Munique quererão indiscutivelmente vingar a equipa já frente ao Benfica. Sendo dois jogadores habituados aos clássicos decisivos, Danilo e Alex Sandro poderão transmitir  a tranquilidade e o rigor necessário para levar de vencida um Benfica que se encontra forte, sólido e bem orientado.

Em suma, resta concluir que o factor psicológico é cada vez mais importante no futebol actual e que, se por um lado temos um FC Porto expectavelmente frágil mentalmente e um Benfica tranquilo, por outro é fundamental observar a grandeza de cada um dos rivais para se superiorizarem um ao outro, cabendo aos treinadores a função de motivar, orientar e incentivar os jogadores para o clássico dos clássicos, o clássico do título ou simplesmente o clássico do futebol português...