E no fim ganha a Alemanha

A frase é de Gary Lineker, avançado inglês dos anos 80 e 90. Uma declaração famosa e que retrata o poderio do futebol germânico na altura. A verdade é que o ínicio do século XXI fez soar o alarme em solo germânico, no que ao seu futebol diz respeito. As fracas exibições nos mundiais de 1994 e 1998, juntamente com a eliminação precoce no Campeonato da Europa de 2000 deu início a um processo de renovação da equipa alemã, e que já vem dando os seus frutos.

O culminar deste processo deu-se precisamente há dois anos atrás, quando a Mannschaft conquistou o seu quarto título mundial. Com uma forte economia no fundo, o campeonato alemão sofreu um desenvolvimento exponencial, algo que trouxe consigo o crescimento e surgimento de novos valores do futebol germânico e que, através da doutrina alemã de todos conhecida, alcançaram o estrelato actual.

Em busca do tetra

A Alemanha é a selecção com mais títulos europeus conquistados (três), apenas seguidos de perto por França e Espanha, cada uma com dois europeus no seu palmarés. A primeira conquista germânica deu-se em 1972. Num Campeonato da Europa jogado na Bélgica, e com uma equipa que se sagraria campeã do mundo dois anos depois, a denominada República Federal Alemã conquistou o seu primeiro troféu europeu, muito devido à liderança de Franz Beckenbauer e aos golos do "Bombardeiro" Gerd Müller.

Foto: uefa.com

Em 1980 a história era diferente, a UEFA renovou o formato da competição, dividindo as equipas em dois grupos. Apesar disso, os alemães não tiveram grandes problemas em chegar à final. Já sem as grandes figuras do passado, o foco estava agora em jogadores como Karl-Heinz Rummenigge ou o jovem Bernd Schuster. Numa final emocionante, a equipa germânica derrotou a Bélgica por 2-1, com dois golos do desconhecido Horst Hrubesch, o último dos quais a dois minutos do final.

Só três europeus depois é que a Alemanha voltou a levantar o troféu. Em 1996 a competição jogou-se em Inglaterra, e que melhor local para os alemães conquistarem novo troféu? Para tal, a Mannschaft teve de eliminar os anfitriões, nas meias-finais, através da lotaria dos penaltys, acabando por vencer na final a surpreendente República Checa. Mesmo após se encontrar a perder por 1-0, os alemães deram a volta ao resultado, garantindo novo título europeu já no prolongamento, e graças a um "golo de ouro" de Oliver Bierhoff.

Apuramento suficiente

Na fase de apuramento para o Campeonato da Europa de 2016, a Alemanha ficou no grupo D, juntamente com Polónia, Ucrânia, Irlanda, Escócia, Geórgia e Gibraltar. Com este elenco, seria de esperar um percurso tranquilo para os germânicos rumo a França. Apesar de não ter sido um apuramento sofrido, a verdade é que também tal não foi alcançado com a tranquilidade esperada.

Depois de uma vitória inicial diante da Escócia, a Mannschaft passou por um momento invulgar, somando dois jogos sem vencer (derrota na Polónia e empate caseiro com a Irlanda). Após ultrapassar facilmente as selecções da Geórgia e de Gibraltar, esta última por duas vezes, os germânicos conseguiram duas importantes vitórias diante de Polónia e Escócia.

O apuramento poderia ter sido garantido na jornada seguinte, mas a Irlanda impôs-se em casa e derrotou os campeões do mundo por 2-1, adiando assim a festa germânica. O carimbo final do passaporte só seria alcançado no último jogo, após uma inesperadamente difícil vitória diante da Geórgia. No final, a Alemanha venceu o grupo, mas apenas com mais um ponto que a Polónia, e quatro que a Irlanda, segundo e terceiro classificados respectivamente.

A constelação

Numa equipa com o poderio da Alemanha é totalmente impossível distinguir uma individualidade que se sobressaia. Da baliza ao ataque, o seleccionador Joachim Löw tem ao seu dispor um rol invejável de soluções; para além disso, o técnico germânico tem conseguido, através da qualidade individual dos seus jogadores, criar um colectivo poderosíssimo. Assim, a Alemanha é nesta altura, sem qualquer sombra de dúvidas, o principal favorito...e alvo a abater.